Governo recua, mercado celebra, a bolsa sobe e o dólar cai

Investidores gostaram do que disse o ministro Rui Costa, negando mudanças nas reformas Trabalhista e da Previdência. Preço do petróleo segue caindo. Não haverá moeda única no Mercosul.

Legenda: No mercado internacional, o preço do petróleo continua caindo. Ontem, o barril foi vendido por menos de US$ 80
Foto: Alexandre Brum

Festa na Bolsa de Valores brasileira B3. Ontem, ela voltou a operar em alta, e uma alta forte, de 2,19%, chegando aos 107.641 pontos. O dólar caiu 1,85%, fechando o dia cotado a R$ 5,36.

Mesmo com a alta de ontem e do dia anterior, a Bolsa está em baixa de 1,91% nesta semana, mas ela poderá recuperar-se hoje se forem boas as notícias da política. Nesta sexta-feira, o presidente Lula reúne, pela primeira vez, o seu ministério.

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Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam em queda, repercutindo os números do emprego no país, que segue em alta. Em dezembro, foram criadas 235 mil novas vagas, bem acima das 153 mil que o mercado esperava. Isto quer dizer que a economia norte-americana segue aquecida, o que põe a inflação, que já é alta, superior a 8%, na curva ascendente. Isto poderá levar o Federal Reserve, o Banco Central de lá, a subir de novo as taxas de juros.

Aqui no Brasil, o que o mercado levou em consideração no dia de ontem foram as declarações do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do futuro presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que acalmaram os investidores. 

Rui Costa desmentiu o que seu colega da Previdência, Carlos Lupi, dissera na véspera anunciando que havia mudança na Reforma da Previdência, que ele chamou de antirreforma. Rui Costa também desmentiu que o governo faria mudança na Reforma Trabalhista. 

Além disso, Jean Paul Prates esclareceu que a política de preços da Petrobras, de paridade com os preços internacionais do petróleo, deverá ser mantida.

Mas é preciso entender que tudo isso é um jogo político. Neste momento, ou seja, nestes primeiros três meses de governo, seria insensatez qualquer anúncio de mudança nas reformas previdenciária e trabalhista e, também, na política de preços da Petrobras. 

O governo do presidente Lula prometeu, durante a campanha que o elegeu, que faria mudanças nas duas reformas e que a política de preços da Petrobras também mudaria. Só que isto não se fará agora, primeiro porque mudar as reformas exigirá negociação com o futuro Congresso Nacional, que só tomará posse no dia 1º de fevereiro. Segundo, porque o preço internacional do petróleo segue caindo e ontem chegou a ser negociado a menos de UD$ 80. 

Ao tomar posse do Ministério do Planejamento, a ministra Simone Tebet, do MDB, pronunciou uma frase que repercutiu bem no mercado, mas não tão bem assim no Palácio do Planalto. Ela disse que vai incluir o brasileiro no Orçamento da União, “mas com responsabilidade fiscal”. Até onde sabemos, todos responsabilidade fiscal significa manter em ordem as contas públicas, e para isto é necessário controlar os gastos do governo.

Há um déficit primário, isto é, sem incluir as despesas com os juros da dívida, da ordem de R$ 220 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que reduzirá esse déficit, para o que fará cortes no Orçamento, com o que animou o mercado, que há dois dias vem mantendo em alta os pregões da Bolsa de Valores B3. 

No pregão de ontem as ações das empresas aéreas Azul e Gol tiveram alta forte como consequência da queda do dólar. Os papeis da Azul subiram 9,38%, enquanto os da Gol, 7,46%.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou ontem que o governo do presidente Lula esteja estudando a criação de uma moeda única para o comércio nos países do Mercosul. “Não existe essa ideia”, disse, irritado, o ministro, falando aos jornalistas. 

No dia anterior, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, dissera aos mesmos jornalistas que debatera com o ministro Haddad a criação dessa moeda única. 

Na conversa com os jornalistas, o argentino Scioli explicou que a moeda única seria usada apenas nas trocas comerciais, ou seja, nas exportações e importações entre os países do Mercosul, que manteriam suas próprias moedas, como o real brasileiro e o peso argentino, por exemplo. 

Há poucos meses, o ministro Haddad escreveu um artigo em que sugeriu a criação dessa moeda única. E o ex-ministro da Economia Paulo Guedes também já se manifestou a favor dessa moeda única.

Para concluir: Os postos de gasolina de Fortaleza estão mantendo bem alto o preço da gasolina, que foram majorados antes do réveillon. 

O Ministério da Justiça está iniciou uma investigação em outros estados ´para apurar as causas desse aumento, que foi autorizado por ninguém.