Está em Fortaleza uma das maiores autoridades brasileiras em pecuária, o agrônomo e pesquisador Paulo Martins, que foi o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite e é professor da Universidade Federal de Juiz de Fora.
A convite da Federação da Agricultura do Ceará (Faec), ele elaborará as diretrizes técnicas e tecnológicas do plano estratégico da entidade, cuja meta é, nos proximos10 anos, dobrar a produção cearense de leite, que saltará dos atuais 1 bilhão de litros/ano para 2 bilhões de litros/ano.
Ontem, ele passou o dia reunido com o presidente da Faec, Amílcar Silveira, e com o consultor Carlos Matos, tratando sobre o trabalho que desenvolverá. Martins visitará algumas fazendas de produção de leite no interior do Ceará, incluindo, também, as pequeno porte. Ele, porém, está bem-informado sobre o setor neste estado.
“Estamos numa fase exploratória, muito promissora, discutindo em profundidade o futuro da pecuária leiteira do Ceará, que tem uma característica que considero importante: há, aqui, mais consumidores do que leite, e isto cria um estímulo natural para que possamos criar emprego e renda, considerando a chance de aumentarmos a produção e a produtividade de quem atua nessa atividade no estado. Estamos discutindo as alterativas e possibilidades, do que pode ser feito em políticas públicas.
Ele segue com a palavra:
"Pretendemos envolver todo o universo ligado à pecuária cearense, incluindo representantes da pesquisa e da extensão e, também, do setor privado. No restante do Brasil, o comum é você ter mais leite do que consumidor, e aí o Nordeste acaba sendo importador de leite do Brasil. Nós podemos reverter isso. Estamos trabalhando no sentido de criar adesão a esta ideia, e é com base nisso que vamos fazer o planejamento”, expôs Paulo Martins.
Por sua vez, o presidente da Faec, Amílcar Martins disse à coluna que, no início de sua gestão, foram eleitos três setores que seriam prioritários: a pecuária leiteira, a carcinicultura e a hortifruti cultura.
Silveira expõe:
“A pecuária leiteira tem uma importância extraordinária para a economia do Ceará. Repare só este número: 83 mil pessoas no estado ou sobrevivem ou dependem dela.
"Então, fomos atrás dos melhores, e o Dr. Paulo Martins é, para nós, o melhor especialista de leite no Brasil e por isto mesmo fomos buscá-lo para nos ajudar a transformar a pecuária leiteira do Ceará. Este é o primeiro momento, mas já estamos pensando no segundo, que mobilizará o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) na oferta de assistência técnica de qualidade tecnológica aos nossos produtores, principalmente aos de pequeno porte que são a grande maioria.
"Teremos, pois, a expertise do Dr. Paulo Martins, o apoio do governo do Estado e a parceria da indústria, com o que estamos certos do êxito desta empreitada."
O consultor Carlos Matos, que foi secretário de Agricultura Irrigada do Governo do Ceará, explica que a presença de Paulo Martins na liderança do planejamento estratégico para o objetivo de dobrar a produção leiteira cearense "é a prova de que a Faec está palmilhando o caminho correto".
Na sua opinião, "temos de avançar mais velozmente, e nada melhor do que atrair para cá a melhor expertise". Carlos Matos chamou atenção para um detalhe:
"Nosso plano estratégico prevê um lado positivo do ponto de vista ambiental, pois com as novas tecnologias que serão usadas aqui vamos ajudar a descarbonizar a economia da pecuária cearense em 50% e a elevar a renda do produtor, que é outro aspecto relevante do nosso esforço. Isto fortalecerá o setor rural por meio do aumento da produtividade, e este é o camimho seguro e sustentável que nos colocará na vanguarda competitiva".