Faec entrega à SDE o Plano de Desenvolvimento da Agropecuária Cearense
O documento diz que a Plataforma Produtiva do agro deve ser alicerçada em três pilares: produtividade, competitividade e sustentabilidade
Elaboradas por um time de especialistas da área, liderado pelo ex-secretário de Agricultura Irrigada e consultor em agronegócio Carlos Matos, a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) apresentou ao secretário do Desenvolvimento Econômico do governo do Estado, Salmito Filho, suas propostas para o “Plano de Desenvolvimento da Agropecuária Cearense”.
O documento, com excelente impressão gráfica, em cores e capa dura, expõe de saída as condições para que se alcance, no campo, o bem-estar social: tecnologia e inovação; conectividade, logística e infraestrutura; genética e segurança alimentar; profissionalização e assistência técnica; ESG e segurança hídrica.
Em seguida, informa que a Plataforma Produtiva deve estar alicerçada em três pilares: produtividade, competitividade e sustentabilidade.
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E adverte que, para mudar esse quadro, será obrigatório ultrapassar a atual vulnerabilidade social, que está explícita pelos mesmos antigos problemas que quase 100% dos produtores rurais cearenses enfrentam: baixo nível tecnológico; sem acesso aos mercados; ineficiência dos fatores de produção; uso inadequado dos recursos; baixa regulação ambiental.
Na primeira página do documento, está escrito o seguinte:
“Nos últimos anos, o Ceará tem vivenciado uma dinâmica econômica por setores da economia, mas que a agropecuária não tem acompanhado. Percebemos a redução da sua participação no PIB, que antes ficava acima de 8% e agora representa cerca de 6%. É perceptível que existe um potencial inexplorado no setor, pois há cadeias produtivas onde o Ceará tem uma representatividade acima de 40% do mercado nacional, sendo líder absoluto no país. Fica clara, portanto, a capacidade competitiva que o estado possui. Agora, chegou o momento de, junto ao novo governo, construirmos uma política pública capaz de capturar essas oportunidades que os mercados nacional e internacional geram. (...) O contexto atual exige novas respostas para a construção de um novo momento”.
O plano da Faec para o Desenvolvimento da Agropecuária Cearense – que é, por enquanto, o único apresentado ao secretário Salmito Filho por uma entidade empresarial, segundo o próprio – não aborda o novo método de pesquisa das cadeias produtivas do agronegócio do Ceará.
É que, agora, a Faec – por meio de seu recém-criado Centro de Inteligência do Agronegócio do Ceará – inclui a agroindústria no percentual de participação do agro no PIB estadual.
Para ficar bem claro, um exemplo: a FAEC está levando em conta não só a produção da pecuária leiteira, mas a sua transformação industrial em vários produtos, como queijos e bebidas lácteas.
Assim também está a acontecer com a transformação industrial do trigo – uma estrela dee primeira grandeza da agricultura – em pão, bolacha, massas e bolos, que foi incluída na participação do agro no PIB cearense, que, assim, salta de pouco mais de 5% para 19%.
Na opinião de Amílcar Silveira, a Faec comete nenhum absurdo ao incluir a agroindústria nos seus cálculos de participação do agro no PIB estadual. Mas o Ipece, que é o IBGE cearense, pensa e age diferentemente: para os seus técnicos, o agro é uma coisa, a indústria é outra.
A Faec refuta com o argumento de que a indústria usa a matéria-prima da agropecuária para beneficiá-la e transformá-la em vários produtos. Ou seja, sem a agricultura e a pecuária, não existiria a indústria processadora.
É por isto que surgiu a expressão agronegócio para definir todo o processo agroindustrial.
Voltemos ao Plano de Desenvolvimento da Agropecuária Cearense (o título omite a expressão agronegócio).
Ele revela que as áreas rurais cearenses concentram 30,5% dos pobres e 45,9% dos extremamente pobres, razão pela qual indica que as propostas apresentadas no documento permitirão, em 10 anos, o surgimento de uma classe média rural consumidora, com boa renda e dispondo de conhecimentos tecnológicos que mais do que dobrarão a produtividade dos estabelecimentos agropecuários do estado.
Amílcar Silveira, presidente da Faec, diz que sua entidade está fazendo o seu papel de contribuir com o governo do estado para a melhoria das condições de vida e de trabalho do pequeno produtor rural do Ceará. Sua esperança é a mesma dos presidentes dos 62 sindicatos rurais do Ceará – a de que “o governo cumpra a sua parte”.