Atenção! Um projeto criado e em desenvolvimento pela Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) permitirá, em curtíssimo prazo, a implementação de parques de geração de energia solar em milhares de hectares de terras pertencentes a produtores rurais residentes nos sertões cearenses.
O presidente da Faec, Amílcar Silveira, anunciou ontem, 9, para 23 empresários da agropecuária que os primeiros clientes da energia a ser gerada pelo projeto serão prefeituras municipais localizadas no Sertão Central, entre as quais Quixadá, Milhã, Senador Pompeu e Quixeramobim.
De acordo com Amílcar Silveira, o projeto atenderá, em primeiro lugar, as prefeituras parceiras do empreendimento, mas muito provavelmente, por causa de sua demanda, será em seguida estendido a empresas privadas de qualquer tamanho, como por exemplo a ArcelorMittal, dona da usina siderúrgica do Pecém, que tem como uma de suas metas de curto prazo a produção de aço verde, ou seja, fabricado com energias renováveis – solar, eólica ou hidráulica.
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O presidente da Faec transmitiu esta informação ao interferir na fala que, durante a reunião dos agropecuaristas, fazia o empresário Tom Prado, sócio e CEO da Itaueira Agropecuária, na segundo quem o Ceará dispõe de terras no seu semiárido suficientes para gerar energia solar fotovoltaica para a toda a demanda das empresas que vierem a produzir Hidrogênio Verde no futuro Hub do H2V no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
Amílcar Silveira concordou com a opinião de Tom Prado e, para sustentar seu ponto de vista, revelou o projeto da Faec “casa muito bem com o que estamos a ouvir aqui”.
Tom Prado, por sua vez, questionava o economista Marcos Holanda, que, antes, por 40 minutos, fizera uma exposição técnica para os empresário do agro, ao longo da qual diagnosticou os problemas que a economia do Ceará e seu governo enfrentam hoje.
Prado disse a Holanda que, se o Brasil tivesse hoje juros reais equivalentes aos dos Estados Unidos, “a economia, principalmente a do agronegócio, estaria bombando mais ainda, criando dezenas de milhares de novos empregos em todos os estados brasileiros”.
Marcos Holanda, apoiado em transparências com estatísticas do IBGE e da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz), disse que “o futuro d Ceará não será amanhã, mas já é hoje”, e sugeriu que o empresariado invista em inovação, algo, aliás, que os agropecuaristas cearenses já vêm fazendo com sucesso há vários anos”.
Ele lembrou que, em 2012, o Ceará tinha 887 mil empregados com carteira assinada; hoje, em 2023, esse número, ao longo de 11 anos, cresceu para 996 mil, ou seja, um magro incremento de 79 mil novas vagas. Também disse que um terço da população de Fortaleza vive com apenas um quarto do Salário Mínimo, “o que significa que um terço dos fortalezenses vive na extrema pobreza”.
Para Marcos Holanda, “a economia de um estado vai bem quando 1) há mais crescimento, 2) há mais oferta de emprego e 3) oferta melhores salários e tem menos desigualdades”. E citou que nos últimos 10 anos o PIB do Ceará cresceu, em média, 1,5% ao ano, “um crescimento raquítico”.
“Isto quer dizer que o Ceará levará 50 anos para dobrar o PIB e 100 anos para dobrar o PIB per capita. Nos últimos oito trimestres, o PIB cearense cresceu menos do que o do Brasil como um todo”, acrescentou o economista Marcos Holanda, que foi presidente do BNB e criou o Instituto de Planejamento e Estratégia do Governo do Ceará (Ipece).
Marcos Holanda foi em seguida questionado por vários empresários. Quando chegou a vez de Tom Prado, este lhe perguntou sobre a possibilidade de a economia do Brasil vir a ter juros reais. E ele respondeu:
“Nenhuma, nos próximos quatro ou cinco anos”.
Prado, então, replicou, afirmando que, quando o Brasil tiver juros reais “equivalentes aos dos EUA, aí saia da frente, porque nenhum outro setor do país crescerá mais, produzirá mais e abrirá mais emprego do que o Brasil”.
O bananicultor João Teixeira interveio para dizer que a sugestão de investimentos em inovação é positiva, mas alertou para o fato de que a comunidade científica cearense, envolvida no esforço de desenvolver a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), está frustrada com a atuação da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado, cuja titular ainda não se reuniu, uma vez sequer, com as lideranças do setor.
Teixeira disse que, até hoje, não existe um levantamento do que o Ceará dispõe e produz na Tecnologia da Informação.
Foi nesse instante que o presidente da Faec, Amílcar Silveira, pediu a palavra para anunciar o projeto de sua entidade, que prevê a geração de energia solar fotovoltaica em terras degradadas do semiárido cearense, principalmente na região do Sertão Central.
Nessas áreas serão instalados parques de geração de energia solar. Ele antecipou que várias prefeituras já aderiram à ideia e serão parceiras do empreendimento, cujos detalhes técnicos e de financiamento estão sendo definidos.