Eólica offshore: Winston Fritsch elogia coragem do presidente da Petrobras

Para o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no governo FHC e hoje consultor empresarial, o economista considera "uma vergonha" o atraso da regulação da energia no mar

Legenda: O economista Winston Fritsch (foto) é hoje consultor empresarial na área de energia e faz palestras sobre o tema
Foto: Reprodução do YouTube

Para o economista Winston Fritsch, uma das estrelas da equipe econômica que executou o Plano Real nos anos 80 do século passado, “é uma vergonha” o atraso da regulação da geração de energia eólica offshore.

Ele atribui esse pecado grave “aos interesses de competidores no mercado doméstico que não veem que a escala potencial da eólica offshore a coloca como um produto de exportação incorporada ao H2V”.

E acrescenta, dirigindo-se a este colunista: “Assino embaixo” de tudo o que sua coluna – sob o título “Hidrogênio Verde: Brasil está perdendo o trem da história” – publicou na quarta-feira, 12, a respeito do assunto, provocando uma imediata manifestação do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. 

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Este colunista tem antiga relação profissional e de amizade com Fritsch, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, ao tempo em que o titular da pasta era Ciro Gomes, que trocou os últimos quatro meses de seu mandato de governador do Ceará, com alto índice de popularidade, pelo desafio de impedir, como realmente impediu – no fim do governo do presidente Itamar Franco, entre setembro e dezembro de 1994 – que os empresários de São Paulo iniciasse uma criminosa alta de preços e a inflação retornasse (mas isto é tema para outra oportunidade).

Segundo Winston Fritsch, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, “está corajosamente” apontando para o Ministério de Minas e Energia, em cujo comando esta coluna também deposita boa carga de culpa pelo inexplicável atraso da regulação offshore, uma providência legal que argentinos, uruguaios e chilenos já adotaram.

Fritsch também capta uma forte dose de ousadia do presidente da Petrobras, que “corajosamente fala de sua política de preparar a empresa para novas energias”.

Jean Paul Prates vem dizendo e repetindo que a maior estatal brasileira investirá na geração de energia dentro do mar. Por enquanto, porém, está impedido de fazê-lo exatamente porque o governo (leia-se Ministério de Minas e Energia) ainda não enviou ao Congresso Nacional o texto da regulação, que está pronto há algum tempo. 

Sem regulação legal, o Brasil não embarcará no trem da história do Hidrogênio Verde, que segue estacionado, há três anos, na Estação Brasília.

Ainda de acordo com a opinião de Fritsch, o argumento de Jean Paul Prates de que “o Congresso vai resolver” parece pensar que o Brasil é parlamentarista, e não é. O Executivo é forte – e vem mostrando essa força nos últimos dias – e não deverá enfrentar problemas maiores para a aprovação dessa regulação.

O que falta, diz Fritsch, “é a turma da política transversal” – Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – entrar em campo para sacudir o Ministério de Minas e Energia (MME) e acelerar essa regulação. 

Para o economista, o ponto básico da questão é que sem elétron barato e em escala não haverá, no Brasil, a revolução do Hidrogênio Verde (H2V), que deve ser visto como produto de exportação e, portanto, gerando uma demanda muito maior do que a do mercado interno.

Winston Fritsch, hoje um requintadíssimo consultor de empresas, acompanha com lente de lupa o paquidérmico andar dos projetos privados que – sem a necessária e esperada regulação – dormitam nos gabinetes do Ibama, aguardando a Licença Ambiental.
 
Entre os mais de 30 grandes projetos de geração eólica offshore em análise no Ibama, cerca de 10 são de interesse do Ceará, os quais, somados, representam investimentos de perto de R$ 100 bilhões. 

Para além das dificuldades localizadas no MME e no Ibama, há outra que contribui para esse retardamento: as divergências visíveis entre as empresas e os empresários a favor e contra a geração offshore. Estes sustentam que é preciso esgotar toda a possibilidade de geração em terra firme; aqueles consideram que só no mar será possível gerar todo o volume de energia limpa de que necessitarão as indústrias para a produção do Hidrogênio Verde. 

Os primeiros argumentam que gerar energia eólica no continente custa hoje mais barato, e têm razão. Os últimos apostam na redução dos custos no mar, o que será possível pelo uso das novas tecnologias já testadas na China e no Norte da Europa, e, também, têm razão.

Como se vê, o que falta é razão ao Ministério das Minas Energia para retardar a regulação da energia offshore.