Energia: Tempestade perfeita une Aneel suspeita e Enel ineficiente
Para o presidente do Sindilaticínios do Ceará, José Antunes Mota, o serviço prestado pela Enel na zona rural é precário. E mais: 1) Brisanet abre loja em Caucaia; 2) Itaú retoma LatAM CEO em New York
Uma tempestade perfeita está desabando sobre a economia agrícola do Ceará, e não é causada pelas forças da natureza, mas pelo desvio de objetivos de uma agência reguladora que, em vez de defender o interesse dos consumidores, se aliou às empresas geradoras e distribuidoras de energia elétrica.
A tempestade é perfeita porque une, de um lado, a suspeita diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que acaba de castigar os estabelecimentos rurais e as residências citadinas do Ceará com um aumento, respectivamente, de 32% e 24,8% na tarifa da energia elétrica, e do outro lado os precários, demorados e caros serviços prestados pela Enel, responsável – de forma monopolista – pela distribuição de energia em toda a geografia cearense.
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Os aumentos entrarão em vigor a partir de amanhã, sexta-feira, 22, e turbinarão a receita tributária do Estado: a alíquota do ICMS incidente sobre a energia elétrica é muito alta.
Sem concorrente, cantando sozinho no terreiro alencarino, o galo da Enel faz jus ao Oscar da Ineficiência e ao Troféu da Incompetência. Nem o empresariado nem a população do Ceará suporta mais a Enel e as empresas que lhe prestam um mal e indolente serviço.
Presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Ceará, o agropecuarista José Antunes explica que o leite produzido por milhares de pequenos e médios estabelecimentos rurais, como o dele, deve ser armazenado em tanques com temperatura entre 4 e 6 graus, para o que o fornecimento de energia não pode ser interrompido. Se o for, “o prejuízo é total”, diz ele, adiantando: “A energia da Enel falta como sem dúvida”.
Os grandes produtores têm geradores próprios de energia, que entram em operação quando o serviço da Enel é interrompido, o que tem sido um fato corriqueiro na zona rural.
Nos últimos dois anos, o serviço da Enel piorou, conta Antunes, citando o caso de sua indústria de laticínios, que já paralisou várias vezes a produção porque “faltou energia por mais de 12 horas, obrigando-nos a derramar tudo porque a acidez estragou o leite ordenhado”.
Ele revela que “o problema da Enel é na estação das chuvas, pois bastam cair a primeira neblina e os primeiros relâmpagos para queimar tudo”.
Outra informação que José Antunes transmite à coluna é a seguinte: “A Enel não está pagando o preço justo às empresas que lhe prestam serviço, as quais, em contrapartida, executam uma espécie de operação tartaruga, atrasando os trabalhos de reparo da rede elétrica e irritando os produtores”.
Antunes tem palavras de elogios à presidente da Enel, Márcia Vieira: “É uma pessoa atenciosa, nos trata com atenção, mas é só, porque os serviços da Enel são reconhecidamente precários e seguem precários”.
Ontem, em Brasília, o deputado federal Danilo Forte fez discurso condenando o aumento das tarifas de energia urbanas e rurais no Ceará e denunciando, também, os precários serviços prestados pela Enel Ceará Distribuição.
Aqui em Fortaleza, visivelmente irritado e revoltado com o aumento decidido pela Aneel, o presidente da Federação da Agricultura (Faec), Amílcar Silveira, falou a esta coluna com toda a força dos seus pulmões:
“Para o setor da agropecuária cearense, o aumento será de 32%. Um absurdo. Agora, vejam: para a CPFL (Companha Paulista de Força e Luz), lá de São Paulo, um estado rico, o aumento foi menos de 10%. Por que, para o agro do Ceará, um estado pobre, o castigo foi maior: 32%?”
Amílcar Silveira, com seu jeito franco de dizer o que pensa, abriu a boca, soltou a voz e falou com o coração de líder do setor:
“Está tudo errado Está tudo irregular. Não suportam o nosso setor, e como se não bastasse, estamos na Faec convivendo com 14.956 produtores rurais que tiveram suas contas de luz com cobrança abusiva. Reconhecendo que realmente essas contas tiveram contrança indevida, a Enel já devolveu R$ 13,705 milhões, mas nós achamos que é muito mais. Além disso, temos a péssima qualidade do serviço prestado pela Enel, e aí vem a Aneel e nós dá uma pancada na cabeça, que é esse aumento exorbitante. A Faec e a Fiec vão manifestar-se publicamente, por meio de nota, contra esse aumento. Uma das alternativas para combater essa nefasta ação da Aneel é o mercado livre de energia, e vamos caminhar para ele” finalizou Amílcar Silveira.
Por sua vez, o sócio e diretor da Agrícola Famosa, maior produtora e exportadora mundial de melão, empresário Luiz Roberto Barcelos disse a esta coluna que “é um absurdo” o aumento de 24,8% o aumento autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a energia distribuída e consumida no Estado do Ceará.
“Não se pode entender como em um ano de tantas chuvas – que encheram as represas das hidrelétricas do Sul, Sudeste, Centro Oeste, Nordeste e Norte, levando o governo da União a cancelar a tarifa de bandeira vermelha e acionar a tarifa de bandeira verde – possa vir agora a agência reguladora para determinar um reajuste que é mais do que o dobro da inflação de 2021”, disse Barcelos.
O diretor da Agrícola Famosa também fez críticas “ao serviço de qualidade cada vez pior, prestado pela distribuidora, que demora a ligar os transformadores quando nós fazemos o investimento”.
Ele disse que não tem dúvida de que “essa altíssima tarifa causará inflação, o preço dos alimentos vai subir e a população, como sempre, pagará esse conta, além do que o produtor rural será apenado pela redução de sua rentabilidade”.
Para Luiz Roberto Barcelos, a decisão da Aneel “é descabida, inoportuna, descolada da realidade, pois não há nada a justificar uma majoração dessa magnitude, nem a inflação de 2021, que ficou em torno de 10%; então, por que determinar um aumento da tarifa de energia num percentual mais de duas maior do que o da taxa de inflação?”.
Ele sugere que o balanço das distribuidoras e geradoras, inclusive e principalmente as termelétricas, deve ser mais bem examinado, “pois essa decisão da Aneel repercute direta e imediatamente sobre toda a longa cadeira produtiva da agropecuária, cujos produtos encarecerão, naturalmente”.
Já o empresário Luiz Girão, fundador da Betânia Lácteos, empresa líder do mercado de lacticínios do Nordeste, e um dos três maiores produtores de leite do Ceará, não só lamentou a decisão da Aneel, como levantou a suspeita de que ela “representa muito mais os interesses das concessionárias do que os dos consumidores brasileiros”.
De acordo com Luiz Girão, uma investigação profunda revelará que “são fictícias essas tarifas de bandeira vermelha, amarela e verde, mas elas atendem a outros interesses”. Girão indagou por que o preço da energia sobe quando caem os preços de geração de todas as fontes, como a hidráulica, a solar e a eólica?”
Luiz Girão admite que “algo está errado no setor elétrico brasileiro” e chega a sugerir que há algo misterioso na decisão, tomada terça-feira, 19, pela direção da Aneel de aumentar em 24,8% a tarifa de energia no Ceará.
“O TCU deveria examinar, com lente de lupa, as razões que a Aneel apresentou para tomar a decisão de subir o preço da conta de luz do cearense. É tudo misterioso, e esse mistério deve acabar, pois tudo deve ser transparente”, concluiu.
BRISANET ABRE LOJA EM CAUCAIA
Maior operadora de telecom do Nordeste, a cearense Brisanet, com sede na cidade de Pereiro, inaugurará no próximo dia 23 de abril sua primeira loja física em Caucaia, na Avenida Edson da Mota Correia, 1040, no centro da cidade.
A nova loja é parte do plano de expansão da marca, que abrirá, nas próximas semanas outras lojas na região nordestina.
A Brisanet, que já conta com 96 lojas, tem hoje mais de 909 mil assinantes distribuídos nos estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
De acordo com dados da Anatel, só no Ceará, a Brisanet está presente em 53 cidades, nas quais conta com mais de 335 mil clientes atendidos pelo seu serviço de internet fibra óptica.
ITAU RETOMA LatAM CEO CONFERENCE EM NY
Dois anos depois das restrições sanitárias que impediram os eventos presenciais, o Itaú BBA volta a promover a LatAm CEO Conference em Nova York, entre os próximos dias 10 e 12 de maio. Esta será a 15ª edição do encontro e a maior já realizada pelo banco. “Vamos reunir aproximadamente 150 CEOs de grandes companhias brasileiras e latino-americanas com muitos dos maiores investidores institucionais da comunidade global”, comenta Flavio Souza, presidente do Itaú BBA.
Entre os keynote speakers, Scott Galloway, celebrado professor de marketing da NYU (Universidade de Nova York), escritor e um dos pensadores mais influentes sobre a indústria tech, e o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, considerado um dos maiores enxadristas do mundo e atualmente chairman do Human Rights Foundation.
O 15th LatAm CEO Conference acontecerá no Notte New York Palace Hotel, na Madison Avenue, e será carbon free, ou seja, as emissões geradas pelo evento serão 100% contabilizadas e neutralizadas por meio da compra de créditos de carbono.
Como parte da programação, o Itaú BBA realiza ainda na véspera, dia 9, um evento fechado na NYSE, o Tech Forum, para 80 clientes. O setor tech é um segmento em que a instituição tem se posicionado de forma expressiva e este será o 2º evento em menos de um mês, dado que o Itaú BBA promoveu nos dias 07 e 08 de abril o Tech Founders Summit 2022, que reuniu as maiores referências de tecnologia do Brasil e internacionais, com público de mais de 4 mil pessoas, presencial e virtualmente.