Água: Teixeira diz que, mesmo com chuva, quadro é de alerta

O secretário de Recursos Hídricos informa que há certo conforto para o abastecimento humano, mas não para a irrigação. E mais: 1) Uma CPI para a Aneel; 2) Enel avisa com antecedência; 3) Uma ameaça

Legenda: Foto do açude Orós, cujo volume d'água está distante do nível do vertedouro
Foto: Wandenberg Belém / Diário do Nordeste

Apesar das intensas chuvas que causaram boa recarga dos dois maiores açudes do Ceará – Castanhão e Orós – o secretário de Recursos Hídricos (SRH) do Governo do Estado, Francisco Teixeira, mantém a cautela. 

“Com todo o aporte que já tivemos no Sistema Integrado Jaguaribe-Região Metropolitana de Fortaleza, ainda atravessamos uma situação que consideramos de alerta, pois temos acumulados hoje menos de 30% da capacidade total desse sistema”, adverte o secretário. 

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O Sistema Metropolitano, integrado pelos açudes Pacajus, Pacoti, Aracoiaba, Acarape do Meio, Maranguapinho, Riachão e Gavião, “encontra-se numa situação confortável, com 77,4% de sua capacidade”, revela Francisco Teixeira, salientando, porém, que o Castanhão e o Orós, juntos, estão com 23,9% de sua total capacidade: “Orós com 43,4% e o Castanhão com 18,3%”, ele informa e, em seguida,expõe, didaticamente, o seguinte:

“Ao observarmos o sistema como um todo, temos então percentuais que não nos permitem grande entusiasmo, pois temos apenas 27,9% de sua capacidade de represamento. É evidente que estamos melhor do que estivemos em abril de 2015, quando decidimos pelo Ato Declaratório de Escassez Hídrica no Estado do Ceará, sobretudo na Região Metropolitana de Fortaleza, cujo sistema estava com 42,1% (hoje, 77,4%). Na mesma época, o Castanhão e o Orós, juntos, estavam com 25,1% de sua capacidade, um pouco acima do que estão hoje (23,9%)”.

Teixeira assegura que o volume hoje acumulado pelo conjunto de açudes dos dois sistemas “dá um certo conforto para garantir o abastecimento humano, mas ainda não permite uma situação confortável para garantir, por exemplo, a irrigação (no Baixo Jaguaribe) pelo menos dois anos à frente”.

Assim, prossegue Francisco Teixeira, “deveremos ter maior parcimônia no uso da água desses açudes durante a estação seca que se aproxima” (o segundo semestre deste ano).

Segundo a previsão da Funceme, neste mês de abril e no próximo mês de maio, as chuvas deverão alcançar, na melhor hipótese, a média histórica, mas com maior chance de serem bem inferiores à média histórica. 

É por isto que não só o secretário, mas toda a equipe técnica da SRH mantém o pé no chão da realidade, e esta aponta para a precaução, ou seja, para a necessidade de usar a água de modo parcimonioso, como sugere Francisco Teixeira, sobre cuja responsabilidade está a gestão dos recursos hídricos do Ceará, que têm sido cada vez mais escassos aqui, no resto do Nordeste e dopaís e no mundo todo. 

MÁRMORES E GRANITOS: SÓ UMA PROMESSA

No primeiro trimestre deste ano, as exportações brasileiras de rochas ornamentais, principalmente mármores e granitos, cresceram 7,98% frente ao mesmo período de 2021, acumulando um total de US$ 281 milhões em faturamento. 

Do total dessa receita o Estado do Ceará respondeu por 3,9%. O líder das exportações foi, mais uma vez, o Espírito, com 89,4% do total vendido para o exterior. Em segundo lugar, Minas Gerais, com 11,8%. 

No primeiro trimestre deste ano, os Estados Unidos compraram 72,5% de toda a exportação nacional de mármores e granitos acabados, ou seja, com valor agregado. Os dados foram divulgados ontem pelo Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas). 

Infelizmente, o Ceará exporta, praticamente, rochas brutas de mármores e granitos, as quais são transformadas, nos EUA, na Europa e na Ásia em ricas e valiosas peças para revestimentos
e pisos. 

Há uma tênue esperança de que empresas beneficiadoras do Espírito Santo e de Minas Gerais venham, um dia, a instalar-se na ZPE do Pecém. 

Por enquanto, isso é só uma promessa do governo do Estado, que, em 2016, celebrou Memorando de Entendimento com capixabas e mineiros cujo objetivo foi frustrado pela chegada do Porto de Roterdã como sócio da CIPP S/A. 

Os europeus, segundo esta coluna apurou de uma fonte do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos do Ceará, não viram com bons olhos o que estava escrito no memorando. E ninguém falou mais no assunto. 

UMA CPI PARA A ANEEL

Será de 24,88% o reajuste médio autorizado ontem, incrivelmente, pela suspeita Agência Nacional de Energia Elétrica, criada para regular as relações das empresas produtoras e distribuidoras de energia elétrica com o consumidor, que somos todos nós. 

Está clara a relação pecaminosa da Aneel com as distribuidoras e com as termelétricas movidas a combustível fóssil. 

No momento em que o presidente da República extingue a cobrança da tarifa vermelha, a mais cara, e faz retornar a tarifa verde, a mais barata, o que faz a Aneel? 

Decide castigar ainda mais o já torturado consumidor brasileiro de energia. 

Que tal uma CPI para apurar que tipo de relação há hoje entre os diretores da Aneel e as distribuidoras?

ENEL AVISA COM ANTECEDÊNCIA

Novidade na Enel-Ceará: a distribuidora de energia elétrica em todo este Estado está mandando mensagens pelo celular, advertindo os consumidores de grande porte sobre a falta de energia. 

“Agora, pelo menos, eles avisam com uma antecedência. Antes, nem isso a Enel fazia”, diz um médio pecuarista de Quixadá.

SETOR PRODUTIVO AMEAÇADO

Um industrial, que também atua no setor da agricultura, disse a esta coluna, ontem, tão logo soube do aumento de 24,88% na tarifa de energia elétrica no Ceará, autorizado pela lamentável Aneel: 

“Agora, sim, o setor produtivo receberá sua sentença de morte. Querem acabar mesmo com quem produz e trabalha no Brasil.”

EM 3 MESES, EMBRAER ENTREGOU 14 JATOS

Mensagem enviada ontem pela Embraer a esta coluna revela: a empresa, terceira maior fabricante de aviões do mundo, entregou 14 jatos no primeiro trimestre deste 2022.

Foram seis aviões comerciais e oito executivos (seis leves e dois médios). 

No passado dia 31 de março, a carteira de pedidos firmes da Embraer totalizava US$ 17,3 bilhões.