Seguradora impõe taxa contra alta violência em Fortaleza

Segundo a empresa, fazer seguro de automóvel aqui custa bem mais caro do que em Brasília. E mais: 1) Tecnologia: todos em busca dos jovens; 2) Parceria na saúde mental; 3) Crise: faltam navios

Legenda: Alegando alto índice de violência na cidade, empresa seguradora cobra mais por seguro de automóvel em Fortaleza
Foto: Reprodução / SSPDS

Aconteceu ontem numa das agências Estilo do Banco do Brasil, em Fortaleza. 

Uma professora doutora da Faculdade de Economia da UFC, já aposentada, foi instada pela gerente de sua conta a cuidar de renovar a apólice do seguro do seu automóvel, cuja validade estava a expirar-se.

A professora concordou em renovar o seguro na mesma seguradora, da qual é cliente há muitos anos. Mas tomou um grande susto ao ser informada de que teria de pagar não mais os R$ 1.900,00 antes anunciado, porém R$ 2.600,00. 

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O susto foi ainda maior, quando lhe foi revelada a razão apresentada pela gerente do BB – no papel de corretora da empresa seguradora – para justificar a diferença do valor do prêmio do seguro. 

“Se a senhora residisse em Brasília e se seu veículo fosse lá registrado, pagaria R$ 1.900,00 pelo seguro; mas como mora em Fortaleza, uma cidade com altos índices de violência, terá de pagar pelo novo valor, mesmo porque o modelo do seu carro é um dos que mais atraem os ladrões de automóveis”, disse ela.

Esta história é narrada aqui com o objetivo de chamar a atenção das autoridades da Segurança Pública. São as próprias empresas de seguro que atestam esta capital como uma cidade violenta. É algo que requer uma resposta da autoridade.  

TECNOLOGIA: GOVERNO E EMPRESAS BUSCAM OS JOVENS 

Houve ontem, no Palácio da Abolição, um evento de grande importância para a Educação e para a Economia do Ceará. 

Na presença da governadora Izolda Cela, o governo do Estado, por meio de sua Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, e empresas e empresários do setor da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) celebraram uma parceria para a execução do Projeto C-Jovem. 

Resumidamente, essa iniciativa tem o objetivo de qualificar, nos próximos cinco anos, 100 mil jovens no desenvolvimento da TIC. A meta é ousada, assim como são ousados os empresários e suas empresas, que buscam superar um gargalo que se agrava a cada ano: a carência de mão de obra especializada no Ceará. 

Esta coluna pode informar que as empresas cearenses do setor de TIC estão perdendo profissionais para concorrentes de outros estados e, principalmente, para as de países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos. 

Hoje, há centenas de jovens qualificados em Tecnologia da Informação e Comunicação que trocaram seus antigos patrões brasileiros por estrangeiros, que os contrataram com salários em dólar (recebem em reais o correspondente ao valor contratado na moeda norte-americana).

Na tentativa de barrar essa “invasão” e de acender uma luz no túnel do conhecimento, o governo e a iniciativa privada deram-se as mãos para executar o Projeto C-Jovem, cuja primeira etapa será um piloto que qualificará, a partir dos próximos dias, 214 professores e 4.358 alunos de 109 escolas públicas profissionalizantes da capital e do Ceará.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE), a UFC e a Uece participarão do projeto, o que revela a importância que a gestão da governadora Izolda Cela empresta ao empreendimento, que ontem, no seu lançamento, teve a presença de muitos empresários da indústria, do comércio e da agropecuária, todos vivamente interessados nessa futura mão de obra. 

Quem também integra esse esforço governamental e empresarial é José Roberto Nogueira, fundador, sócio e CEO da cearense Brisanet, maior empresa de telecom do Nordeste e uma das maiores do Brasil, que – vencedora do leilão promovido no ano passado pela Anatel – está dedicada a implantar a Tecnologia 5G em toda a geografia da região nordestina e do Centro Oeste. 

Igualmente, participarão as gigantes Amazon Web Services (AWS), Dell, Huawei, Google e Oracle.

O futuro do mundo já chegou, ele é tecnológico e exigirá algumas virtudes de quem quiser participar dele. Duas dessas obrigatórias virtudes são o domínio da Tecnologia da Informação e Comunicação e do idioma inglês, sem o que será frustrado qualquer sonho juvenil. 

O Governo do Ceará, as empresas e os empresários do setor da TIC dão um passo grave, correto e na direção certa. Estamos começando com atraso, mas a tempo de pegar o bonde do mundo do desenvolvimento tecnológico.  

FALTAM MAVIOS 

No ano passado, uma crise mundial afetou a navegação, que prejudicou as exportações cearenses de frutas – melão e banana, principalmente. Por causa da crise, as empresas de navegação foram obrigadas a reduzir a escala de seus navios, o que causou problemas às empresas exportadoras.

Neste ano, ainda como consequência da crise na navegação, reduziu-se a oferta de navios, o que é agora agravado por novos "lockdowns" na China. 

Por exemplo: a MSC, que escalava Pecém semanalmente, interrompeu, em fevereiro, essa escala porque foram praticamente suspensos os embarques de melão, que só serão retomados em agosto. 

Para evitar prejuízo, a Nordeste Vegetais, que exporta para o Reino Unido a banana nanica que produz na Chapada do Apodi, passou a usar navio da gigante CMA/CGM, que faz escala semanal no Pecém ou no Mucuripe.

UM 2022 MUITO VOLÁTIL

Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, o empresário José Antônio do Nascimento Brito, com estreitas ligações com empresários cearenses, diz à coluna que “a inflação está irrigada por toda a economia mundial”. 

Na opinião de Nascimento Brito, “está tudo pouco previsível: o Brasil teve um trimestre surpreendente por conta da guerra, mas ninguém sabe o futuro”.

Ele considera que este 2022 “ainda não é um ano perdido”, mas não tem dúvida de que “é o Brasil que está perdido”. E citou as razões: 

“Crescimento pífio há quatro décadas, propostas eleitorais ainda pobres, o ano será de enorme volatilidade no noticiário, aqui e lá fora. A sugestão é manter o olho nos custos e nas vendas.”

PARCERIA NA SAÚDE MENTAL

Tornaram-se parceiros o empresário Sérgio Melo, líder do Grupo SM, referência há 29 anos em negócios e gestão nas áreas financeira, imobiliária, turismo e consultoria empresarial, e o Nosso Lar Hospital, com 50 anos de atuação na área da saúde mental. 

Dessa parceria, está nascendo o Espaço Terapêutico Nosso Lar, no Porto das Dunas, no vizinho município de Aquiraz.

Novidade: o público-alvo desse empreendimento serão os adolescentes e os jovens adultos, como informa a médica psiquiatra Ticiana Macedo, na opinião de quem “os jovens estão cada vez mais enfrentando problema psicológicos, como a depressão e a ansiedade”.

Sérgio Melo revela, por sua vez, que o Espaço Terapêutico Nosso Lar terá 35 leitos divididos em 15 apartamentos, com jardins, refeitório, piscina e ampla área de lazer”. As obras de reforma do imóvel – que antes abrigava uma pousada – prosseguem e deverão ser concluídas ainda neste semestre, quando o equipamento iniciará suas operações.