Empresas do Ceará estão sob nova, jovem e competente direção

Chegaram e seguem chegando as novas gerações de executivos que herdaram dos pais a arte de empreender, com uma vantagem: dominam a teoria e a prática

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 03:30)
Legenda: Foto aérea de uma das unidades da Tijuca Alimentos, uma das empresas cearenses onde chegaram novas gerações de executivos
Foto: Divulgação
Esta página é patrocinada por:

Ninguém é eterno na vida familiar e na vida empresarial. Por fadiga do material, o corpo deixa de produzir com a força juvenil, exigindo, depois dos 60 ou antes disso, cirurgias reparadoras do coração, do abdome, das pernas, dos braços e até da cabeça, em casos graves. No mundo corporativo, a sucessão – ou a troca de peças – é algo que, de una anos para cá, se tornou usual, posto que previsível e inserido nos mais modernos processos de gestão.  

Esta coluna observa, com alegria, a chegada, no Ceará, de uma nova geração de executivos que, tendo aprendido com os pais empresários a arte prática de dirigir, assumiram posições de comando na empresa, imprimindo-lhe nova dinâmica, que tem por base, entre outras virtudes, a ampliação da boa relação com o corpo de colaboradores, sem o que qualquer tentativa de inovação fracassará.  

Não são poucas as empresas cearenses que estão hoje sob o comando de uma meninada que, nas melhores universidades brasileiras ou estrangeiras, se preparou para esse desafio. Podemos começar pela Itaueira Agropecuária, uma das empresas líderes do mercado nacional da fruticultura. Com sede em Fortaleza e fundada pelo patriarca Carlos Prado, hoje ela é liderada pelo quarto dos seus seis filhos, o Tom, seu CEO, eleito pela unanimidade dos seus irmãos, que o ajudam, cada um na sua área, a tocar a empresa que produz – no Ceará, na Bahia e em Pernambuco – melão, melancia, uva sem caroço, sucos de frutas, pimentão colorido e camarão gigante. Sob o comando de Tom Prado, a Itaueira vem crescendo além das expectativas do mercado, tendo neste ano retomado suas exportações para a Europa. 

Outro bom exemplo é o da Tijuca Alimentos, fundada há 56 anos, em Messejana, pelo casal Everardo e Socorrinha Vasconcelos, e agora dirigida pelos seus filhos Patrícia, 52, Nicolas, 51, e Marden, 52. Como na Itaueira, a nova geração dos Vasconcelos catapultou a empresa, que agora cresce na velocidade do frevo, liderando a produção de ovos no Ceará e sendo uma das maiores da avicultura cearense – neste ano, ela cresceu 36%.  

E já está chegando na Tijuca uma geração ainda mais nova, da qual fazem parte Letícia, 28, que atua na área do marketing; Maria Clara, 22, na área de vendas; Marden Filho, 20, na área de suprimentos e logística (a empresa tem uma frota de mais de 300 veículos de todos os tamanhos); Mauro Ângelo, 19 anos, na área da Tecnologia da Informação (TI); e Maria Thaís, 18, atua no setor de RH. 

No Grupo Marquise, um dos maiores conglomerados empresariais do Ceará, fundado pelos inseparáveis sócios Erivaldo Arraes e José Carlos Pontes, houve há poucas semanas a troca de comando. Os novos CEOs do grupo são Carla Pontes, graduada em Administração de Empresas com MBA em Havard, e Paulo Marcelo Santana, os quais, juntamente com os executivos de cada uma das empresas do conglomerado, assumiram sua gestão.  

Nos últimos anos, o Grupo Marquise experimentou um crescimento tal, que o levou ao plano nacional: por exemplo, a Marquise Infraestrutura, que constrói quase todos os trechos da Ferrovia Transnordestina e executa obras importantes em São Paulo, Brasília, Minas Gerais e Pará, foi incluída em todos os rankings de melhores e maiores empresas da construção pesada no país.   

No Grupo Samaria, fundado por Cristiano Maia, já trabalham e ocupam postos de mando seus filhos Moacy e Giscard (em homenagem ao saudoso presidente da França Giscard d’Estaing), o primeiro na Samaria Camarões, o segundo na área da construção pesada e na revenda de combustíveis (a parte da agropecuária é tocada pelo próprio Cristiano e por sua mulher Luzia).   

No Grupo Aço Cearense, maior importador de aço do Brasil, fundado pelo empresário Vilmar Ferreira, sua filha Aline cuida de quase tudo. O mesmo acontece no Grupo Telles, cujo fundador, Everardo Telles, passou para sua filha Aline algumas de suas principais tarefas administrativas.  

Mas algumas empresas já nasceram sob a liderança e a gestão de jovens empresários. É o caso da Vonixx, do setor de estética de automóveis, e da GoCase, loja digital de itens customizados. Essas duas empresas estão fechando este exercício de 2025 com um faturamento em torno de R$ 1 bilhão.  

A Vonixx foi fundada e é dirigida por Paulo Henrique Nobre; a GoCase tem como cofundador o também jovem empresário Bruno Bastos. Conversar com eles é o mesmo que tomar na veia uma injeção de como construir um novo negócio, enfrentando e vencendo desafios de toda ordem, até do estrangeiro.  

A Vonixx tem 1,1 mil colaboradores, está construindo uma fábrica na BR-116 com investimento de R$ 200 milhões e quer dobrar, em 2026, suas vendas externas, que hoje representam só 5% de sua receita. E a GoCase, por sua vez, com 700 colaboradores, já é a maior importadora cearenses de alguns produtos, como garrafas térmicas.  

Os acima citados são casos muito conhecidos, mas há dezenas de outros, o que coloca o empresariado cearense em um nível intelectual acima da média. Eis aí um dos motivos pelos quais a idade média da empresa industrial ou agropecuária do Ceará tem DNA de longevidade.