Empresários do agro cearense aplaudem Elmano na Pecnordeste
Discurso do governador -- que promete recuperar estradas para a logística de transporte do leite e melhor segurança no campo -- entusiasma auditório de produtores rurais
Acredite! O governador Elmano de Freitas, do PT, foi entusiasticamente aplaudido por quase 1 mil produtores rurais ao final do discurso com que inaugurou nesta quinta-feira, no Centro de Eventos, a XXVI Pecnordeste, maior feira da agropecuária da região nordestina.
O superlotado auditório principal do evento gostou do que ele disse; e ele disse que executará, em curto prazo, um programa de recuperação de estradas vicinais pelas quais escoa a produção cearense de leite, principalmente no Sertão Central, onde está a grande bacia leiteira estadual.
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Elmano de Freitas, com a franqueza que o caracteriza, lembrou que sempre teve e tem hoje ligações com os movimentos sociais, mas afirmou que “somos uma sociedade plural, com diferentes opiniões políticas, e isto pode ser observado neste auditório, mas temos maturidade suficiente para superar as dificuldades”.
Um grande empresário da fruticultura, instado por esta coluna a pronunciar-se sobre o que achou do discurso do governador, resumiu sua opinião com esta frase:
“Ele deu um show! Fez barba, cabelo e bigode”.
A solenidade de abertura da Pecnordeste consolidou, do ponto de vista político, a força do setor e o prestígio que alcançaram a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) e sua diretoria, liderada pelo ovinocultor Amílcar Silveira: a feira ocupa todo o espaço do Pavilhão Oeste do Centro de Eventos, ou seja, o piso térreo e o mezanino. No primeiro, estão os mais 502 estandes de empresas nacionais e estrangeiras que expõem seus produtos e serviços; no andar superior, estão os auditórios onde se realizam as palestras e os cursos técnicos.
Antes do governador, falou presidente da Faec, um empresário ideologicamente de direita. Ele iniciou seu discurso, lembrando que Elmano de Freitas “é o governador de todos nós”, elogiando-o pela maneira como vem conduzindo as relações do governo do estado com os produtores rurais. Ele destacou a atuação dos secretários de Recursos Hidricos, Robério Monteiro, e do Desenvolvimento Econômico, Salmito Filho.
E contou que, “no começou, não gostei da nomeação do Robério, mas posso dizer ao senhor, governador, que ele pode não ter os conhecimentos técnicos que tinham seus antecessores, mas ele tem algo que os outros não tinham: a sensibilidade para compreender e resolver logo os problemas de quem precisa da água para produzir”.
Amílcar Silveira também elogiou seu colega presidente da Federação das Indústrias, Ricardo Cavalcante, presente ao evento, “um grande parceiro” com quem tem mantido excelente relação institucional “e com quem vamos realizar projetos importantes”.
Houve a entrega do troféu Parceiro Sindical, instituído pela Faec para homenagear personalidades da política e da administração pública, conferido ao secretário da SDE, Salmito Filho, e ao produtor rural José Ferreira Lima, da zona rural do município de Cedro.
Em seguida, houve a assinatura de atos do governo do estado que beneficiam a agropecuária cearense, incluindo mensagem do Executivo ao Legislativo com medidas que desburocratizam o licenciamento ambiental no âmbito da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).
Outro ato assinado foi um acordo de cooperação do Banco do Nordeste (BNB) com a Faec. A superintendente do BNB no Ceará, Eliane Brasil, firmou o documento em nome do banco e Amílcar Silveira fez o mesmo em nome da Faec.
Por meio desse documento, está sendo lançado um programa de capacitação para 100 técnicos em elaboração de projetos, todos do Senar; de atendimento de 628 produtores com vocação empreendedora, os quais serão incentivados a fazer novos negócios. Ainda foi celebrada a contratação de R$ 7 milhões em financiamento – via Cartão BNB Agro – para investimento e custeio.
O diretor técnico do Sebrae, Alci Porto, também falou e revelou que 43% dos recursos investidos por sua instituição no Ceará têm a zona rural como destino, argumentando que esse dado revela o poder e a força do agro no estado.
Quando a fala do governador foi anunciada, fez-se silêncio. Elmano de Freitas começou pedindo “uma salva de palma para todos os produtores rurais que estão aqui reunidos”. E foi 100% atendido. Os aplausos foram fortes e demorados. E, com outras palavras, dirigindo-se ao presidente da Faec e a todo o auditório, foi dizendo o seguinte:
“Vamos fazer muitas coisas juntos. Temos grandes desafios pela frente, mas os produtores rurais do Ceará já mostraram que estão à altura desses desafios. Durante os anos de seca que o estado enfrentou não faz muito tempo, vocês foram capazes de aumentar a produção de leite, produzindo no semiárido alimento para seus rebanhos. Isso contradiz o grande Celso Furtado, na opinião de quem o semiárido não é capaz de produzir.”
E disse mais:
“Temos de nos unir. Nós sabemos que somos uma sociedade plural, mas temos maturidade para superar as dificuldades. Eu recebi do Jorge Parente (sócio e membro do Conselho de Administração da Alvoar, antiga Betânia Lácteos) uma relação das estradas que se encontram hoje em mau estado de conservação, prejudicando fortemente a logística do transporte da produção leiteira do Ceará, principalmente na região do Sertão Central, incluindo Quixeramobim. Nós vamos executar um programa, em curto prazo, para recuperar essas estradas. Eu sei o que é descer uma ladeira com um caminhão carregado de banana numa estrada cheia de buracos.”
O governador bebeu um gole de água e, com outras palavras, disse o que abaixo está escrito:
“Temos outro grande desafio, que é o de mecanizar nossa lavoura. Para isso, precisamos aumentar a produtividade no campo. Precisamos de melhorar e aumentar a assistência técnica para que sejam beneficiadas todas as cadeias produtivas, desde o pequeno produtor até o grande lacticínio. Precisamos de construir abatedouros modernos de caprinos e ovinos, e trabalharemos nesse sentido.”
Entrecortado por constantes aplausos, Elmano de Freitas foi adiante e, sempre ouvido por um silencioso e atento auditório, anunciou para os agropecuaristas de todas as regiões do estado:
“Vamos aumentar a segurança pública na zona rural (foi de novo muito aplaudido). Vamos facilitar o licenciamento ambiental para os empreendimentos rurais, inclusive os da carcinicultura. Já solicitei ao ministério do Desenvolvimento Regional e da Integração a duplicação do sifão do Eixão das Águas, com o retomaremos a produção agrícola no Médio e Baixo Jaguaribe. Estamos trabalhando para viabilizar a conclusão da Ferrovia Transnordestina. Os projetos de geração de energias renováveis, destacadamente a solar fotovoltaica, reduzirão os custos da produção agrícola”.
E foi adiante:
“A pulverização aérea (que está proibida por Lei no Ceará) não pode ser como era antes, mas podemos aproveitar as novas tecnologias para construirmos uma solução que atenda ao produtor e ao consumidor. Os alimentos têm de ser comprovadamente saudáveis. Temos de pensar numa transição.”