Empresários cearenses analisam Trump, Lula, Cid e Ciro
Na opinião deles, Trump misturou alho com bugalho, Lula recupera-se, Mano Júnior foi descartado, Cid ao Senado e Ciro candidato
Reunidos ontem, na hora do almoço, em torno de uma galinha de cabidela, dois empresários, sob o ouvido atento deste colunista, passaram em revista os fatos desta semana que hoje termina. E destacaram dois deles: o primeiro, evidentemente, foi a decisão, anunciada quarta-feira, 9, do governo dos Estados Unidos de taxar em 50% as exportações de produtos brasileiros para o disputado mercado norte-americano; o segundo, na área da política, foi a operação da Polícia Federal que invadiu o gabinete do deputado federal cearense Mano Júnior em busca de documentos que provem as denúncias – recebidas e investigadas pela própria PF – contra o parlamentar, que é acusado de liderar um esquema de desvio de dinheiro das execráveis emendas parlamentares (esta é a opinião desta coluna, que respeita quem pensa diferente).
Para os dois empresários -- um agricultor e um agroindustrial – foi o presidente Donald Trump quem saiu perdendo, e está perdendo, pelo menos por enquanto.
Primeiro, porque, na carta que transmitiu ao seu homólogo brasileiro, misturou a especulação da política com o fato econômico. Antes de, nos parágrafos seguintes de sua carta, anunciar a imposição de uma extravagante e surpreendente tarifa de 50% sobre todas as exportações do Brasil, ele se declarou amigo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é alvo de um processo no Supremo Tribunal Federal que poderá levá-lo à prisão por ter liderado ou aceitado um plano golpista. Trump não só elogiou Bolsonaro, mas exigiu que seja suspenso, imediatamente, esse processo. Ou seja, imiscuiu-se em assuntos internos do Brasil, do mesmo jeito que Lula o fez, quando, publicamente torceu pela eleição de Joe Biden e quando, há poucos dias, visitou a ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, julgada e condenada a seis anos de prisão por corrupção, cuja pena está sendo cumprida no seu luxuoso apartamento em Buenos Aires.
Segundo, porque deu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o oxigênio de que estava a precisar para respirar, de novo, o ar da popularidade. Tanto na Faria Lima – avenida onde se localiza a Bolsa de Valores Bovespa e onde age em tempo integral o mercado financeiro – quanto nos corredores da política em Brasília, a impressão que se colhe é de que as próximas pesquisas revelarão a queda da desaprovação e a subida da aprovação de Lula, cujo foco é o mesmo, não muda: a eleição que, no próximo ano de 2026, poderá dar-lhe um inédito quarto mandato presidencial.
Os dois empresários não esconderam sua desconfiança. Na opinião de ambos, o presidente Trump deverá repetir o que, muito recentemente, fez com a China: esbravejou, cantou de galo, mas no fim chegou a um acordo com Xi Jinping. No caso brasileiro, porém, parece haver um motivo pessoal que move Trump a endurecer com o governo lulista – sua amizade com a família Bolsonaro, e este detalhe poderá influir na mudança ou não de sua decisão tarifária, que tem prazo de validade: o próximo dia 1º de agosto.
Se não derem resultado as reuniões que as equipes dos governos brasileiro e norte-americanos estão iniciando em busca de uma solução alternativa para o problema – a economia do Ceará será duramente prejudicada, como disse ontem aqui o presidente da Faec, Amílcar Silveira; O prejuízo já começou: vários contêineres carregados de tilápia e destinados aos Estados Unidos não foram embarcados por ordem dos importadores norte-americanos, que não querem suportar os novos custos da importação do pescado brasileiro. E vai atingir, também diretamente, a performance da maior empresa exportadora do Ceará, a ArcelorMittal, que manda para os Estados Unidos boa parte de suas placas de aço.
Quanto ao caso envolvendo o deputado Júnior Mano, o agricultor e o agroindustrial, este muito bem-informado sobre os atos e os fatos da política do Ceará, concluíram que o nome do parlamentar “já está descartado para uma possível candidatura ao Senado”. E ambos, virando-se para o colunista, fizeram uma aposta:
“Pode anotar aí no seu caderninho: o senador Cid Gomes (que lançara o nome de Júnior Mano para ser o candidato do PDT ao Senado em 2026) será candidato à reeleição com o apoio do PT, do governador Elmano de Feitas e do ministro Camilo Santana.”
E como se estivesse recebendo inspiração do Espírito Santo, o bem-informado agroindustrial profetizou:
“Escreva aí, também: Ciro Gomes será candidato ao governo do Estado, com chances de vitória. Antes de tomar uma decisão, porém, Ciro analisará a tendência nacional. Por exemplo: se o nome de Tarcísio de Freitas crescer como candidato à Presidência da República, ele topará o desafio de enfrentar Elmano de Freitas. Do contrário, seguirá fazendo o que sabe fazer.”
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