Em Mombaça, crescem o leite e a carcinicultura

Havia três anos, o município de Mombaça, no Sertão Central do Ceará, produzia menos de 5 mil litros diários de leite. Hoje, essa produção alcança 60 mil litros/dia. E mais: dois anos atrás, lá também, a carcinicultura era só uma palavra difícil de pronunciar. Hoje, quase uma centena de antigos agricultores viraram criadores de camarão, e estão muito satisfeitos com a mudança.

Como tudo isso foi possível? Sílvio Carlos Ribeiro, secretário Executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) do Governo do Estado, responde: “Pela parceria da Prefeitura do Município com os produtores rurais e pelo apoio que a Faec, a SDE e a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) vêm emprestando à iniciativa”.

Comecemos pela pecuária. O prefeito Orlando Benevides Cavalcante Filho, logo que assumiu seu mandato, entendeu que a pecuária, vocação natural dos seus conterrâneos, praticamente não existia como atividade econômica. Aí, ele arregaçou as mangas e reuniu quem poderia ajudá-lo a fazer de Mombaça um polo produtor de leite bovino.

Começou convocando o apoio da Faec, cujo presidente, Amílcar Silveira, destacou técnicos do capítulo cearense do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) para a transmissão do conhecimento aos pequenos produtores, estimulando-os a criar uma cooperativa de produção, o que foi feito também com o incentivo da Secretaria Executiva do Agronegócio da SDE.

“A cooperativa foi uma ideia maravilhosa que prosperou em pouco tempo e que, hoje, tonifica a pecuária de Mombaça, cuja cadeia produtiva prospera”, diz o secretário Sílvio Carlos Ribeiro. Por meio da cooperativa, os produtores de leite do município já conseguem comprar insumos a preço mais barato. Para completar, a SDA doou tanques de resfriamento, que ajudaram a incrementar a produção leiteira.

Ao mesmo tempo, os cursos técnicos do Senar-Ceará seguem capacitando a mão de obra das fazendas de produção, o que tem contribuído, principalmente, para reduzir os custos de produzir e melhorar a qualidade do produto – o leite.

Na carcinicultura, a mudança foi mais radical ainda. Dezenas de tradicionais agricultores de Mombaça trocaram a enxada da agricultura pela água salobra da carcinicultura, no que imitaram o próprio prefeito municipal, que também se tornou criador de camarão.

Assim como na pecuária, a Prefeitura de Mombaça concede apoio importante para o sucesso do projeto. Ela empresta tratores para a abertura dos tanques (viveiros) e ainda doa as pós-larvas e, também, a ração inicial. Esta é a parte primordial do projeto, ao longo do qual os produtores são treinados para a atividade da carcinicultura, mas a ajuda municipal termina aí. Uma vez implantado, o projeto passa a ter vida própria, isto é, o carcinicultor assume todo o seu custeio, cabendo à Prefeitura apenas o apoio técnico.

“Isto tem funcionado com a perfeição de um relógio suíço”, diz Sílvio Carlos Ribeiro, fazendo questão de lembrar que a expansão da criação de camarão no Ceará se deve muito ao empresário Cristiano Maia, maior criador de camarão do país, “um grande incentivador da carcinicultura no Nordeste”.

Na zona rural de Mombaça, a natureza também colabora, e muito, para o êxito da carcinicultura. No subsolo do município, o lençol freático é rico em água salobra, algo de que o camarão mais gosta. Dezenas desses poços de água salobra abastecem os viveiros das fazendas de produção. A vazão deles varia de 6 mil litros por hora até 60 mil litros por hora.

Os primeiros viveiros construídos têm área que varia de 5 mil a 7 mil metros quadrados de área, mas já está prevista a construção de tanques com 10 mil metros quadrados, como informa o secretário Sílvio Carlos Ribeiro.

Na sexta-feira passada, o secretário da SDE, Salmito Filho, e seu secretário Executivo visitaram Mombaça e, guiados pelo prefeito Orlando Benevides Cavalcante, percorreram e conheceram fazendas de produção de leite bovino e de criação de camarão. Gostaram do que viram e disseram à coluna que esse projeto pode ser replicado em outras regiões do estado.

A carcinicultura tem uma definitiva vantagem sobre a agricultura tradicional: a rentabilidade daquela é bem maior do que a desta.