Em cidades saneadas, a saúde entra e as doenças fogem
Diretora da Ambiental Ceará, que executa obras de saneamento em 25 cidades do Ceará, a urbanista Águeda Muniz transmite números que impressionam positivamente
Na quarta-feira, 13, esta coluna publicou matéria sobre a falta de compromisso de boa parte da população cearense – da capital e do interior do estado – com sua própria saúde: ela paga em dia a conta mensal do seu celular, mas recusa-se a autorizar a ligação de sua residência à rede de saneamento que passa à sua porta. Mesmo assim, enfrentando essa dificuldade, o governo do Ceará investe na ampliação e na melhoria de sua rede de água e esgoto.
A matéria aqui divulgada causou imediata repercussão entre os leitores e provocou reação de Águeda Muniz, arquiteta e urbanista com doutorado na área e diretora de Assuntos Institucionais da Ambiental Ceará, empresa com a qual o governo do estado, por meio da Cagece, celebrou o que é hoje a maior Parceria Público Privada (PPP) do país, no setor do saneamento.
“O projeto de universalização do saneamento básico que estamos executando no Ceará beneficiará 25 sedes municipais (cidades), cujos ganhos econômicos estão estimados em R$ 15 bilhões”, diz ela com o sorriso de quem, sendo técnica, antevê a melhoria da saúde das populações beneficiadas e, também, a redução dos gastos do governo com a saúde, além do aumento das receitas municipais.
“O saneamento é como o sol, que entra pela porta da frente e expulsa pela de trás as doenças transmitidas pelos insetos que se originam no esgoto a céu aberto”, acentua Águeda Muniz.
Nas 25 cidades abrangidas pela PPP, localizadas na Região Metropolitana de Fortaleza e na do Cariri, a Ambiental Ceará, pela voz de Águeda Muniz, diz que garantirá acesso à coleta e ao tratamento de esgoto a 90% de sua população até o ano de 2033; até 2040, esse percentual saltará para 95%. Não é pouca coisa, porque inclui Fortaleza, Aquiraz, Caucaia, Cascavel, Chorozinho, Eusébio, Guaiúba, Horizonte, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, Paracuru, Paraipaba, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu, Trairi, Barbalha, Farias Brito, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.
A população a ser beneficiada é de 4,3 milhões de pessoas. Nessas obras, estão sendo investidos R$ 6,2 bilhões.
Atentem agora para esta informação: entre 2025 e 2040, os custos com o tratamento de pessoas vitimadas por doenças de veiculação hídrica no Ceará serão reduzidos em R$ 512 milhões, de acordo com a pesquisa Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento no Ceará desenvolvido pelo Instituto Trata Brasil. Isto significará mais de R$ 30 milhões por ano economizados pela redução de despesas com internações por doenças, inclusive as respiratórias, e também com a diminuição do custo associado a horas pagas e não trabalhadas por funcionários afastados por motivo de doença.
Tem mais: o aumento da produtividade dos trabalhadores das cidades beneficiadas pelo projeto de saneamento em execução naquelas cidades cearenses alcançará, entre 2025 e 2040, algo como R$ 7,3 bilhões, ou seja, um ganho anual de mais de R$ 434 milhões.
Mas a universalização do saneamento básico tem, igualmente, o seu ganho econômico, Por exemplo: ainda segundo o estudo do Instituto Trata Brasil, os proprietários de imóveis localizados nas áreas saneadas terão rentabilidade superior a R$ 850 milhões com a receita de aluguel.
No turismo, o saneamento proporcionará um “upgrade” das áreas saneadas tanto nas praias quanto nas regiões serranas. O estudo do Trata Brasil estima que as prefeituras das 25 cidades do projeto de saneamento básico em implantação pela Ambiental Ceará terão capacidade de gerar receitas de até R$ 1,5 bilhão, no mesmo período de 2025 a 2040.
Diz o estudo do Instituto Trata Brasil que a expansão do saneamento resultará em investimentos na construção civil, que gerarão empregos diretos, indiretos e induzidos. Além das obras, a própria operação do sistema gerará emprego e renda. E deve ser levada em conta a geração de receitas tributárias. E neste particular, o Trata Brasil assinala que os benefícios diretos da universalização do saneamento básico naquelas 25 cidades cearenses deverão somar mais de R$ 19 bilhões entre 2025 e 2040.
A perspectiva é ótima, mas tudo a conferir ao longo dos próximos 15 anos.
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