Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito, ontem, de novo, presidente da República Federativa do Brasil. Ganhou seu terceiro mandato, e poderia, daqui a quatro anos, ganhar o quarto, mas ele já antecipou que não será candidato à reeleição.
Há graves desafios à sua frente, e o primeiro deles será cumprir o que promete seu programa de governo, resumidamente divulgado na semana passada por meio de uma carta aos brasileiros.
Para além de picanha para a população mais pobre, o programa de Lula fez acenos na direção de intervir na política de preços da Petrobras, deixando nervoso o mercado, que ainda não tem resposta para a pergunta sobre quem será o próximo ministro da Economia, se este ministério for preservado (ele poderá retomar o nome antigo, o de ministério da Fazenda).
O que já se sabe é que a composição Esplanada dos Ministérios será ampliada: novas pastas serão criadas, como a do Planejamento, para a qual não há, também, um nome escolhido.
Comenta-se, em Brasília, que Simone Tebet será a futura ministra da Agricultura, um prêmio de recompensa pela sua adesão à candidatura de Lula no segundo turno.
O Brasil é uma das três maiores potências agropecuárias do mundo, mas o empresariado desse setor da economia nacional está muito preocupado com as ameaças do MST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, que, segundo o próprio Lula, terá protagonismo no seu governo.
O presidente eleito já disse e repetiu que é contra o teto dos gastos, outra urtiga que causa coceira e irritação entre economistas, empresários, investidores e operadores do mercado. Uma mexida nesse vespeiro poderá elevar a dívida pública, que hoje é da ordem de 78% do PIB
Mas, de hoje até o dia 1º de janeiro de 2023, quando seu governo terá início, Lula precisará reunificar o país, ou, pelo menos, reduzir a tensão entre os dois lados do espectro ideológico em que está dividido o Brasil – a direita, liderada por Jair Bolsonaro, e a esquerda, comandada por Lula.
Simultaneamente, os próprios brasileiros terão de dar um passo no mesmo sentido da unificação, pois, neste momento, por causa da exacerbação dos ânimos motivada pela contenda político-eleitoral, famílias inteiras se apartaram.
Os planos de investimento que empresários da agropecuária pretendiam implementar, por exemplo, no Ceará, aguardarão os sinais do próximo governo estadual e os da futura gestão federal.
Aqui, há indicação de que serão preservados pelo governador eleito Elmano Freitas os executivos e as diretrizes da política econômica do Palácio da Abolição, que tem claras prioridades – o Hub do Hidrogênio Verde no Pecém e o apoio aos projetos de geração de energias solar fotovoltaica e eólica offshore.
No plano federal, aguardam-se os nomes da equipe econômica de Lula e seus rumos para o agronegócio, a indústria, a ciência, a tecnologia e a inovação.