Diante do mar, o Brasil também é diferente de Portugal

Governo português, adiante da União Europeia, executa plano estratégico para, em 2030, alcançar objetivos na Economia do Mar. O governo brasileiro nem plano tem.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 02:09)
Legenda: Moderno barco de pesca espanhol descarrega no terminal de Vigo os peixes guardados em uma de suas câmaras frias
Foto: Maia Júnior
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Lisboa (Portugal) - Há uma diferença clara e gritante entre como pensam e agem os governos de Portugal e do Brasil a respeito do melhor, mais correto e mais sustentável aproveitamento das riquezas que os oceanos oferecem ao desenvolvimento econômico e social de ambos os países. A liderança política portuguesa tem, para a Economia do Mar ou Economia Azul, um planejamento estratégico ligado ao interesse do Estado, e por isto mesmo lidera, entre todos os entes da União Europeia, os esforços nesse sentido.  

No Brasil, inexiste um Plano Nacional de Desenvolvimento. No seu lugar, o que há são políticas de interesse do governo de plantão, seja ele qual for, e isto é um lamentável e antigo costume. Assim, ao invés de crescer, o Brasil regride, também, na Economia do Mar. 

Reparem: a Política Marítima Integrada da União Europeia (PMI) é a base da Estratégia Europeia para a Economia do Mar. A PMI visa promover o desenvolvimento sustentável de todas as atividades marítimas e costeiras no continente. Por sua vez, a Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030 (ENM 2030) é o plano do estado português que estabelece objetivos ambiciosos para o desenvolvimento sustentável da Economia do Mar em Portugal, incluindo o aumento do valor acrescentado ao bruto do setor, a criação de emprego qualificado e a promoção da investigação e inovação. A estratégia também enfatiza a importância da proteção dos ecossistemas marinhos e da gestão sustentável dos recursos.  

Em 2023, o mar era a terceira maior força econômica de Portugal, representando cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) e das exportações. O ENM 2030 quer elevá-lo para 12%. O turismo costeiro, a pesca, a aquicultura, o transporte marítimo e as energias renováveis offshore são alguns dos setores que impulsionam o crescimento da economia do mar em Portugal. Tem mais: publicação do Fórum Oceano revelou o grande potencial de Portugal na Economia Azul, com uma avaliação de 194 milhões de euros em 8 das 47 startups nacionais registradas, com destaque para os setores da robótica, navegação, tecnologia climática, energia limpa e eficiência energética.  

Com todos os olhos, ouvidos e atenções voltados, exclusivamente, para a eleição de 2026 – o governo brasileiro não tem tempo nem dinheiro para cuidar da Economia do Mar e de sua importância para o país, que tem de 8 mil quilômetros de costa. Só a Petrobrás o faz, porém naquilo que é o seu mister.  

Por esta razão, a liderança industrial do Ceará, por meio de sua Federação das Indústrias (Fiec), liderada pelo seu presidente Ricardo Cavalcante, cuida de fazê-lo, entendendo que o primeiro passo nesse sentido é buscar e obter conhecimento onde ele estiver. E hoje ninguém melhor do que os portugueses para ensiná-lo. 

Durante quatro dias, a partir desta terça-feira, uma Missão Empresarial da Fiec, em regime de tempo integral, mergulhará no estudo da Economia Azul e de seus bons efeitos na vida das pessoas, das cidades e dos países. O time cearense é integrado por 29 empresários, executivos de empresas e de organismos do governo, que terão aulas teóricas ministradas por professores da Nova School of Business & Economics (Nova SBE) e aulas práticas, que acontecerão sempre na parte da tarde durante visita a empresas da Economia Azul. 

Um dos organizadores da Missão da Fiec, João Amaral, líder estratégico com ampla experiência em sustentabilidade e ESG, atuando em projetos de impacto global, transmitiu à coluna uma informação de interesse dos carcinicultores cearenses e dos que pensam em investir na produção de algas marinhas:  

“Haverá dois momentos para o conhecimento e o debate sobre potenciais soluções para os temas das algas, na visita à empresa Algae 4 Future e na conversa que teremos com o professor Nuno Lourenço, do Collab + Atlantic, com o qual trataremos dos desafios e oportunidades da pesca para o Estado do Ceará”.  

Ricardo Cavalcante e a Fiec estão otimistas: 

“Como se observa, nossa programação de aulas teóricas e práticas será intensa, mas estou certo de que, ao final desta etapa do Programa de Educação Executiva Internacional em Economia Azul, teremos aprendido sobre como aproveitar as riquezas que o mar, bem à nossa frente, a nos oferecer”, disse à coluna o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante. 

INDÚSTRIA DO CEARÁ LAMENTA A MORTE DE ROBERTO MACEDO

Há hoje, terça-feira, 11, um clima de tristeza envolvendo os 29 integrantes da Missão Empresarial da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) que estão a mergulhar, aqui em Lisboa, no estudo da Economia do Mar. A notícia do falecimento do empresário Roberto Macedo, ex-presidente da Fiec e um dos grandes líderes da indústria cearense, deixou-os tristes.

O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, e seus colegas empresários que o acompanham nesta jornada portuguesa ficaram emocionados ao tomar conhecimento da partida de Roberto Macedo.

"Ele combateu o bom combate, guardou a fé, e agora recebe o justo prêmio que Deus tem para os seus eleitos", disse à coluna Ricardo Cavalcante, para quem Roberto Macedo foi um líder que empreendeu, na sua gestão à frente da Fiec, um estilo próprio e firme, que agregou valor e qualidade à nossa instituição.

"Neste instante de profunda dor, desejo transmitir à sua esposa, D. Tânia, a minha solidariedade e os sentimentos de pesar de toda a comunidade da indústria do Ceará à qual Roberto dedicou uma parte importante de sua vida", disse Ricardo Cavalcante.

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