CSP custou US$ 5,4 bi de investimento. Foi vendida por US$ 2,2 bi

Esta coluna apurou que a brasileira Vale e as coreanas Dongkuk e Posco divergiram ao longo do caminho. A saída foi desfazer-se do ativo. E mais: O Pão de Açúcar chega ao Iguatemi Bosque

Legenda: Foto de uma das unidades brasileiras de siderurgia da gigante multinacional ArcelorMittal
Foto: ArcelorMittal / Divulgação

Na implantação de sua usina siderúrgica, a CSP – controlada pelos sócios Vale, brasileira, e Dongkuk e Posco, sulcoreanas – foram investidos US$ 5,4 bilhões.

No empresariado cearense paira a óbvia pergunta: por que esse valioso ativo foi vendido à gigante mundial da siderurgia Arcelor Mittal por apenas US$ 2,2 bilhões? 

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Esta coluna apurou que, nos últimos dois anos, as relações da Vale, sócia majoritária da Companhia Siderúrgica do Pecém – detendo 50% do capital da empresa — com seus parceiros coreanos Dongkuk (30%) e Posco (20%) deterioraram-se a tal ponto que a única solução possível para o desiderato pacífico anunciado quinta-feira, 28, foi o que propôs a AcerlorMittal, nova dona da usina siderúrgica do Pecém.. 

O preço foi justo? – perguntou esta coluna a um consultor da área siderúrgica. Sua resposta: 

“Os executivos da Arcelor-Mittal conheciam essas divergências e as vinham acompanhando com lente de lupa e crescente interesse, torcendo para que elas chegassem aonde chegaram.” 

O mesmo consultor disse que, “provavelmente por questões de cultura, os brasileiros da Vale e os coreanos da Dongkuk e da Posco nunca jogaram golfe juntos no Aquiraz Riviera; os asiáticos jogavam entre si”. 

Vale aqui recorrer ao que disse ontem a esta coluna o secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do governo do Ceará, Maia Júnior, na opinião de quem a Vale, ao liderar o projeto da CSP, “prestou um grande serviço a este estado, implantando uma moderna e gigantesca planta siderúrgica, de padrão tecnológico mundial”.

A Vale foi feliz ao chamar para a empreitada dois grupos econômicos sul-coreanos, que, na fase de construção do empreendimento e nos seus primeiros dois anos de funcionamento, foram parceiros inseparáveis.

Mas, entre a opinião de Maia Júnior e a realidade de agora, surgiu a distância de um abismo. 

Um dos pontos divergentes relaciona-se à construção do segundo alto forno da usina, sem o qual sua produção estará limitada às atuais 3 milhões de toneladas/ano de placas de aço. Os coreanos queriam construí-lo agora, mas a Vale - observando o cenário próximo de turbulência da economia mundial, com recessão iniciando nos EUA e beirando a Europa, e o panorama político do Brasil - preferiu postergar esse investimento.

Os três sócios originais da CSP desentenderam-se ao longo do caminho e a razão desse desentendimento está à vista: a Vale não tem vocação industrial, pois é uma mineradora que escava o chão brasileiro, tira dele o minério de ferro e o exporta para o mundo, principalmente para a China.

A Vale é uma das três maiores empresas mundiais de extração e exportação de minerais. 

Mas os interesses do Ceará estão preservados: a ArcelorMittal é uma das maiores do planeta na área siderúrgica, está capitalizada e pode, no curto prazo, construir o segundo alto forno e, ainda, instalar uma unidade de laminação, agregando valor ao aço de alta qualidade que produz e exporta a usina do Pecém.

NO IGUATEMI BOSQUE, CHEGA O PÃO DE AÇÚCAR

Foi aberta ontem, no Shopping Iguatemi Bosque, em Fortaleza, uma gigantesca loja da rede Pão de Açúcar. 

Ela tem 3 mil ² e um layout completamente diferente de suas lojas tradicionais e mais diferente ainda em relação à do extinto Extra, que funcionava no mesmo endereço.

Um dos destaques é o Espaço Casa Pão, que, além dos produtores saídos de sua padaria, tem ainda utensílios para o lar.

Também há espaços especiais para bebidas, com destaque para os vinhos, e para os produtos pet.