Com ArcelorMittal, Ceará volta a sonhar com a laminadora
Vale e coreanas não cumpriram promessa de instalar unidade de aços planos. E mais: 1) Água Minalba, a melhor do Brasil; 2) Queijo de coalho jaguaribano é patrimônio cultural: 3) O lucro da Petrobras
Importante para a economia cearense, a venda da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) para a gigante multinacional da siderurgia ArcelorMittal, com sede na europeia Luxemburgo, não surpreendeu, pois já era esperada.
A brasileira Vale, que detém 50% do capital da empresa, e seus sócios coreanos Dongkuk (30%) e Posco (20%) já vinham emitindo sinais de que seu empreendimento havia dado o que tinha de dar.
Assim, a boa saída seria passá-lo adiante. E foi o que fizeram os três sócios. A venda da CSP foi comunicada ao público em Fato Relevante divulgado ontem de manhã, antes do início do pregão da Bolsa de Valores B3, pela compradora ArcelorMittal.
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Maior empresa mineradora do Brasil, a Vale, com os 50% dos US$ 2,2 bilhões (R$ 11,3 bilhões ao câmbio de hoje) da venda da CSP, terá recursos para investir em outras áreas de sua atuação. E suas sócias coreanas, com o que lhes caberá nessa transação, farão o mesmo nos seus negócios em Seul.
Surge a pergunta: com a venda da CSP, ganha ou perde o Ceará?
Empresários cearenses ouvidos pela coluna responderam, unanimemente: “Ganha o Ceará, que passa a ter aqui um peso-pesado da indústria mundial do aço”, como disse Carlos Prado, primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).
Esta opinião é a mesma do governo do Estado, que veio pela voz do seu secretário do Desenvolvimento e Trabalho (Sedet), engenheiro Maia Júnior. Ele disse à coluna o que se segue:
“Vejo essa operação com naturalidade, pois é corriqueira no mercado – acionistas que vendem suas ações, acionistas que as compram, tudo isso faz parte da vida de grandes empresas. Mas estamos falando de um projeto que ganhou maturidade, que cumpriu suas finalidades, cumpriu seu papel – o Ceará tem, hoje, uma siderúrgica de alta qualificação planetária.
“Quem conhece essa operação no mercado sabe que essa era a intenção da Vale do rio Doce havia muitos anos. A Vale não é uma siderúrgica, ela é mineradora. A Vale entrou nesse processo para estimular vários interesses que ela tinha para contribuir com o desenvolvimento do estado do Ceará. Este é o primeiro ponto.
“O segundo ponto que eu observo é a importância de quem vai substituir os atuais acionistas da CSP. A AcelorMittal é uma das grandes do mercado siderúrgico do mundo, que conhece bem a cultura brasileira, que deve ter analisado e investigado com profundidade essa aquisição. Assim, o substituto nos traz muita tranquilidade.
“O terceiro ponto importante é relativo aos acionistas da ArcelorMittal, os quais, provavelmente, deverão fazer uma visita ao estado, à usina da CSP, ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém, e deverão falar dos seus planos. Quem faz um investimento dessa monta deseja, primeiro, remunerar seu capital e ter resultados; segundo, deve ter um plano de crescimento para agregar valor à empresa; terceiro, poderá fazer evoluções importantes no Ceará, como a que aponta para investimentos em Hidrogênio Verde e em energias renováveis.
“Finalizando, vejo a operação como positiva, mas temos de aguardar os acontecimentos para podermos confirmar a perspectiva dessa troca” (de controlador na CSP).
Esta coluna entende que o Ceará está ganhando uma multinacional muito maior em tamanho do que a CSP, e não é sem motivo.
Os executivos da ArcelorMittal vieram aqui discretamente, conheceram a usina siderúrgica do Pecém, o Complexo Industrial e Portuário ao seu lado e em cuja administração está postada, em posição de destaque, como sócio e dono da expertise, o Porto de Roterdã, e isto não é pouca coisa, pelo contrário, é o que faz a diferença, é a vantagem comparativa que o Ceará tem.
Resumindo: do ponto de vista estratégico, econômico e financeiro, a ArcelorMittal está dando um tiro na mosca. E a indústria metalúrgica cearense e nordestina celebra, pois o sonho de uma unidade de laminação, ou seja, de produção de aços planos, ressurge com força. Um sonho que inclui uma montadora de automóveis.
QUEIJO DE COALHO, PATRIMÔNIO JAGUARIBANO
Milhares de pequenos pecuaristas do sertão cearense produzem queijo de coalho.
Na região do Jaguaribe, essa atividade alcançou um nível de qualidade tal, que é elogiado não apenas pelos consumidores, mas também pelas autoridades sanitárias.
Por isto mesmo, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, entregou ontem ao superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Ceará, Cândido Henrique Bezerra, uma inédita solicitação.
Silveira pediu ao Iphan que seja reconhecido como Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil o modo de fabricação tradicional do queijo de coalho da região do Vale do Jaguaribe.
Uma solicitação desse tipo demora pelo menos um ano para ser atendida ou rejeitada pelo Iphan. Então, é esperar.
ÁGUA MINALBA, A MELHOR DO BRASIL
Empresa do Grupo Edson Queiroz, a Minalba Brasil foi eleita a líder de mercado em água mineral no país, de acordo com pesquisa do Ranking Nielsen. A publicação, chamada de “5+”, analisou 206 categorias de produtos pelo Brasil.
Além da Minalba, a Indaiá, representada pelo refrigerante “Refri”, foi destaque na categoria “Refrigerantes + Bebidas Gaseificadas”.
A pesquisa do Ranking Nielsen, que coleta os dados nos principais canais do varejo, analisa a movimentação e o comportamento dos consumidores brasileiros em relação aos produtos mais acessados. As informações retratam dados estratégicos em relação às marcas que compõem as cestas das famílias (alimentos, bebidas, limpeza, higiene pessoal e cosméticos).
“Estar entre as marcas mais bem avaliadas pelos brasileiros nos dá excelentes parâmetros estratégicos para seguirmos levando o melhor produto aos nossos consumidores. A Minalba Brasil tem orgulho de estar presente entre as principais marcas em água mineral e bebidas gaseificadas e sabe da exigência do consumidor em ter o que é de melhor dentro de casa”, celebra Maurício Favoretto, diretor comercial da Minalba Brasil.
Além da liderança nacional, a pesquisa Nielsen analisa também o consumo por regiões. Neste quesito, a Minalba também é a água mais consumida na Grande Rio de Janeiro e na Grande São Paulo, além da região Nordeste.
Por sua vez, o refrigerante Refri, fabricado pela Indaiá, marca do portfólio de produtos da Minalba Brasil, foi destaque nacional sendo o quinto refrigerante mais consumido no país.
MAIS UM SUPER LUCRO DA PETROBRAS
Ontem à noite a Petrobras publicou seu balanço financeiro relativo ao segundo trimestre deste ano.
E o seu lucro veio acima do esperado: R$ 54,3 bilhões, ou seja, 26,8% maior do que os R$ 44,5 bilhões obtidos no primeiro trimestre deste ano.
O mercado errou de novo: esperava que esse lucro chegaria a R$ 38 bilhões.
Vale repetir: em apenas três meses -- abril, maio e junho deste 2022 – a Petrobras teve um lucro de R$ 54,3 bilhões.
Motivo: a grande alta dos preços dos combustíveis, o que levou o governo a fazer a terceira troca de presidente da empresa, cuja política de preços é de paridade com a cotação internacional, algo que a nova direção da estatal promete mudar a partir deste segundo semestre.
O faturamento da Petrobras, no segundo trimestre, alcançou a montanha de R$ 170 bilhões, o que representa um aumento de 54,4% em relação à sua receita do primeiro trimestre.
Para os milhares de acionistas da Petrobras, e aqui no Ceará há centenas deles, a boa notícia vem agora: a estatal anunciou ontem que pagará R$ 87,8 bilhões em dividendos. Desse total, R$ 32,1 bilhões serão pagos ao acionista controlador, o governo da União, ou seja, ao Tesouro Nacional.
A primeira parcela desses dividendos será paga no dia 31 de agosto; a segunda, no dia 20 de setembro.