Crise na cajucultura do Ceará: Governo reage à crítica da Embrapa

Em nota transmitida a esta coluna, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho diz que o governo não pode ser citado como único culpado (pela crise)

Legenda: O cajueiro anão (foto) é o ideal para ocupar as áreas que eram e ainda são ocupadas pelo cajueiro antigo
Foto: Embrapa / Divulgação

A Sedet encaminhou a esta coluna uma nota, na qual lista uma série de providências que tem adotado para dinamizar a cultura do caju no estado e afirma que “não dá para citar o governo como único culpado” (pela crise que atravessa a cajucultura).

Eis, abaixo, na íntegra, a nota que a Sedet encaminhou a esta coluna:

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“Desde 2019, a Secretaria do Desenvolvimento e Trabalho (Sedet) trabalha com foco em atividades agrícolas que geram os melhores indicadores: produtividade, receita e emprego por hectare, bem como produtividade, receita e emprego por cada metro cúbico de água consumido são indicativos importantes para que possamos escolher as melhores culturas e incentivá-las. Sendo a atividade tradicional ou não, nossa Secretaria acredita que somente com tecnologia e culturas de alto valor agregado no campo poderá transformar o meio rural de nosso Estado.

“A cultura do Caju, mesmo já sendo um componente da paisagem e da culinária cearense, ainda carece de muita informação como o Dr. Gustavo Saavedra cita na matéria. A Embrapa ainda busca conhecimentos importantes para demonstrar a diferenciação e a viabilidade do cajueiro nos diversos modelos de produção. Além disso, pontos como aumento de produtividade dos pomares, desenvolvimento de uma solução para o destino do pedúnculo envolvendo principalmente o mercado e, finalmente, uma maior integração entre produtor e a indústria são desafios importantes.

“A tecnologia gerada e aplicada em países asiáticos e africanos conseguiram aumentar a produção e a exportação. É preciso entender o que fez a cajucultura crescer no Vietnã, Gana, Camboja, Índia e Costa do Marfim e não aqui. Isso certamente envolve muita coisa. Não dá para citar o governo como único culpado.

“A Adece sempre investiu em pesquisas com o caju em parceria com a Embrapa. O principal projeto desenvolveu um modelo de produção que foi denominado de cajucultura de alto desempenho. Com recursos da Adece, foi implantada uma área na região do baixo Jaguaribe que demonstrou que essa atividade agrícola, quando tratada como uma fruticultura moderna, pode ser rentável, mas para isso é necessário alto investimento. O que se observa nos últimos anos é o empresariado saindo dessa atividade, pois quando põe na ponta do lápis uma cajucultura nos moldes tradicionais, a decisão tomada é na maioria das vezes investir em outras culturas mais demandadas pelo mercado para obter maior lucro.

“Entendemos que é importante que os Estados com grande produção possam elaborar políticas públicas. Precisamos, principalmente, atrair investidores para cajucultura, mas para isso é preciso demonstrar que essa atividade pode gerar melhores resultados. 
“A Sedet vem discutindo nos últimos meses com a Câmara Temática do Caju um projeto para apoiar a cajucultura no Ceará, envolvendo também o Programa Cientista-Chefe da Agricultura da Sedet/Funcap. De qualquer forma, ficamos à disposição da Embrapa, que já faz parte dessa CT, para discutir uma proposta mais efetiva para este setor.”