Nasceu na última quinta-feira, 2, em Brasília, a Rede Nacional de Irrigantes (RNAI), que reúne as principais associações de irrigantes, incluindo as cearenses Univale (do Vale do Jaguaribe) e do Distar (Distrito de Irrigação Tabuleiros de Russas).
Iniciativa da Frente Parlamentar do Agronegócio, a RNAI já recebeu o apoio da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com quem se reuniram os líderes da RNAI, entre os quais o seu coordenador, Lineu Neiva Rodrigues, doutor em engenharia agrícola e pesquisador da Embrapa, e Luiz Roberto Barcelos, ex-presidente da Abrafrutas e sócio e diretor institucional da Agrícola Famosa.
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Os objetivos da RNAI estão bem definidos no documento que o coordenador da Rede publicou: “Reunir os irrigantes do Brasil para discutir a agricultura irrigada de forma estratégica: Apresentar a agricultura irrigada como um vetor para o desenvolvimento, com contribuições efetivas para segurança alimentar, econômica e ambiental do Brasil.”
A RNAI será constituída por dois representantes por associações de irrigantes; dois representantes por polos de irrigação; e dois representantes de nichos da agricultura irrigada.
Na Carta Aberta que publicou logo após a formalização de sua constituição, dirigida “ao Governo Brasileiro”, a RNAI afirma que a entidade foi criada “para o Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Irrigada no Brasil, visando a segurança alimentar e ambiental, a sustentabilidade do agronegócio e a redução da fome e da pobreza no Brasil”. E acentua:
“A irrigação é, sem dúvida, a tecnologia com maior potencial de contribuir para o aumento da segurança alimentar e ambiental, bem como para a redução da fome e da pobreza, além de gerar grande número de empregos. A irrigação traz benefícios importantes relacionados à (1) produção de alimentos, (2) à geração de empregos, (3) ao desenvolvimento social e (4) ao meio ambiente e, de tal forma, é uma tecnologia fundamental em qualquer planejamento estratégico de Estado.”
Em seguida, a carta aberta expõe as virtudes da agricultura irrigada:
“Produção: Produtividade média: 3 vezes maior do que a de sequeiro, podendo, em algumas culturas, como o arroz, chegar até seis vezes;
“Estabilidade: Reduz a variabilidade anual da produção, pois diminui os efeitos da variabilidade e das mudanças climáticas;
“Oportunidade: Viabiliza a produção de certas culturas, como, por exemplo, as hortaliças;
“Efetividade: Viabiliza a produção durante todo o ano, inclusive no período seco, e em regiões com baixa disponibilidade hídrica;
“Qualidade: garante mais qualidade ao produto final, aumentando o seu valor agregado.
“Geração de emprego: 2 a 6 empregos por hectare na cadeia;
“Desenvolvimento social: Valor da produção irrigada em 2019 = R$ 55 bilhões. Aumento do Produto Interno Bruto e redução da pobreza.
“Meio Ambiente: Redução da demanda por abertura de novas áreas para produção de alimentos. No mundo: são 300 milhões de hectares preservados; Aumento do sequestro de carbono.”
A Carta Aberta da RNAI prossegue:
“O Brasil é um dos poucos países do mundo com capacidade de triplicar sustentavelmente sua área irrigada. Os últimos levantamentos indicam que o país possui cerca de 8,2 milhões de hectares irrigados e tem potencial de irrigar 55 milhões de hectares, o maior potencial de crescimento de área irrigada no mundo.
“A ampliação da área irrigada no Brasil não compete com a preservação ambiental ou com outras atividades sociais e produtivas. A irrigação contribui para o desenvolvimento social e econômico do país, com geração de empregos estáveis e duradouros, além de reduzir as pressões sobre áreas de vegetação nativa uma vez que as áreas irrigadas podem produzir até três vezes mais que a de sequeiro e trazem maior rentabilidade aos produtores. O crescimento sustentável e organizado da área irrigada no Brasil exige alto nível de planejamento e articulação entre vários setores da economia e dos governos Federal e Estaduais.
“Assim, impõe-se a necessidade de elaboração de planos estratégicos de desenvolvimento agrícola, focados na produção e não somente em infraestrutura, como vem ocorrendo ao longo dos últimos 20 anos. Os irrigantes brasileiros têm demonstrado, ao longo de décadas, criatividade e resiliência para responder aos mais variados tipos de mudanças.
“Para continuar a expansão e desenvolvimento da agricultura irrigada são necessárias políticas de Estado efetivas que tragam segurança jurídica e o norteamento para o crescimento. A necessidade do fortalecimento da agricultura irrigada a cada dia vai se mostrando como um imperativo para segurança na produção de alimentos, fibras e energéticos, devendo estar perfeitamente alinhada com a política agrícola do país, sendo ambientalmente sustentável, economicamente viável e socialmente justa."