CIPP S/A e Concremat projetam nova ampliação do Pecém

Estudam-se soluções técnicas que prolonguem o molhe de pedra de proteção e permita a construção de um novo píer para o H2V e as cargas da Transnordestina. E mais: 1) Estimativas do Hidrogênio Verde; 2) China dá todo o poder a Xi Jiping

Legenda: Estudo visa apontar possíveis melhorias e investimentos em infraestrutura focados no setor de energias renováveis
Foto: Carlos Marlon

Rápido no gatilho, o Governo do Ceará respondeu ao apelo de Oyvind Vessia, diretor de Política Energética da dinamarquesa Orsted, maior empresa do mundo na produção de energia eólica “off shore” (dentro do mar), que pediu a imediata ampliação do Porto do Pecém.

Uma alta fonte ligada ao Palácio da Abolição, que, pessoal e diretamente, acompanha os trabalhos para a viabilização do Hub do Hidrogênio Verde no Ceará, revelou ontem a esta coluna que já está sendo desenvolvido o projeto de construção de um píer exclusivo para a movimentação do H2V, a ser produzido na área do Complexo do Pecém, e da carga geral a ser movimentada pela Ferrovia Transnordestina, cujas obras, aliás, avançam na velocidade da tartaruga e na disposição do bicho-preguiça.

(O ministério da Infraestrutura prometeu acelerar providências para a solução do impasse que impede a liberação de verbas do Finor e do FDNE, mas, por enquanto, tudo não passou de promessa. Essa estrada de ferro é construída pela Trasnordestina Logística S/A, empresa do Grupo CSN).

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A mesma fonte informou que engenheiros da CIPP S/A, empresa que administra o Porto do Pecém, e da Concremat, uma das maiores consultoras da construção pesada no Brasil, trabalham em conjunto na elaboração do projeto que deverá prolongar para o Oeste o enrocamento que protege o Terminal de Múltiplo Uso (TMUT). 

Mas há outra opção – provavelmente de custo mais caro pela maior profundidade do mar, exigindo mais volume de pedra – que é a extensão do enrocamento na direção Norte e sua posterior inflexão para Oeste ou Leste, dependendo da solução técnica a ser estabelecidas pelos técnicos. 

Ambas as soluções aproveitarão as duas pontes de acesso aos píeres de movimentação de granéis sólidos (grãos e minérios) e de combustíveis e ao TMUT (carga geral, principalmente placas de aço, pás eólicas e contêineres). 

O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Governo do Estado, engenheiro Maia Júnior, já dera uma pista a respeito ao dizer, na semana passada, que “o Porto do Pecém precisará de nova ampliação”.

Maia retornou sábado à noite de uma viagem de duas semanas que o levou a várias e importantes reuniões na Alemanha, na Holanda e na Dinamarca.

Tecnologia e expertise portuárias é o que não falta à Companhia do Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP S/A), que tem ao seu lado, como sócio estratégico, nada menos do que o Porto de Roterdã, o maior da Europa, pelo qual entrará naquele continente boa parte de toda a produção mundial de Hidrogênio Verde.

A CIPP S/A é, hoje, uma empresa capitalizada, autossuficiente, que aposta alto na janela de oportunidade que é o projeto do Hub do H2V no Ceará. Sua diretora comercial, a cearense Duna Uribe, foi, por vários anos, diretora do Porto de Roterdã, cidade onde morou e de onde veio para representar, na diretoria da empresa cearense, a Autoridade Portuária holandesa.  

Por tantas coincidências, o governador Camilo Santana costuma dizer que a presença de Duna na CIPP é uma providência divina.

A nova ampliação do Porto do Pecém será, na opinião do secretário Maia Júnior, uma providência natural, boa consequência dos entendimentos que o Governo do Ceará empreende com grandes “players” do mercado mundial de energia, óleo & gás. 

Ontem, por meio de uma rede social, Maia afirmou que, embora esteja “tudo no começo, tendo muito a aprender e a desenvolver, principalmente na virtude da resiliência,  o governo cearense está no caminho certo”, mas advertiu: 

“O tempo dirá se o caminho que hoje adota a Europa é o caminho a ser seguido pelo Ceará no Brasil. O que vi agora no Velho Continente me leva a concluir que – se fizermos, bem feito, o dever de casa, se prepararmos o Estado para os empreendedores privados, sem a concessão de subsídios, a não ser as políticas de incentivos já existentes—o Ceará se transformará num grande polo desse novo mercado de energia que se abre aqui e no mundo”.

Maia Júnior lembrou que que, fruto de 25 anos de intenso trabalho e largo investimento do governo estadual (com forte ajuda federal) na implantação da atual logística portuária, o Ceará pode hoje apresentar-se ao mundo – como acaba de fazê-lo nas rodadas de negócios que ele e o governador Camilo Santana empreenderam em Munique, Roterdã e Copenhagen – “como um ‘player’ importante nesse jogo que só está começando”.

HIDROGÊNIO VERDE: UMA ESTIMATIVA

Um consultor em energia, estimou, a pedido desta coluna, que, até 2034, se forem implementados só 40% do que está previsto para o Ceará na área da geração de energias renováveis – o  Hidrogênio Verde (H2V) no meio – serão colhidos os seguintes números:

6 GW de energia limpa frente a uma demanda de 17 GW;

US$ 12 bilhões em investimentos;

Produção de 3 mil toneladas/dia de H2V e de 14 mil toneladas/dia de amônia;

Somente com a produção do H2V, estimada em cerca de 1 bilhão de toneladas, seria arrecadado, com a venda do produto, cerca de US$ 1,5 bilhão;

E serão gerados aproximadamente de 8 mil empregos diretos. 

Tudo a conferir.

CHINA DÁ TODO PODER A XI JIPING

De hoje até quinta-feira, estará reunido em Pequim o pleno do Comitê Central do Partido Comunista da China. 

Seus quase 370 membros, em reunião a portas fechadas, proclamarão, ao final, que o atual presidente Xi Jiping deverá continuar no poder por tempo indeterminado.

Esta deliberação será referendada no próximo ano pelo 19º Congresso do PC chinês, que dará a Xi Jiping o mesmo poder que, antes dele, tiveram Mao Zedong, líder da revolução de 1949, e Deng Xiaoping, responsável pela mudança radical que passou a China, principalmente na economia, de 1981 até aqui. 

A meta de Xi Jiping é fazer da China, sob seu comando, a maior potência mundial em todos os setores – inclusive o militar.