CEO da ArcelorMittal conversa com Elmano, mostra planos e fala de incentivos

Erick Torres, designado para comandar a usina siderúrgica do Pecém, acena com boas notícias, mas lembra o contrato que garante à empresa incentivos fiscais do governo

Legenda: Usina Siderúrgica do Pecém, agora pertencente à Arcelor Mittal, tem planos para uma unidade de laminação
Foto: Divulgação

Já conversaram o governador Elmano de Freitas e o CEO da ArcelorMittal no Ceará, dona da usina siderúrgica do Pecém, engenheiro siderúrgico Erick Torres. A usina, como é sabido, tem novo dono: o grupo indiano ArcelorMittal (assim mesmo, duas palavras juntinhas uma da outra), que a comprou por US$ 2,2 bilhões no meio do ano passado. 

Erick Torres apresentou-se ao chefe do Poder Executivo cearense, expondo-lhe os planos da empresa para a expansão de sua usina e de seus negócios no Ceará. 

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Mas uma fonte que tem direta ligação com a ArcelorMittal revelou à coluna que o sr. Torres, além dos seus planos expansionistas, abordou a questão do contrato que, celebrado em 2011, garante à companhia o menu de incentivos fiscais que o governo estadual cearense oferece a quem aqui investe. 

Há menos de dois meses, o governo do Ceará encaminhou ao Poder Legislativo – que o aprovou de goleada – um pacote de medidas no meio do qual foi incluída a que reduz em 12% esses incentivos fiscais, estabelecendo uma surpreendente quebra de contrato juridicamente perfeito, o que atinge (do verbo atingir, que pode ser entendido, também, como bater, ferir, lesionar, machucar, agredir, golpear) a elogiada confiança de que desfrutava o governo cearense nos mercados nacional e internacional, sendo uma vantagem comparativa importante.

Nada vasou, ainda, da conversa que Elmano Freitas e Erick Torres tiveram durante a audiência de ontem, mas ela está levantando o interesse de todas as empresas incentivadas – como a Grendene, a Klabin, a Ambev, a Betânia, a Santana Têxtiles, entre outras – que gozam do cardápio de incentivos. 

A ArcelorMittal não investiu US$ 2,2 bilhões apenas porque a usina siderúrgica do Pecém é moderna, produz placas de aço da mais alta qualidade e tem clientes cativos e fiéis em mais de 30 países, incluindo os Estados Unidos. 

Ao decidir adquirir a usina, a empresa indiana anteviu várias oportunidades, a primeira das quais é visível a olho nu: o crescimento da geração de energias renováveis na geografia do Ceará, as quais a livrará do poluente carvão mineral e, ao mesmo tempo, permitir-lhe-á a produção do chamado “aço verde” por meio do uso de energia limpa, como a solar fotovoltaica e a eólica. Ponto.

Também está no radar de médio prazo da ArcelorMittal o projeto de instalção de uma unidade de laminação, o que dará ao Complexo do Pecém um up grade, pois o aço plano poderá atrair uma indústria de automóveis..

Aditya Mittal, CEO da ArcelorMittal, disse, em comunicado que divulgou na semana passada tão logo o Conselho Administrativo de Defesa da Economia (Cade) aprovou, definitivamente, a compra da usina que “há um caminho claro para descarbonizar o ativo”, ou seja, há uma avenida aberta para trocar o combustível fóssil, altamente poluidor (o carvão), por outro presenteado pela natureza, o que conferirá à usina o certificado de indústria 4.0 com sustentabilidade. 

Ontem, um empresário de grande porte, com fábrica que emprega 500 pessoas na RMF, também beneficiada pelos incentivos fiscais, disse a esta coluna: 

“A ArcelorMittal cuidará dos interesses de todas as empresas incentivadas no Ceará. O que o governo do Estado garantir a ela, terá de garantir às demais”.