Ontem, a Bolsa de Valores B3 fechou em queda de 0,48%, aos 103.121 pontos, enquanto o dólar subiu 1,16%, fechando o dia cotado R$ 5,26.
Foi uma segunda-feira ruim para as bolsas do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa, o que deve ser entendido como consequência da falência de três bancos norte-americanos, cujos depositantes foram socorridos pelo governo.
A queda de ontem das bolsas dos EUA só não foi maior porque os investidores estão agora antevendo que o Federal Reserve, o Banco Central de lá, será comedido em sua política monetária, devendo amenizar a administração dos juros.
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Estava prevista, na sua reunião do próximo dia 21, que o FED elevaria em 0,50% a taxa de juros da economia norte-americana, mas agora, diante da quebra do Silicon Valley Bank, a previsão é de que essa elevação será de 0,25%. Há, porém, a possibilidade de, simplesmente, não haver aumento dos juros.
Resultado dessas hipóteses: os juros dos títulos do Tesouro norte-americano, considerado o melhor e mais seguro lugar para investimento em tempos de crise, recuaram ontem.
Os títulos com vencimento em 10 anos caíram 15 pontos base, enquanto os de dois anos recuaram 59 pontos base. Foi a maior queda de juros dos títulos norte-americanos desde 2008.
Aqui no Brasil, além dos efeitos nocivos da falência dos bancos norte-americanos, pesou para a queda da Bolsa B3 um novo recuo dos preços de commodities, entre as quais os do petróleo. Por isto, as ações ordinárias da Petrobras, com direito a voto, caíram 3,17%, enquanto as preferenciais recuaram 3,16%.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falando ontem em um evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, em Brasília, anunciou que, nesta semana, apresentará ao presidente Lula a proposta do novo arcabouço fiscal, que substituirá o teto de gastos. Se o presidente a aprovar, ela será encaminhada na próxima semana ao Congresso Nacional.
Foi essa fala do ministro Haddad que evitou uma queda maior da Bolsa de Valores B3 ontem. Os investidores mantêm a boa expectativa em relação à proposta, que, de acordo com o ministro da Fazenda, foi considerada consistente pelos membros da equipe econômica do governo.
A ideia de Fernando Haddad é de que, já na próxima semana, o ministério do Planejamento possa elaborar a nova Lei de Diretrizes Orçamentários (LDO) dentro do que prevê o novo arcabouço fiscal.
De acordo com Fernando Haddad, o esforço de sua equipe tem sido o de evitar vazamento de alguns aspectos do texto do novo arcabouço fiscal. Ele teme que um vazamento poderá provocar repercussões no mercado e, mais do que isso, o uso de informação privilegiada para fazer alguém especular e ganhar dinheiro no mercado financeiro.
Em algum momento, haverá vazamento, mas isso acontecerá do jeito certo, disse o ministro.
Na próxima semana, nos dias 21 e 22, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, reunir-se-á para estabelecer a nova taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. Há expectativas em torno dessa reunião e uma delas é de caráter político.
O presidente Lula tem feito duras críticas à autoridade monetária, que é o Banco Central. De acordo com Lula, a taxa de juros está muito alta, e isto é efeito da independência do Banco Central, que, na sua opinião, “não serve pra nada”.
Lula tem criticado também o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e essas críticas têm sido mal-recebidas pelo mercado, sendo esta uma das razões pelas quais a Bolsa de Valores vem apresentando performance negativa nas últimas semanas.
Outra expectativa em relação à reunião do Copom é de caráter técnico: a falência de três bancos nos EUA deverá estancar, lá, a política de juros altos do Federal Reserve, podendo o mesmo acontecer aqui no Brasil.
O mercado brasileiro chega a admitir que a taxa de juros Selic, que desde agosto do ano passado está em 13,75%, poderá ser reduzida na reunião do Copom, na próxima semana, em 0,25%, como um sinal de que a autoridade monetária está atenta não só ao cenário da economia nacional, mas também à cena econômica internacional. Então, aguardemos.
Para agitar a já tumultuada situação da economia mundial, a Coreia do Norte disparou hoje, terça-feira, três mísseis balísticos. É o segundo disparou que os norte-coreanos fazem em dois dias.
Trata-se de uma resposta bélica às manobras conjuntas que forças militares navais e aéreas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul estão fazendo há vários dias.
Isso acontece no momento em que os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália celebram um acordo para a fabricação de novos submarinos movidos a energia nuclear.
A China protestou na ONU contra esse acordo, dizendo que ele agrava o perigo de uso de armas atômicas em conflitos bélicos.
Os líderes do mundo estão ficando mais loucos.