Ceará tem três obras hídricas que precisam de ajuda federal

São elas: o Ramal do Salgado, a duplicação das bombas do Canal Norte do Projeto S. Francisco e a duplicação dos sifões do Eixão das Águas

Legenda: Trecho do eixão das águas, uma das obras hídricas prioritárias para o desenvolvimento econômico do Ceará
Foto: Natinho Rodrigues / Diário do Nordeste

Há três obras importantes de interesse do Ceará na área dos recursos hídricos. São elas, não necessariamente na ordem a seguir:

1) Construção do Ramal do Salgado, que é o último trecho do Projeto São Francisco de Integração de Bacias;

2) Duplicação do número de bombas do Canal Norte do mesmo projeto; e

3) Duplicação dos Sifões do Eixão das Águas, que transporta por canais a céu aberto as águas do açude Castanhão até Fortaleza.

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Esta coluna conversou ontem com técnicos da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), que justificaram os três empreendimentos como “essencialmente importantes” para garantir, definitivamente, a oferta de água à toda região do Vale do Jaguaribe, onde a agricultura e a pecuária empresariais crescem no ritmo do frevo, e aos municípios da Região Metropolitana de Fortaleza, incluindo São Gonçalo do Amarante e Cauacaia, onde se encontra o Complexo Industrial e Portuário do Pecém e onde se instalará o futuro Hub do Hidrogênio Verde.

Problema: o governo do Ceará, sozinho, não tem, nem terá no curto e no médio prazos, condição financeira para a execução dessas obras. 

Assim, a saída para viabilizá-las será pelo Orçamento Geral da União (OGU), via emendas parlamentares, para o que terá o próprio governador do estado, Elmano de Freitas, ele mesmo, pessoalmente, de contactar com cada parlamentar da bancada federal cearense. 

Neste momento de boas chuvas e de recarga dos grandes e médios açude do Ceará (os pequenos estão vertendo), dá-se pouca importância ao sistema de abastecimento de água do Ceará, uma vez que pelos próximos dias dois anos já está assegurada essa oferta. 

E se vier a acontecer, no segundo semestre deste 2023, a volta do El Niño, como prevê o conjunto de institutos nacionais e estrangeiros que monitoram o clima no mundo inteiro, o que acontecerá? E se esse fenômeno persistir por dois ou três anos? O El Niño causa enchentes no Sul do Brasil e na Argentina, que, aliás, vem sendo açoitada por forte seca que reduziu bastante suas safras de soja, milho e trigo.

Como o seguro morreu de velho, será sensato que se antecipem, no Ceará, as providências para que aqueles três projetos tenham garantidos os recursos orçamentários de que necessitarão para a sua plena construção, algo que demorará alguns anos se não houver – e sempre há – atraso na liberação das verbas.

Por exemplo: a construção do Ramal do Salgado demandará três anos – ele terá 100 quilômetros de extensão, mas reduzirá em 150 quilômetros a viagem das águas do rio São Francisco até o Castanhão. Seu custo será superior a R$ 1,5 bilhão.

Os mesmos técnicos da SRH, com os quais esta coluna conversou ontem, também indicaram como importante para o desenvolvimento da economia cearense a construção da adutora que levará água para a futura unidade industrial que, no sítio de Itataia, no município de Santa Quitéria, no Norte do Ceará, transformará em fertilizante o fosfato de sua mina – que contém tem 46% de todo o urânio do Brasil.

Essa indústria reduzirá em dois terços a importação de fertilizante, hoje fornecido pela Rússia. 

Mas há problema: militantes de movimentos ambientalistas já se ergueram contra a implantação dessa usina, cujo projeto está em processo de obtenção do licenciamento ambiental.