Hoje sai o IPCA de março; Lula viaja para a China a negócios

Presidente Lula diz que quer aumentar vendas para Pequim, mas pedirá investimentos chineses no Brasil. O arcabouço fiscal ainda é só uma boa expectativa

Legenda: Há 10 anos, Lula e Xi Jiping encontraram-se e tornaram-se amigos
Foto: J. Renato Peneluppi Jr / Instituto Lula

Ontem, a Bolsa de Valores brasileira B3 subiu 1,02%, aos 101.846 pontos, enquanto o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,06, com alta de 0,16%. Nos Estados Unidos as bolsas operaram na quase estabilidade, com pouca liquidez, o que foi reflexo da falta de operação das bolsas da Europa, onde a segunda-feira foi de feriado.

Também contribuiu para o reduzido movimento nas bolsas norte-americanas as novas tensões entre os Estados Unidos e a China por causa de Taiwan. De sexta-feira até ontem, mais de 70 aviões e mais de 10 navios fizeram ostensivas manobras e exercícios como se estivessem preparando uma invasão à ilha de Taiwan, que desde 1949 é um território independente. 

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O governo da China, liderada pelo presidente Xi Jiping, já disse e tem repetido, com palavras e, também, com atitudes bélicas, que Taiwan faz parte do território chinês. E promete que Taiwan voltará ao seu domínio até 2049, quando se completarão 100 anos da Revolução comunista comandada por Mao Tse Tung.

Ontem, a Bolsa B3 operou incentivada pelas notícias da política procedentes de Brasília. O presidente Lula, em pronunciamento sobre os 100 primeiros de seu governo, fez elogios ao seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e à sua proposta do novo arcabouço fiscal. Lula disse que a proposta está muito bem elaborada e que, por isto mesmo, será aprovada pelo Congresso Nacional. 

A fala de Lula, que teve de novo críticas aos juros altos e mensagens indiretas ao Banco Central e ao seu presidente Roberto Campos Neto, alegrou os investidores, repercutindo positivamente na operação da Bolsa B3, que fechou em alta.

As ações da Vale subiram 1,93%, as da Petrobras valorizaram-se em 2,66% e as da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tiveram alta de 3,77%, sendo responsáveis pela boa performance de ontem da Bolsa B3.

Nesta terça-feira, às 8h30, o IBGE divulgará o IPCA, que é o índice oficial da inflação brasileira. A expectativa dos economistas é de que ele virá com desaceleração em relação ao mês anterior de fevereiro. Espera-se um IPCA de 0,77%, um pouco menor do que o 0,84% registrado em fevereiro.

Para os economistas o IPCA de março trará queda de preços no setor da educação, mas revelará a força do setor de serviços, que deve manter preços ainda elevados. O setor de serviços inclui, entre outros, os salões de beleza, os bares e os restaurantes, por exemplo. Também deverão mostrar resiliência os chamados preços administrados, como o dos combustíveis, que foram reonerados com a cobrança de impostos federais e com a incidência de uma alíquota maior do ICMs estadual. 

Os economistas estimam que, anualizada, a inflação brasileira, em março passado, ficou em 4,71%. Mas a média das previsões dos economistas aponta para uma inflação acima de 6% no fim deste ano de 2023.

Hoje, o presidente Lula embarca para a China na companhia de uma grande comitiva de ministros, deputados, senadores e empresários. A viagem para a China dura um dia inteiro. O avião presidencial, um Boeing 767-300, voará de Brasília até Sidney, na Austrália, e de lá até Pequim. A primeira etapa desse voo dura cerca de 14 horas; a segunda etapa, 12 horas. 

Lula disse ontem que tratará de negócios com seu homônimo chinês Xi Jiping. Ele informou que pretende não só ampliar as vendas de produtos brasileiros para a China, mas também atrair investimentos chineses no Brasil em áreas da infraestrutura e energias renováveis. 

A China, deve ser repetido, é o maior parceiro comercial do Brasil, que exporta para lá o equivalente a US$ 92 bilhões. De janeiro a agosto de 2022, por exemplo, o superávit da balança comercial com a China bateu em US$ 23,3 bilhões a favor do Brasil. 

Lula anunciou que convidará Xi Jiping a visitar Brasília, quando então lhe apresentará os setores da economia brasileira que poderão receber investimentos das empresas chinesas.