A usina siderúrgica da ArcelorMittal Pecém passará a consumir energia gerada no estado da Bahia por um parque eólico de 267 megawatts (MW) a ser construído pela Ventos de Santo Antônio Comercializadora de Energia, uma empresa do grupo Casa dos Ventos, controlado pelo empresário cearense Mário Araripe.
Esse parque eólica fornecerá energia para o Grupo Arcelor Mittal Brasil, do qual faz parte sua unidade siderúrgica do Pecém.
Nesta segunda-feira, o BNDES anunciou que aprovou a concessão de um crédito de R$ 3,16 bilhões à implantação do projeto – já denominado Babilônia Centro – o que representa 80% do valor total a ser investido nele. Trata-se do maior volume já financiado pelo BNDES para um empreendimento de geração de energia renovável.
Localizado nos municípios de Morro do Chapéu e Várzea Nova, o Babilônia Centro é resultado de uma joint-venture entre a Casa dos Ventos e a ArcelorMittal, e o empreendimento será responsável pelo abastecimento de aproximadamente 40% do consumo elétrico da ArcelorMittal no Brasil.
Com 123 aerogeradores, uma capacidade instalada de 553,5 MW e geração de energia estimada em 267 MW, o complexo permitirá que a ArcelorMittal Brasil seja autoprodutora de energia por meio do maior contrato corporativo de energia renovável celebrado no país.
"Essa operação reforça o compromisso do BNDES com projetos de geração renovável de grande escala, na busca por uma matriz energética cada vez mais sustentável para o Brasil, com produção de energia limpa e estímulo à descarbonização”, afirmou o presidente do banco, Aloizio Mercadante.
Há previsão de que sejam criados 1,5 mil postos de trabalho diretos e 3 mil indiretos durante a fase de implantação do empreendimento. Após a conclusão, o complexo eólico deverá empregar diretamente 80 funcionários e indiretamente outros 150.
A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, afirmou que o Brasil está em uma posição vantajosa em relação ao resto do mundo na transição energética.
Segundo ela, países como Índia e EUA estão fomentando - com muitos incentivos e subsídios - a instalação de parques eólicos e solares, o que o Brasil faz há vinte anos:
“Em 2004, o BNDES criou um programa de apoio a fontes alternativas de energia elétrica para financiar eólica e solar. O resultado é que projetos financiados pelo BNDES representam 57,5% do total da capacidade eólica instalada no Brasil, que é de 28,7 GW”, destacou ela.
Luciana Costa lembrou ainda que, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), a expansão das energias de fonte renováveis no mundo foi, no ano passado, 50% maior do que em 2022, destacando o Brasil entre os países mais relevantes.
“Projetos como o Babilônia são fundamentais para sustentar essa expansão crescente de fontes renováveis”, disse.
“O avanço da implantação deste projeto é um marco importante para a ArcelorMittal, porque está em linha com o nosso objetivo global de ser carbono neutro até 2050 e reduzir em 25% as emissões específicas até 2030. O Complexo Eólico Babilônia Centro vai assegurar energia limpa e contribuir para a descarbonização das operações da empresa no Brasil. O investimento em energia renovável é fundamental para uma economia de baixo carbono e um futuro sustentável”, afirmou Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da Aços Longos e Mineração LATAM.
O diretor-executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, destacou os efeitos multiplicadores que o investimento em energias renováveis tem na economia local.
“Nossos projetos eólicos no semiárido brasileiro são motores de mudança social: geram empregos, intensificam a economia e potencializam a arrecadação municipal; essas ações transformam a realidade das regiões, promovendo o desenvolvimento sustentável e melhorando a qualidade de vida das comunidades”, complementou.
Uma rede de média tensão levará a energia produzida pelos aerogeradores à subestação coletora do Babilônia Centro. A partir daí, a conexão com o Sistema Interligado Nacional será feita por uma linha de transmissão de aproximadamente 17 km até a subestação Ourolândia II, que já está em operação.
Por gerar energia elétrica a partir de uma fonte limpa, o complexo eólico Babilônia Centro evitará a emissão anual de aproximadamente 950 mil toneladas de Co2 na atmosfera. Dados da organização de pesquisas BloombergNEF apontam o BNDES como o maior financiador de energias renováveis do mundo, com créditos que somam cerca de US$ 35 bilhões no período de 2004 a 2022.
Desde o ano 2000, o BNDES financiou cerca de 70% do aumento de capacidade de geração do país, correspondentes a 78,8 GW adicionais, dos quais 86% de fontes renováveis.
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