Caju: Costa do Marfim na liderança; Brasil, que foi líder, é 8º

No Ceará, produção cai porque o cajueiro antigo já deu o que tinha de dar. Troca-lo pelo cajueiro anão precoce custa caro.

Legenda: O cajueiro anão precoce (foto), desenvolvido pela Embrapa, é a solução para o negócio da cajucultura cearense. Mas custa caro.
Foto: Embrapa/Divulgação

Havia 20 anos, o Brasil era o maior produtor mundial de castanha de caju. Hoje, essa posição de liderança é da Costa do Marfim, cujo governo anunciou ontem a safra 2021/2022: 1,040 milhão de toneladas, ou 25% da produção mundial.

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O Brasil, hoje, é só o oitavo colocado do ranking dos maiores produtores, que tem o Vietnã em segundo lugar.

Castanha para a Costa do Marfim tem a mesma equivalência da soja para o Brasil, segundo informa o empresário Antônio Lúcio Carneiro, sócio majoritário e CEO da Resibras, uma das grandes produtoras e exportadores de castanha de caju e de óleo de castanha (LCC). 

Aqui no Ceará, a safra 2021/2022 alcançou 70 mil toneladas, bem menos do que as 85 mil da média dos últimos anos e bem menos ainda do que as 100 mil toneladas que eram colhidas 20 anos atrás.
 
Antônio Lúcio lembra que, apesar dessa queda, a castanha de caju segue liderando a pauta de exportações do agronegócio cearense. Mas há problemas:

“A safra cearense não atende à demanda das indústrias locais de beneficiamento, que são obrigadas a importar matéria prima da África. Nossa safra tem-se reduzido, em grande parte, pela exaustão do cajueiro gigante”, explica ele.

Trocar o cajueiro antigo – de copa larga e de baixíssima produção e produtividade – pela variedade anão precoce, como o mundo todo está fazendo, além de custar caro, exige uma série de providências, a começar pela oferta de crédito, de acordo com o que dizem os resilientes produtores cearenses de caju. 

Faz alguns anos, os cajueiros gigantes vêm sendo derrubados e transformados em lenha consumida pelos fornos da indústria ceramista.

Antônio Lúcio Carneiro, que exporta castanha e LCC para vários países, principalmente europeus, conclui com um prognóstico:

“Do lado da indústria, não podemos descansar enquanto não foram reduzidos os encargos sobre a folha do pessoal e, também, o custo Brasil”.