Brasil aposta no petróleo da Faixa Equatorial, contra as ONGs

Petrobras não pode perder a chance de explorar o óleo que existe no pré-sal desde Roraima até o Rio Grande do Norte.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 04:24)
Legenda: A Faixa Equatorial estende-se, no lado brasileiro, desde Roraima até o litoral do Rio Grande do Norte.
Foto: Sindipetro / RN

Está o Brasil muito perto de ampliar sua importância no mundo da energia. Da energia fóssil. O Ibama aprovou o plano de prevenção a emergências proposto pela Petrobras para pesquisar petróleo na faixa Equatorial, em águas profundas – no pré-sal – da geografia do Amapá. Essa faixa estende-se até o litoral do Rio Grande do Norte. Estudos feitos anteriormente revelaram que é nessa área, principalmente na região Norte do país, vizinha às Guianas, que estão localizadas as maiores reservas mundiais de petróleo ainda não exploradas.

ONGS ambientalistas – nacionais e estrangeiras – já se ergueram contra os planos da Petrobras. Por quê? Porque, representando interesses de governos e empresas estrangeiros, e muito bem subsidiadas por eles, essas Organizações Não Governamentais brandem a bandeira da defesa do meio ambiente, dos santuários marinhos, da preservação da floresta com o único objetivo de retardar ou impedir o avanço do Brasil na área da energia.

Todos desejamos que o mundo inteiro seja movido, a partir de 2050, por energia renováveis – hidráulica, solar fotovoltaica, eólica, hidrogênio verde, biomassa – mas a descoberta de novas reservas petrolíferas mudou a percepção dos governantes das grandes potências, que enxergam nesse novo petróleo a chance de se tornarem mais ricos, mesmo reconhecendo que os combustíveis fósseis fazem mal ao planeta e aos seus moradores.

O presidente Donald Trump – sempre ele – tem desestimulado os investimentos na geração de energia limpa e renovável, e tanto é assim que acelera as providências para explorar o petróleo do Alasca e da Groelândia, a maior ilha do mundo, que pertence à independente Dinamarca. A Margem Equatorial chega também à Guiana Francesa, onde a norte-americana ExxonMobil, desde 2019, explora a grande reserva petrolífera existente no alto mar do território guianense. Houve um milagre na Guiana: a renda per capita do país, corrigida pela paridade de poder de compra, ultrapassou US$ 40 mil, quase igual à de Portugal, segundo o FMI. Seu PIB cresceu 63%, em 2022.

Essa transformação social e econômica pode acontecer no Brasil com a exploração das reservas do pré-sal da Margem Equatorial. Então, surge outra pergunta: qual a razão de o Ibama estar retardando o licenciamento ambiental para que a Petrobras inicie a perfuração de poços naquela área? O ex-deputado federal e ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, tem dito e repetido que as ONGS ambientais com atuação na Amazônia tomaram conta do Ministério do Meio Ambiente e o Ibama, indicando diretores.

Essas ONGS também agem contra a expansão das ferrovias que, no Centro-Oeste e no Norte, transportam a produção agrícola brasileira. Apoiando-as, estão partidos de esquerda que, no STF, tentam barrar a construção da Ferrogrão, estrada de ferro que ligará Sinop, em Mato Grosso, a Itaituba, no Pará, facilitando e barateando o transporte de grãos, fibras e proteínas da região para os portos do Norte. Isto reduzirá, por exemplo, o preço da soja, com o que o Brasil, que já lidera esse mercado, se tornará ainda mais competitivo do que seu concorrente EUA.

Sim, o petróleo é o inimigo público número um da natureza. Ele e seus derivados – óleo diesel, gasolina, gás natural, querosene, óleos lubrificantes – produzem os gases de efeito estufa que aquecem o planeta, como dizem, repetem e advertem os cientistas, citando como exemplo as geleiras da Antártida, no Sul, e do Ártico, no Norte, que começam a derreter.  É o petróleo que surge de novo como opção de crescimento para vários países, entre eles o Brasil, que, com sua comercialização, poderá ter o dinheiro de que precisa para sair do buraco fiscal em que se encontra e que só se agrava.

Mas, no caso brasileiro, o que preocupa o setor produtivo é a grande chance de esse dinheiro ser outra vez desviado não para o esforço de consertar as deficitárias contas públicas, mas para assegurar os privilégios de uma casta incrustrada nos três poderes e, ainda, para manter um estado gigantesco, caríssimo e ineficiente, que não devolve ao contribuinte – em serviços de saúde, educação, segurança pública e infraestrutura – o que ele recolhe em impostos e contribuição.

Neste ano, o governo fechará suas contas com déficit, novamente.

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