Bolsa começa bem com Petrobras e IPCA, mas fecha em baixa

Para os economistas, o IPCA-15 de maio, de 0,44%, não captou os efeitos negativos da tragédia no Rio Grande do Sul, que terão efeito na inflação ao longo do ano. Ações da Petrobras sobem mais de 2%.

Logo que começou o pregão de ontem na Bolsa de Valores brasileira B3, tudo parecia que haveria um dia feliz para o mercado financeiro. 

A boa notícia do IPCA-15, a prévia da inflação oficial deste mês de maio, alegrou os investidores, pois veio com alta de 0,44%, abaixo do que esperava o mercado, mas bem acima do 0,21% do mês de abril. 

Além disso, repercutiu muito bem a entrevista que, na véspera, concedeu a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, o que fez elevar o preço das ações da estatal, que fechou com forte valorização de 2,13%.

Mas essas duas boas notícias não foram suficientes para manter o Ibovespa no azul.

A prévia do IPCA de maio veio indicando aceleração da subida dos preços, principalmente no setor de serviços, onde o coração da inflação continua batendo forte, preocupando o Banco Central.

Ao longo do dia, a Bolsa entrou em declive e fechou ontem em queda robusta de 0,58%, aos 123.779 pontos, ou seja, mais de 6 mil pontos a menos do que os 129 mil pontos com que operava havia uma semana. 

Aconteceu que, enquanto se desenrolava o pregão da Bovespa, os economistas começaram a analisar o IPCA-15 e a fazer comentários, a maioria dos quais convergiu para uma constatação: essa alta de 0,44% na inflação anotada pelo IBGE em maio não captou o impacto do gigantesco desastre ambiental, social, econômico e financeiro do Rio Grande do Sul, onde as inundações destroçaram a economia do estado, cuja reconstrução demorará muito tempo e absorverá muito dinheiro.

Para esses economistas, não há dúvida de que a tragédia no Rio Grande do Sul impactará a inflação ao longo deste ano. Os gaúchos produzem 68% do arroz brasileiro, por 14% da produção nacional de soja e por boa parte das carnes bovina, suína e de aves. Como a infraestrutura rodoviária do estado continua seriamente danificada, a logística do transporte rodoviário está hoje deteriorada, aumentando o custo de produzir, transportar e comercializar mercadorias.

O horizonte da economia brasileira está com nuvens escuras, e por isto mesmo os analistas já admitem que o Comitê de Política Monetária do Banco Central deverá fazer, em sua próxima reunião, em junho, a última redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros Selic. Depois disso, o Copom deverá manter inalterada a taxa de juros.
Notícia boa para os rentistas, mas muito ruim para quem produz e trabalha.

Ontem, a Secretaria do Tesouro Nacional divulgou o resultado do governo no mês de abril, que veio com um superávit primário de R$ 11,1 bilhões, abaixo dos R$ 13,5 bilhões esperados pelo mercado. Isto indica que a dívida pública subiu mais um pouquinho e que o governo gastará mais com os juros dessa dívida, que hoje consomem R$ 746 bilhões ao ano.

Veja também