Bolsa brasileira sobe e dólar desce por causa dos EUA
Mercado brasileiro animou-se com fala do presidente do FED, que pode abaixar juros em setembro. Todos de olhos e ouvidos voltados para Brasília.
Depois de sessões seguidas operando entre a queda e a estabilidade, a Bolsa de Valores brasileira, a Bovespa, fechou o pregão de ontem, sexta-feira, com forte alta de 2,57%, aos 137.968 pontos. Por sua vez, o dólar encerrou o dia com recuo de 0,95%, cotado a R$ 4,42.
A principal causa dessa alta da Bovespa e da valorização do real foi a fala do presidente do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, Jerome Powell, que afirmou ontem estar a política monetária dos Estados Unidos a necessitar de algum ajuste, tendo em vista que os riscos estão agora equilibrados.
Justificando o argumento, Powell referiu-se à queda da taxa de criação de novos empregos nos últimos três meses, que foi de apenas 35 mil, contra mais de 150 mil ao longo de 2024. Isto quer dizer que a economia norte-americana está desacelerando.
Os operadores do mercado traduziram a fala de Powell como um sinal de que haverá, na próxima reunião do FED, em setembro, uma redução da taxa de juros da economia dos Estados Unidos, que hoje varia entre 4,25% a 4,50%. Imediatamente, a Bovespa acelerou a tendência de alta já demonstrada no início do pregão, ao mesmo tempo em que dólar dava marcha a ré.
Se caem as taxas de juros nos EUA, cai também o rendimento de quem aplica em letras do seu Tesouro, os Treasuries, levando o investidor a transferir suas aplicações para mercados emergentes, como o do Brasil, cuja taxa básica de juros, a Selic, está no elevado patamar de 15% ao ano, devendo manter-se assim até dezembro, segundo estimam os economistas.
Sobre a economia norte-americana, vale ler o que disse ontem a agência de risco Fitch Ratings, que manteve a nota AA+, com perspectiva de alta, para os EUA.
A agência cita, como argumento, “a alta renda per capita, o ambiente de negócios dinâmico e a excepcional flexibilidade de financiamento devido ao papel do dólar como principal moeda de reserva global”. Mas a Fitch também adverte que há elevado déficit fiscal, alto pagamento de juros, além de dívida crescente.
No Brasil, todos, principalmente os investidores, acompanham com lentes de lula as confusões da política, incluindo a expectativa pelo início, na próxima terça-feira, dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investigará o rombo de R$ 6,5 bilhões no INSS, causado pelo desvio de dinheiro das contas dos aposentados e pensionistas, feito, segundo a Polícia Federal, por uma quadrilha integrada por altos funcionários da Previdência Social, em conluio com entidades sindicais e associações assistenciais.
Também prende a atenção dos brasileiros a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está preso domiciliarmente, com tornozeleira eletrônica, devendo ser julgado a partir do dia 2 de setembro por tentativa de golpe de estado. Essa atenção é maior porque inclui a posição do presidente dos EUA, Donald Trump, amigo de Bolsonaro.
Numa clara interferência em assuntos internos do Brasil, Trump chegou a pedir, oficialmente, que o STF encerre o processo contra Bolsonaro, de quem é amigo, e a decretar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. E ainda suspendeu o visto de entrada de autoridades brasileiras nos EUA, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, que foi incluído na Lei Magnitsky, em consequência do que teve retido, pelo Banco do Brasil, seu cartão de crédito de bandeira norte-americana.
Resumindo: a próxima semana promete novas emoções.
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