Bolsa B3 desaba por culpa da Petrobras, Vale e Pochmann

Mas houve realização de lucros, e esta é uma das causas da dura baixa de ontem. Preço do petróleo está subindo: o que fará a Petrobras? Pochmann no IBGE assusta investidores

Legenda: Na quinta-feira, 27/7, a Bolsa B3 fechou em queda de 2,10%, puxada pelo recuo das ações da Petrobras e Vale
Foto: Nelson Almeida

Foi um dia horrível para a Bolsa de Valores brasileira o de ontem, quinta-feira, dia 27. A B3 despencou 2,10%, encerrando o seu pregão aos 119.990. 

Ou seja, ela perdeu mais de dois mil pontos num só dia. Na quarta-feira, a Bolsa fechara nos 122.560 pontos, a maior pontuação desde agosto de 2021.

O dólar, por sua vez, que na véspera havia sido negociado a R$ 4,72, fechou o dia de ontem cotado a R$ 4,76, com uma alta de 0,66%.

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Há vários motivos para a forte queda da Bolsa, a primeira das quais é a clara constatação de que os investidores realizaram lucros, ou seja, venderam ontem, na alta, o que haviam comprado na baixa. 

Outro motivo foi o mau resultado das bolsas norte-americanas, que também fecharam em queda.

Porém, o motivo que pesou mais na queda da B3 no dia de ontem foi a desvalorização das ações da Petrobras, que caíram mais de 5%.

Essa queda tem algumas causas, como, por exemplo, a redução do lucro das grandes empresas petrolíferas do mundo, cujos balanços relativos ao segundo trimestre deste ano vieram abaixo do esperado pelo mercado.

A Petrobras divulgará seu balanço na próxima semana, e, segundo a previsão dos analistas, ele virá com um lucro menor. 

No segundo trimestre desde ano, ou seja, no período de abril, maio e junho, a Petrobras teve redução na sua produção de petróleo, e esta é uma causa. A outra causa é a mudança na distribuição de dividendos da empresa, que será decidida hoje pela sua diretoria, presidida por Jean Paul Prates. 

E há mais uma causa: o preço internacional do petróleo subiu bem nos últimos dias, alcançando ontem, e hoje, a marca de US$ 84 por barril para o tipo Brent, que serve de referência para a Petrobras, cuja política de preços mudou.

A Petrobras reduziu o preço dos combustíveis, e agora o mercado não sabe o que fará a estatal diante da subida do preço internacional. Se o preço dos combustíveis subir, subirá a inflação.

Também a Vale contribuiu para a queda da Bolsa brasileira no dia de ontem. O mercado já havia sinalizado que o balanço da empresa – divulgado ontem à noite – viria, como acabou vindo, com resultados fracos. Suas ações caíram, também.

A Vale teve lucro líquido de apenas US$ 892 milhões, resultado muito abaixo do esperado pelo mercado, que previra um lucro de US$ 2,15 bilhões.

Em comparação com o mesmo segundo trimestre de 2022, o lucro da Vale caiu 78,2%; na comparação com o lucro do trimestre anterior, a queda foi de 51,4%.

E ainda houve outra causa para a queda da Bolsa brasileira no dia ontem: a indicação do economista Márcio Pochmann para a presidência do IBGE.

O mercado não gostou da indicação, porque Pochmann é um membro do PT e tem ideias estatizantes que assustam. 

Na opinião dele, por exemplo, o Pix foi uma invenção do Banco Central para agradar os Estados Unidos e abrir caminho para a implantação do Real digital com a consequente dolarização da moeda brasileira, algo que não faz sentido. 

O mercado teme que Pochmann mude os critérios de apuração dos índices da inflação brasileira, como fez, sem sucesso, o instituto de pesquisa da Argentina, cujos números perderam total credibilidade.

O IBGE, vale lembrar, é o organismo responsável pela apuração dos índices da inflação oficial do Brasil.