O texto abaixo é de Daniel Pio, sócio-diretor do escritório do Nordeste da KPMG, uma das maiores consultorias do mundo; Ele escreve sobre o que disse o último Boletim Regional do Banco Central relativo à economia da região nordestina.
"As perspectivas de investimento no Nordeste deverão potencializar a atividade econômica da região, que já havia crescido 3,9% em 2022, segundo a última edição do Boletim Regional do Banco Central, e deverão avançar 2,4% ainda este ano. Este é o melhor desempenho nacional, inclusive acima da média prevista para o País, de 1,9%, conforme estimativa da Tendências Consultoria.
"Parte expressiva dos investimentos refere-se ao Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O Nordeste receberá o segundo maior aporte de todo o Brasil, com R$ 700,4 bilhões nos próximos anos, ou 41,2% do valor total de R$ 1,7 trilhão anunciado pelo governo. Sergipe será o Estado da região com o maior volume, com R$ 136,6 bilhões, seguido pela Bahia, com R$ 119,4 bilhões.
"As oportunidades são muitas, considerando que os recursos se destinam a obras, prioritárias para a região, nas áreas de infraestrutura de modais de transporte, como a conclusão de duplicações em rodovias federais e das ferrovias Transnordestina e de Integração Oeste-Leste. Outros segmentos contemplados referem-se à segurança hídrica, incluindo melhorias nos eixos da transposição do Rio São Francisco e construção de açudes e adutoras. Destaque, ainda, para o programa Minha Casa, Minha Vida e financiamentos para a compra de imóveis de maior valor.
"Além dos expressivos recursos do Novo PAC, registram-se outros investimentos relevantes no Nordeste, conforme indicam os números da Nous Sense – Making. Os aportes são derivados majoritariamente de projetos no setor de energias renováveis, com destaque para a implantação da Usina Termoelétrica – UTE Portocem, com R$ 5 bilhões nos próximos três anos. Há, ainda, o Complexo Eólico Rio do Vento, da Casa dos Ventos, no Rio Grande do Norte, um dos maiores do mundo, representando mais R$ 4 bilhões.
"Também temos observado governo e clientes movimentarem-se na assinatura de memorandos de intenções para novos investimentos em energia na área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza. Esse é um setor que cresce com força no Estado, tanto na implantação de projetos de geração, quanto na instalação local de grandes fornecedores da cadeia de suprimentos.
"Os dados mais recentes corroboram o fato de que o Nordeste se torna alvo de grandes empresas e investidores nacionais e internacionais. Em dezembro de 2022, os aportes foram de R$ 67,1 bilhões para a região, sendo a Bahia o Estado que mais recebeu recursos, com R$ 27 bilhões, seguido pelo Ceará, com R$ 16 bilhões. Ênfase para as áreas de saneamento básico (20,7%), bioenergia (17,8%) e petróleo e gás (15,3%), conforme relatórios da Nous Sense - Making.
"As tendências de investimentos no Nordeste mostram-se consistentes, abrindo oportunidades para empresas de vários setores, bem como fornecedores nas respectivas cadeias de valor. Aspecto relevante é que parte significativa dos recursos se refere à energia renovável e à infraestrutura, atendendo às demandas de sustentabilidade inerentes às tendências mais atuais da economia global."