Baixa qualidade da energia elétrica no Apodi ameaça o agro cearense

Empresários que produzem algodão e soja na região acusam prejuízos causados pela rede elétrica. Um deles ameaça desistir do negócio. A Enel responde com investimentos

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 03:51)
Legenda: Técnico de empresa que presta serviço à Enel trabalha na manutenção de uma das redes elétricas no interior do Ceará
Foto: Enel / Divulgação
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Ontem, segunda-feira, 13, na hora do almoço, um grupo de 20 empresários cearenses do agro e da indústria travou um debate sobre algumas carências que têm retardado o desenvolvimento econômico do Ceará. Entre essas carências, tomou protagonismo a questão da distribuição da energia elétrica, que, na região da Chapada do Apodi, por exemplo, exige medidas rápidas e mais eficientes da Enel Ceará empresa responsável, de forma monopolista, pela distribuição da energia elétrica em toda a geografia cearense.  

É preciso, antes de tudo, deixar claro que a Enel – empresa controlada por capitais italianos – experimentou uma boa mudança nos últimos dois anos: antes, ela era campeã de reclamações no Procom; após a posse do seu atual presidente, engenheiro José Nunes, a empresa passou a cuidar melhor do que lhe compete pelo contrato que mantém com o governo do estado. Mas há ineficiências que seguem irritando o empresariado. 

Para a maioria dos empresários presentes à reunião de ontem, a Enel precisa de acelerar, o quanto antes, os projetos de melhoria do abastecimento de energia elétrica nas áreas da agropecuária, principalmente na Chapada do Apodi, onde empresários estão a fazer grandes investimentos no cultivo de algodão, soja e frutas. Um deles disse que as constantes quedas de tensão da rede de distribuição da Enel nos municípios de Limoeiro do Norte e Quixeré, onde se concentram os maiores investimentos, já lhe causaram prejuízos superior a R$ 10 milhões. 

Outro empresário contou que seu objetivo de cultivar 2 mil hectares na Chapada do Apodi “não progride na velocidade que eu imaginei” porque as quedas de energia são constantes, razão pela qual sua atividade está restrita a apenas 400 hectares. Ele questionou:  

“Qual o empresário do Sul, do Sudeste, do Centro Oeste e aqui mesmo do Nordeste vai investir em uma área cujo governo não lhe assegura o abastecimento de energia elétrica? Eu estou quase desistindo do meu negócio da Chapada do Apodi”. 

Sobre as reclamações dos empresários, esta coluna ouviu o presidente da Enel Ceará Distribuição, José Nunes, que transmitiu s seguinte nota de posicionamento: 

“A Enel Distribuição Ceará informa que realizou, neste ano, investimentos robustos na região da Chapada do Apodi, com foco na qualidade do fornecimento de energia elétrica. As ações fazem parte do plano de melhorias da companhia, que investiu neste ano cerca de R$ 33 milhões em reforço das subestações da região.  

“Uma das obras é a ampliação da subestação de Limoeiro do Norte, que, no mês de setembro, já contou com um reforço de 33% na capacidade e ganhará um outro reforço de mais de 33% em fevereiro de 2026. No mês de setembro, foi concluída a construção de uma nova subestação transformadora em Jaguaribara, com três novos alimentadores. E no próximo mês de dezembro, a subestação de Morada Nova contará com a ampliação de 100% da capacidade.   

“Para 2026, mais de R$ 130 milhões serão investidos na construção de uma nova subestação em Tabuleiro do Norte e será iniciada a construção de uma nova unidade na localidade de Cristais, em Morada Nova. Além disso, serão realizados o reforço de 70% na capacidade da subestação de Aracati e a ampliação de cerca de 70% na capacidade de Tomé, em Quixeré.   

“A empresa informa que tem realizado reuniões periódicas com empresários do Agronegócio, com foco no desenvolvimento e no futuro da região. Um dos resultados dessas reuniões foi a antecipação de algumas obras realizadas neste ano e a construção da linha de 70 km de alta tensão, entre Pacajus, Itaueira e Cristais, que contou com um investimento de R$ 48 milhões, concluída no último mês de agosto.” 

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