Aterro Sanitário Metropolitano: do lixo ao prêmio
Auditorias do Tribunal de Contas do Estado do Ceará atestaram que esse equipamento opera rigorosamente dentro das normas ambientais. E ainda produz gás metano.

Este colunista é de um tempo, e não faz muito, em que os resíduos sólidos produzidos pela população de Fortaleza e pela sua atividade econômica foram, primeiro, denominados de lixo e, em segundo lugar, jogados no que se denominou Aterro Sanitário do Jangurussu.
De sanitário mesmo, esse lixão nada teve, mas – além de reportagens ilustradas por fotos de urubus disputando restos de comida com humanos – deixou ao seu lado uma iniciativa de assistência social, criada pelo saudoso padre Fred Solon, para assistir as famílias dos “catadores de lixo” do Jangurussu, hoje um bairro onde atuam, também e infelizmente, as facções criminosas.
Em 2018, o Aterro do Jangurussu deixou de existir e no seu lugar surgiu o Aterro Metropolitano de Caucaia, que, operado pelo Grupo Marquise, é hoje a cópia fiel do que, nessa área, existe no de mais moderno no Brasil e no mundo, do ponto de vista ambiental.
Aqui estão a prova e o prêmio: auditorias do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE) atestaram que o Aterro Sanitário Metropolitano, instalado e em operação em Caucaia, está rigorosamente dentro das normas ambientais, garantindo segurança operacional e mitigação de impactos ao meio ambiente.
O reconhecimento dos juízes da Corte de Contas é o atestado da destinação correta dos resíduos sólidos das cidades de Fortaleza e Caucaia, os quais são recolhidos e transportados segundo estabelece a legislação. Isto contrasta com a realidade de outros municípios da própria Região Metropolitana de Fortaleza, que ainda enfrentam dificuldades para eliminar seus “lixões”.
Mas os cuidados do TCE-CE com a destinação final dos resíduos sólidos de Fortaleza e Caucaia e com a operação do seu Aterro Sanitário Metropolitano seguem uma tendência nacional. Os Tribunais de Contas de São Paulo, Minas Gerais e Paraná também realizaram auditorias para garantir que aterros sanitários operem dentro das exigências do novo marco regulatório do saneamento. Essa fiscalização é essencial para acelerar a substituição dos lixões a céu aberto por estruturas eficientes e ambientalmente sustentáveis.
Muito além de cumprir os padrões ambientais exigidos, o Aterro Metropolitano de Fortaleza inclui-se entre os equipamentos mais modernos do país, adotando tecnologias avançadas para minimizar impactos ambientais e promover a chamada economia circular. A unidade atende Fortaleza e Caucaia com um sistema eficiente de controle e de reaproveitamento de resíduos, consolidando-se como modelar para outras regiões.
Agora, outra boa novidade: a Marquise Ambiental, empresa que tem a gestão do Aterro Metropolitano, informa que está investindo em soluções que vão além da simples destinação de resíduos, transformando o que antes era um passivo ambiental em energia renovável.
Exemplo desse avanço é a GNR Fortaleza, uma parceria entre a Marquise Ambiental e a MDC, que faz do Ceará o único estado brasileiro a canalizar diretamente o gás gerado em aterros sanitários para a rede de distribuição.
Desde sua inauguração em 2018, a GNR Fortaleza vem revolucionando a gestão de resíduos ao captar, tratar e purificar o biogás produzido no Aterro Metropolitano, transformando-o em biometano – um combustível renovável de alto valor energético e menor pegada de carbono.
Hoje, essa tecnologia produz 15% do gás distribuído pela Companhia de Gás do Ceará (Cegás). A usina tem capacidade para gerar 100 mil m³ de biometano por dia, com planos de expansão para 108 mil m³ diários. Essa iniciativa garantiu à GNR Fortaleza a melhor nota de eficiência energético-ambiental do Brasil no programa RenovaBio, consolidando-se como referência nacional na produção de biocombustíveis sustentáveis.
“Nossos aterros sanitários evoluíram para centros de tratamento inteligentes, capazes de transformar resíduos em biometano de forma eficiente e sustentável. A GNR Fortaleza exemplifica como a tecnologia e o compromisso com a sustentabilidade podem converter desafios ambientais em soluções energéticas limpas, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a sociedade”, como explica Hugo Nery, diretor-presidente da Marquise Ambiental.
Recentemente, a Marquise Ambiental anunciou investimento de aproximadamente R$ 400 milhões na construção de cinco novas usinas de biometano nos próximos três anos. O investimento será feito nas cidades de Manaus (AM), Osasco (SP), Natal (RN), Porto Velho (RO), Aquiraz e Eusébio (CE), onde o Grupo Marquise, como no Ceará, também atua na área ambiental.
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