ArcelorMittal compra R$ 2,1 bilhões de fornecedores do Ceará

Maior grupo mundial de aciaria trocará carvão mineral que move sua siderúrgica no Pecém por energias renováveis para produzir aço verde. Mas é preciso também investir em uma laminadora

Legenda: Usina siderúrgica do Pecém, da Arcellor Mital, (foto) amplia compras de fornecedores cearenses
Foto: Divulhgação

Desde o ano passado de 2022, até abril deste 2023, a gigante multinacional indiana ArcelorMittal – dona da usina siderúrgica do Pecém – já investiu R$ 2,1 bilhões na compra de produtos e serviços fornecidos por empresas cearenses. 

De acordo com a empresa, essas compras envolveram 19 segmentos, incluindo sucatas, materiais administrativos, metálicos e mecânicos, equipamentos industriais, tintas e selantes e embalagens. 

Mas não parou aí: a ArcelorMittal investiu e segue investindo na qualificação dos seus fornecedores, que se tornam também aptos a vender para outras grandes indústrias do estado. 

Com todo o respeito a quem pensa o contrário, mas a chegada da ArcelorMittal ao Pecém livrou o estado do Ceará de alguns problemas que nem merecem ser citados aqui.

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O maior grupo mundial do aço deu à economia cearense um “up grade” – fê-la saltar da classe executiva para a primeira classe, pois suas placas de aço, importadas por mais de 30 países, inclusive os Estados Unidos, são classificadas entre as de mais alta qualidade do mundo. 

E, de quebra, exibem o selo das principais certificadoras mundiais de qualidade.

Esta coluna acredita no que a direção da Arcelor Mittal comunicou a verdade, quando, ao anunciar a aquisição da Companhia Siderúrgica do Pecém, justificou o pesado investimento como uma decisão focada no futuro próximo da indústria de aciaria e, principalmente, no que está por vir nas áreas das energias renováveis e na produção do Hidrogênio Verde, onde a empresa quer posicionar-se como protagonista. 

A usina siderúrgica da ArcelorMittal no Pecém ainda é movida pelo poluente carvão mineral, quase todo norte-americano. É um combustível fóssil. Usá-lo é ferir os princípios ESG de governança corporativa, social e ambiental. A indústria moderna exige aço verde, produzido com energias renováveis. 

Os indianos viram na compra da CSP dois objetivos de curto prazo: eliminar a matriz energética fóssil de sua usina cearense, substitui-la por energias limpas (como a solar fotovoltaica e a eólica onshore ou offshore, abundantes no Ceará) e garantir o selo internacional que qualifica seus produtos. 

Os cearenses torcemos para que a ArcellorMital alcance logo seus objetivos econômicos, que terão imediatos efeitos sociais e ambientais. Isto lhe dará mais prestígio mundial, ampliará seus mercados e a incluirá na relação das empresas comprometidas com a saúde do planeta. 

Mas os cearenses torcemos, também, para que os executivos da ArcelorMittal não tirem de foco a promessa de instalação de uma unidade laminadora – feita pelos antigos donos da CSP, os brasileiros da Vale e seus sócios coreanos, na inauguração da usina em abril de 2017, e reiterada pelos seus novos proprietários no mesmo comunicado em que anunciaram a compra da CSP, em julho de 2022.

Esta não é a primeira nem será a última vez que esta coluna aborda o tema da necessidade de a ArcelorMittal investir numa unidade de laminação em sua indústria do Pecém. Trata-se de algo vital para a economia cearense, que conta com uma ativa e dinâmica indústria metalúrgica.

Essa laminadora abrirá um horizonte de inéditas chances de novos negócios. O sonho de o Ceará vir a sediar uma indústria automobilística tornar-se-á viável, e empresas chinesas já trataram do tema com o governo do estado. 

Mas não é só isto: aqui já está instalada e em franca operação uma indústria, a Esmaltec, de produtos da chamada linha branca – refrigeradores, freezers e fogões, por exemplo – que passaria a adquirir aqui a sua matéria prima. 

O que já fez e está a fazer a ArcellorMittal no Ceará é mais do que previram o governo e o empresariado cearenses. A Federação das Indústrias (Fiec), pela voz do seu presidente Ricardo Cavalcante, não tem dúvida de que a consolidação e a ampliação da usina siderúrgica do Pecém serão decisivas para o crescimento da economia estadual.