Amazônia: inovar para restaurar, investir para perpetuar, diz economista
Estudioso da Economia Azul, o cearense Célio Fernando falou na COP 30 sobre "Amazônia de impacto: negócios e conexões para o desenvolvimento sustentável"
Cearenses ilustres estão participando da Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP 30). Representando a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-Brasil), o economista Célio Fernando participou da mesa "Amazônia de Impacto: finanças, negócios e conexões para o desenvolvimento sustentável", que tratou da promoção de um diálogo entre o setor público, o mercado financeiro e o ecossistema de empreendedorismo.
“A Amazônia transita para uma economia verde e de baixo carbono. Para ser bem-sucedida, essa transição precisa de mobilizar capital de forma inteligente. Nesse cenário, os negócios de impacto são instrumentos centrais para gerar renda, conservar a floresta e ampliar a inclusão produtiva. O objetivo do evento é garantir a integração efetiva entre empreendedores da Amazônia, redes de investidores e analistas de impacto, garantindo a visibilidade de negócios com forte potencial de investimento e escala”, disse Célio Fernando.
Ele ressaltou o mapa de interconexões do risco global, apresentado pelo World Economic Forum (WEF), ou Fórum Econômico Mundial, organização internacional sem fins lucrativos que reúne líderes empresariais, políticos, acadêmicos e outros da sociedade para debater questões globais como economia, meio ambiente e sociedade. Sobre o tema, ele destacou um dos cinco maiores riscos globais, que são os eventos climáticos extremos.
“Sabemos que o maior risco global, pelo menos na dimensão de hoje, está ligado à justiça climática nessa visão de transição, que são as desigualdades. E à medida que os eventos climáticos aumentarem, serão afetados os menos favorecidos. Com isso, a desigualdade cada se acentuará”, disse Célio Fernando.
Para ele, é importante ser analisada essa ligação, tendo em vista que o planeta está em transição. Há uma discussão sobre a viabilidade econômica dessas mudanças e como as finanças podem colaborar com o desenvolvimento sustentável.
“Na COP 15 já se discutia o Artigo 6 do Acordo de Paris (que estabelece um sistema de cooperação internacional voluntária entre países para atingir suas metas climáticas), já era discutido o crédito de carbono como uma moeda que possa fazer compensação dentro dessa discussão de transição. Mas aí, passaram-se COP21 … COP 23, COP 25, COP 26…, e chegamos em Glasgow (Escócia) falando sobre tudo isso. Foi então que houve um primeiro movimento mais forte daquilo que ocorreu com o Acordo de Paris, para a gente conversar sobre os créditos de carbono, inclusive sobre uma moeda socioambiental digital lastreada em créditos de carbono”, ele disse.
Sobre a COP 30, Célio Fernando lembre que ela marca o início de uma década de regeneração.
“Inovar para restaurar e obviamente investir para perpetuar. Essa frase é fundamental. Investir para perpetuar, mostra essa questão das mudanças climáticas, com foco nas questões que envolvem a sobrevivência humana. E essa sobrevivência precisa de inovação para uma restauração. Estamos falando de regeneração, que é um dos vetores mais importantes” aponta.
Em relação a finanças como um vetor de sustentabilidade, Célio Fernando ressaltou finanças em projetos que falam sobre o impacto social direto, os sustainability bonds (projetos em bonds de sustentabilidade), que misturam visões ambientais e sociais, como por exemplo os social bonds (títulos de dívida emitidos para financiar projetos com benefícios sociais) e os green bonds (títulos de renda fixa emitidos por governos, bancos e empresas para financiar projetos com benefícios ambientais e climáticos).
“Muita coisa tem sido discutida, até mesmo o que a gente chama de emissões de desempenho de metas para o ESG. Uma coisa muito importante é que o mercado de capitais, principalmente, tem produzido, tem mostrado uma demanda muito grande para empresas com esse aculturamento do que é o ESG ou ASG, ou seja, as questões ambientais, sociais e de governança juntas, e os negócios de impacto para que você possa dar esse novo paradigma do que a gente chama de uma economia verde”, concluiu Célio Fernando.
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