A China, sua tecnologia e o projeto do Data Center do Pecém
Os chineses são os que mais investem em energias renováveis. E já são soberanos no uso dos algoritmos dominadores
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Quem quiser saber como e para onde caminha o futuro deste planeta deve acompanhar o que se passa na China. É lá que se desenvolvem as novas tecnologias da informação – incluindo Data Centers; da exploração espacial; da mobilidade urbana com seus automóveis e ônibus elétricos, sem poluir o meio ambiente; dos grandes supermercados sem caixas registradoras, mas com sensores que se conectam com o cliente por meio do telefone móvel; dos hotéis em que tudo é digitalizado, até o abrir e fechar das cortinas. É lá que as crianças são educadas para aprender o que realmente interessa neste novo mundo, incluindo a língua inglesa; é lá que os transportes públicos, principalmente os do modal ferroviário, são citados como os melhores do mundo. Mas é lá, também, que só existe um partido, o Comunista Chinês (PCC), cujo chefe é o próprio presidente Xi Jinping, que governa o país, desde 2013, com mão de ferro – e põe ferro nisso.
Sem oposição ao governo – a que, porventura, tenta existir é logo eliminada e diante das câmeras de tevê, como aconteceu em 5 de junho de 1989, na Praça da Paz Celestial, em Pequim; sem ter de dar respostas a ONGs ambientalistas nem a celebridades como a menina sueca Greta Thunberg; podendo construir, sem EIAs ou RIMAs e em curto espaço de tempo, estradas de ferro e rodovias, grandes viadutos, extensos túneis e gigantescas e belas pontes que cortam seus vales e montanhas, a China tornou-se o que é hoje: a segunda, mas a caminho de tornar-se a primeira economia mundial. Para isto, implantou um heterodoxo e muito sofisticado modelo econômico.
O governo chinês – desde a gestão de Deng Xioping, de 1978 a 1989 – abriu sua economia para o capital estrangeiro, permitindo que nas suas cidades fossem implantados modernos parques industriais nos diferentes setores da economia. Com isso, os chineses tornaram-se os grandes exportadores mundiais, cujos produtos – fabricados com mão de obra barata – inundaram os cinco continentes, inclusive o americano. Foram para a China, entre outras, as norte-americanas Coca-Cola, McDonald’s, Apple, Tesla, General Motors, Nike, Texas Instruments, Qualcomm WalMart, Target, Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Nike, Under Armour, Levi's e Ralph Lauren. As europeias Louis Vuitton, Burberry e Moncler também estão lá, assim como as famosas marcas de perfumes e cosméticos L'Oréal, Estée Lauder, Shiseido, Procter & Gamble, Revlon e Mary Kay.
Traduzindo: para fora, a China acolheu e propagou a economia capitalista de livre mercado; para dentro, porém, manteve e ampliou a presença estatal, com controle político absoluto que alcança, principalmente, as redes sociais da internet – modelo que o governo Lula, com o apoio do STF, pretende copiar. Nas ruas, câmeras vigiam – pelo reconhecimento fácil – o que fazem os próprios chineses e os turistas.
Agora atentem: enquanto no Brasil as ONGs e os organismos do governo que tratam do meio ambiente dificultam a instalação de projetos de interesse do país – como os da geração de energia eólica offshore (dentro do mar) e os dos Data Centers – na China eles avançam em alta velocidade. A China é o país que mais investe em energias renováveis e na construção de Data Centers, pois está ciente de que são a energia limpa e os gigantescos centros de dados (consumidores intensivos dessa energia) que liderarão o mundo digital que avança na mesma velocidade.
Mentes a serviço de ideologias exóticas teimam em acusar “os países ricos e seus empresários” de estabelecerem códigos de dominação das novas tecnologias da informação, com destaque para as dos Data Centers. Ora, quem já é soberano no desenvolvimento desses algoritmos dominadores é a China, e é ela mesma – por meio de suas empresas – que investe na sua expansão lá e onde, no resto do mundo, elas são permitidas.
Exemplo: a Casa dos Ventos, maior desenvolvedora de projetos de energias renováveis do Brasil, está associada à chinesa ByteDance, dona do TikTok, no projeto de construção de um imenso Data Center a ser instalado na ZPE do Pecém, aqui no Ceará.
Esse projeto ganhou tanta importância junto ao governo brasileiro, que o próprio presidente Lula chamou para si o encaminhamento da solução do problema da falta de Linhas de Transmissão para transportar das fontes geradoras até o Data Center a energia renovável que moverá esse equipamento, no qual serão investidos cerca de R$ 30 bilhões.
Os chineses têm conflito bélico com ninguém. O caso da retomada da ilha de Taiwan é, ainda, uma agenda para 2049, quando se completará um século da revolução que levou Mao Tse Tung ao poder e expulsou Chan Kai Chek e seus soldados para Taipei.
Por enquanto, Xi Jiping e seu governo mantêm foco na sua “nova rota da seda”, um ambicioso projeto global de desenvolvimento e infraestrutura, que já chegou à América Latina: no Peru, com investimento de US$ 3,5 bilhões, os chineses construíram e inauguraram, em novembro do ano passado, o megaporto de Chancay, aonde chegarão e por onde serão embarcados – dentro de alguns anos – os produtos da China para o Brasil e os do Brasil para a China.
No livro que escreveu com o título “Sobre a China”, Henry Kissinger, que foi secretário de Estado nos governos Richard Nixon e Gerald Ford, disse o seguinte: “Para os chineses, tudo o que está sob o sol pertence ao Império da China.” Faz sentido.
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