Vera Rubin: novo observatório homenageia uma mulher, supera todos os outros e está aberto no Chile
A cientista forneceu as primeiras evidências convincentes da matéria escura, mudando para sempre a cosmologia
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Seu trabalho mais revolucionário veio nos anos 1970, quando, ao estudar a rotação de galáxias espirais, percebeu que as estrelas nas bordas giravam tão rápido quanto as do centro — algo que contrariava as leis da física conhecidas. Essa discrepância só podia ser explicada pela presença de uma massa invisível: a matéria escura. Rubin forneceu as primeiras evidências convincentes de sua existência, mudando para sempre a cosmologia. Ela faleceu em 25 de dezembro de 2016, em Princeton, aos 88 anos, deixando um legado científico e social que inspirou gerações de mulheres na ciência.
Em homenagem à sua contribuição, foi criado o Observatório Rubin, (Rubin Observatory). Ao contrário do James Webb, que é um telescópio espacial, o Rubin é terrestre localizado no Cerro Pachón, no Chile, o melhor país do mundo para observação astronômica devido à altitude e regiões desérticas desfavoráveis para formação de nuvens.
O projeto conta com um telescópio de 8,4 metros de diâmetro, ou seja: é maior que o James Webb, com 6,5 metros. Além disso, ele é equipado com a maior câmera digital já construída: a LSST Camera, com 3.200 megapixels. Essa câmera é capaz de capturar imagens de altíssima resolução do céu noturno, cobrindo uma área de 9,6 graus quadrados por imagem — o equivalente a cerca de 40 vezes o tamanho da Lua cheia.
O observatório começou a operar oficialmente em junho de 2025, com a divulgação de suas primeiras imagens científicas. Em apenas sete horas de observação, produziu uma composição de 678 exposições que revelou nebulosas como a Trífida e a Laguna com detalhes nunca antes vistos. Também capturou uma vista panorâmica do Aglomerado de Virgem, contendo cerca de 10 milhões de galáxias. Em apenas 10 horas, o Rubin identificou 2.104 asteroides nunca antes detectados, incluindo sete próximos à Terra — todos sem risco de colisão.
O principal projeto do observatório é o Legacy Survey of Space and Time (LSST), uma varredura completa do céu do hemisfério sul durante dez anos. Seus objetivos científicos são ambiciosos: entender a natureza da matéria escura e da energia escura, mapear cerca de 20 bilhões de galáxias, criar um inventário de asteroides e cometas do Sistema Solar, inclusive ele vai procurar o Planeta 9, explorar objetos que mudam de brilho ou posição como supernovas e buracos negros, e reconstruir a história da Via Láctea. O Rubin também será o observatório mais eficaz para detectar objetos interestelares que cruzam o Sistema Solar.
Com uma infraestrutura tecnológica sem precedentes, o Rubin produzirá mais dados em seu primeiro ano do que todos os observatórios ópticos anteriores juntos. Esses dados serão públicos e acessíveis a cientistas e cidadãos do mundo inteiro, democratizando a exploração do cosmos. O observatório não apenas honra o nome de Vera Rubin, mas também continua sua missão: revelar o invisível e expandir os limites do conhecimento humano.
Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor