Terremoto da Rússia que gerou tsunami pode estar relacionado à tempestade solar

Embora o Sol não cause diretamente os terremotos, ele pode criar condições favoráveis à sua ocorrência

Escrito por
Ednardo Rodrigues producaodiario@svm.com.br
Legenda: Composição de um típico submarino nuclear sobre o uma imagem real do Sol em plena atividade no dia 30 de julho de 2025
Foto: Adaptação/NASA

Um terremoto de magnitude 8,8 atingiu a Península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, no dia 30 julho de 2025. O epicentro foi localizado a cerca de 119 km da cidade de Petropavlovsk-Kamchatsky. O tremor gerou tsunamis de até 4 metros, que atingiram áreas costeiras da Rússia, Japão, Havaí, Alasca, Chile e Equador.

Ligado a este assunto, pesquisadores da Universidade de Tsukuba e do Instituto AIST, no Japão, apontaram, neste ano, que tempestades solares podem causar  variações no calor incidente na Terra. Isso pode influenciar uma expansão da crosta terrestre  e por sua vez provocar terremotos e erupções vulcânicas.

A cidade de Severo-Kurilsk foi uma das mais afetadas, com danos em prédios e evacuações emergenciais. A priori se suspeitou que esse poderia ser um teste de uma arma russa chamada Poseidon. Um torpedo nuclear capaz de gerar tsunamis. Contudo o cenário é improvável. 

Imagens de satélites indicam que o terremoto pode ter danificado a base naval de Avacha Bay, onde estão submarinos nucleares russos. Mas o governo russo minimizou os impactos, o que não é novidade. O governo falou que não havia submarinos atracados no porto no momento da catástrofe. 

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Horas após o terremoto, o vulcão Klyuchevskaya Sopka, um dos mais altos e ativos da Eurásia (Europa + Ásia), entrou em erupção de forma violenta. A lava desceu pela encosta oeste e nuvens de cinzas subiram até 3 quilômetros de altitude, com possibilidade de atingir 8 quilômetros. É provável que o terremoto tenha intensificado a erupção, embora sinais de atividade vulcânica já tivessem sido observados dias antes. A erupção gerou alertas para a aviação e evacuações em cidades costeiras próximas.

Apesar da intensidade do terremoto, não houve mortes confirmadas. Esse foi um dos terremotos mais fortes já registrados na Rússia desde 1952.

Pesquisadores da Universidade de Tsukuba e do Instituto AIST, no Japão, apontaram que variações no calor solar podem influenciar a crosta terrestre, tornando rochas mais frágeis e suscetíveis a rupturas. A pesquisa foi publicada neste ano de 2025 e está disponível no AIP Publishing.

Houve atividade solar significativa antes do terremoto na Península de Kamchatka em 30 de julho de 2025. Segundo estudos recentes, o ciclo solar 25 atingiu seu pico em 2025, com aumento de flares solares e ejeções de massa coronal.

Uma massa coronal é uma gigantesca nuvem de plasma e campos magnéticos expelida da atmosfera do Sol, capaz de viajar pelo espaço e causar tempestades geomagnéticas quando atinge a Terra.

Essa correlação entre atividade solar e terremotos ainda é debatida, mas há evidências de que flutuações solares podem afetar a temperatura atmosférica e subterrânea, alterando propriedades geológicas e até o movimento de águas subterrâneas. Ou seja, embora o Sol não cause diretamente os terremotos, ele pode criar condições favoráveis à sua ocorrência. Isso corrobora para que o incidente não tenha sido de fato causado pelo ser humano.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.