Os segredos da 'matéria escura' do Universo

A ideia de matéria escura foi inicialmente proposta por Fritz Zwicky, um astrônomo suíço que viveu no início do século XX

Legenda: Aglomerado de Galáxias Abell 370
Foto: Hubble/NASA/Reprodução

A matéria escura é um dos mistérios mais intrigantes da Física Moderna. De acordo com os cientistas, essa substância misteriosa é formada por partículas exóticas que não emitem, absorvem ou refletem a luz, tornando-se invisíveis aos telescópios tradicionais.

Os astrônomos foram capazes de perceber a existência da matéria escura através de seu efeito gravitacional. A matéria normal, como estrelas e planetas, são os únicos objetos que podemos observar diretamente no universo. No entanto, a gravidade desses corpos celestes não é suficiente para explicar a forma como as galáxias estão estruturadas. Para que elas se mantenham coesas, é necessário que exista uma quantidade muito maior de matéria do que aquela que podemos ver.

A ideia de matéria escura foi inicialmente proposta por Fritz Zwicky, um astrônomo suíço que viveu no início do século XX. Ele é conhecido por suas contribuições para a Astronomia, incluindo o estudo de galáxias, estrelas e planetas. Ele percebeu que alguns aglomerados de galáxias não deveriam existir.

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Um aglomerado de galáxias é um conjunto de várias galáxias presas pela atração gravitacional. Zwicky verificou que a gravidade indicava que havia muito mais matéria do que se observava com a luz. Por isso ele propôs que deveria existir algum tipo de matéria invisível. Ele chamou de “dark matter”. A tradução seria "matéria misteriosa" e não "matéria escura". Porém, aqui no Brasil, o "matéria escura" pegou.  

Outra personalidade que se destacou neste assunto foi Vera Rubin, uma astrônoma americana que desempenhou um papel importante na descoberta da matéria escura. Ela nasceu em julho de 1928 na Filadélfia e mostrou interesse pela Ciência desde cedo.

Durante a década de 1970, Rubin e seus colegas começaram a estudar a rotação galáctica, ou seja, como as galáxias giram em torno de seus núcleos. Eles descobriram que as curvas de rotação das galáxias indicavam a existência de mais matéria do que a quantidade de matéria visível (estrelas, planetas, etc.) poderia explicar. Isso deu mais embasamento para a ideia de Zwicky.

Legenda: Sonda Gaia mapeando estrelas da Via-Láctea
Foto: ESA/Reprodução

Acredita-se que a matéria escura represente cerca de 27% de todo o universo, enquanto a matéria comum (composta por prótons, nêutrons e elétrons) corresponde a apenas 5%. O resto é uma energia misteriosa conhecida como energia escura. Mas isso é assunto para outra ocasião.

Embora a matéria escura nunca tenha sido diretamente detectada, existem experimentos em andamento que buscam encontrar suas partículas. Um desses experimentos é o LHC (Large Hadron Collider), o maior acelerador de partículas do mundo, instalado na fronteira entre a Suíça e a França.

Esse experimento costuma gerar jatos simétricos de partículas. Mas algumas vezes, não se observa um par. Acredita-se que o par faltante teria sido convertido em matéria escura. Novos experimentos estão sendo feitos para estudar esse fenômeno.

Além desse experimento, um trabalho novíssimo, apresentado dia 25 maio, analisando dados da Sonda GAIA - que fez um mapa belíssimo da Via-Láctea -, observou uma estrela orbitando um ponto onde não se via nada. Poderia ser um buraco negro, mas não tem assinatura de um. Os autores lançaram a hipótese de que seja uma estrela feita de matéria escura. 

Esses trabalhos recentes mostram que estamos tendo progresso em descobrir os segredos desta matéria. A descoberta e a compreensão da matéria escura seriam uma revolução para a física, além de ajudar a explicar a natureza e a estrutura do universo. Até que isso aconteça, fica o mistério sobre a composição e a existência dessa substância misteriosa que permeia o cosmos.



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