Nova corrida espacial: SpaceX vs Blue Origin
Empresas protagonizam lançamentos de foguetes aprimorados ao espaço
Dois lançamentos muito importantes ocorreram na última quinta-feira (16), ambas de empresas privadas: o foguete New Glenn, da Blue Origin, e o Superheavy, da SpaceX. Vamos falar de cada um.
Após 20 anos de existência, o Blue Origin finalmente chegou à órbita da Terra. O que não é nada pequeno, visto que a empresa se tornou a primeira instituição a realizar o feito na primeira tentativa. Isso mostra a importância de virtudes como paciência, planejamento e perseverança.
O Foguete se chama New Glenn em homenagem ao primeiro astronauta americano a ir ao espaço, John Glenn. Trata-se de um foguete de dois estágios movido a metano. O objetivo é que seja reutilizável, o que reduz os custos de missões espaciais.
O lançamento deveria ter ocorrido na segunda-feira, mas foi adiado devido às más condições de tempo na plataforma de pouso no meio do oceano.
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Na madrugada da quinta feira, ainda teve um atraso de meia hora devido à presença de um barco dentro da zona de segurança. É comum as pessoas utilizarem barcos para ver o lançamento dos foguetes. Mas, se o foguete cair na água, pode gerar grandes ondas e virar o barquinho. Lançamento liberado, e contagem regressiva, 3, 2, 1: foi emocionante ver o lançamento.
As chamas fizeram tudo vibrar, parecia que iriam explodir, e a fumaça faltou cobrir todo o foguete de 98 metros. É um foguete grande, do tamanho de um quarteirão de Fortaleza.
Ele subiu bem lentinho e foi ganhando velocidade até vermos os lindos diamantes de Mach sendo expelidos pelos propulsores. Muita expectativa na hora de máxima pressão aerodinâmica, chamada também de Max Q. Muitos foguetes explodem neste momento.
Superado o checkpoint, chegamos ao espaço a 100 km de altitude. Isso a Blue Origin já conseguia com seu foguete anterior de turismo espacial, o New Shapard. Novo momento crítico, chegou a hora da separação do segundo estágio, que ocorreu sem problemas. Olho na telemetria até atingir a velocidade orbital. Eles conseguiram, e de primeira.
Nem o primeiro nem o segundo estágio foram recuperados, mas já foi um grande dia para a Blue Origin, mostrando estar viva na Nova Corrida Espacial - logo atrás da SpaceX.
Lançamento que deu errado
Por coincidência ou por ironia do destino, o lançamento da concorrente ocorreu no mesmo dia, pela noite. Este também teve um atraso de 30 minutos (hold). O Starship é o foguete mais avançado do mundo em quase todos os aspectos.
Esse foi o seu 33° lançamento. A SpaceX apresentou ao mundo uma nova versão do Starship versão 3. O foguete completo conhecido como Superheavy ficou 2 metros maior, passando de 121 m para a 123 m. Isso também aumentou a massa de 1200 para 1500 toneladas (1 tonelada corresponde a 1000 kg). O objetivo foi aumentar o tamanho dos tanques de combustível.
Os flaps ficaram mais angulados, com forma de ponta de flecha, deixando o design mais agressivo. Os flaps são parecidos com asas, mas não têm função de sustentação aerodinâmica. Servem apenas para reduzir a velocidade do foguete durante a reentrada na atmosfera.
Essa parte tem chamado atenção uma vez que o estresse aerodinâmico e o calor podem danificá-lo. Como são partes móveis que se dobram, houve problemas nas versões anteriores.
Outra novidade é que a nova nave vem com uma espécie de fenda capaz de lançar os satélites da Starlink. No próximo lançamento, eles tentariam colocar em órbita 15 protótipos do Starlink. Não colocarão satélites reais porque é um teste com altas chances de dar errado. Um dos motores, chamado Raptor Pi, foi reaproveitado simbolicamente do lançamento anterior.
Tudo estava indo bem, e foi impressionante ver o primeiro estágio voltar e ser capturado no ar pelo Mechazila, uma espécie de braço gigante. Contudo, o segundo estágio, que corresponde ao Starship, se perdeu.
Alguns minutos depois, uma chuva de meteoros foi vista sobre o Caribe. Um dos motores falhou, e não era o Raptor reutilizado. Depois falharam mais dois. Acredito que tenha sido a mudança de parâmetros em relação ao modelo anterior.
Foi visto uma falha na fuselagem de aço. Além disso, talvez a pressão não tenha sido suficiente para levar o combustível até os motores. Com a falha, a nave perdeu altitude e reentrou na atmosfera, que parece muito dura à alta velocidade.
A nave explodiu. Geralmente os fragmentos se desintegram, mesmo assim alguns podem ter caído no mar do Caribe. É isso aí, não foi melhor do que a versão anterior, mas é pra isso que são feitos testes: para melhorar.
Contudo, a SpaceX está muito à frente da Blue Origin. É como a parábola da corrida do coelho contra a tartaruga.
Elon Musk ocupará cargo no governo americano a partir do dia 20, quando Donald Trump assumirá a presidência. Além disso, Musk deve ter indicado o novo administrador de NASA, Jared Isaacman. Estarei escrevendo um texto sobre ele na próxima semana.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.