Fontes de energia são um desafio na Terra e mais ainda no espaço. Até hoje, o único modo de captar energia em uso na exploração espacial é por meio de painéis fotovoltaicos. Existem rovers (veículos) movidos por uma "pilha" nuclear, mas não se trata de captação local, sem falar que é extremamente perigoso para uma futura tripulação.
Os painéis solares estão na Estação Espacial Internacional (ISS), nos rovers, landers (sondas fixas) e continuarão presentes por um bom tempo durante a construção de bases, primeiramente na Lua e posteriormente em Marte.
Aqui na Terra, principalmente no Brasil, a instalação de painéis fotovoltaicos vem crescendo cada vez mais. Em 2012, quando a fonte energética estava iniciando, a geração de energia elétrica solar representava apenas 8 MW (8 milhões de Watts) de potência instalada. Hoje, em 2024, a potência cresceu exponencialmente para 44,4 GM (44,4 bilhões de Watts), representando 19% da Matriz Elétrica Brasileira, dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR, 2024).
Como todos os objetos mundanos, o painel fica sujo por causa de aerossóis (um nome bonito para poeira). Isso impede que a luz solar chegue aos captores que funcionam baseados no Efeito Fotoelétrico, descrito por Albert Einstein, o qual o rendeu o Prêmio Nobel (pois é, não foi pela Teoria da Relatividade).
O efeito fotoelétrico basicamente se trata da luz que incide numa superfície e arranca elétrons da mesma, se os fótons tiverem energia suficiente para isso. Os elétrons arrancados em sequência formam uma corrente de elétrons, ou seja, uma corrente elétrica que fará funcionar um equipamento eletrônico que pode ser doméstico, industrial ou comercial.
Porém, se a placa está suja, uma parte da luz não chega aos sensores e consequentemente não arranca elétrons. Isso reduz a eficiência da geração em torno dos 25%. Muitas vezes, devido ao calor, os aerossóis impregnam na placa e são difíceis de limpar. Um meio convencional usa detergente e requer muita água para uma boa limpeza. Mas a água nem sempre é um recurso disponível para lavar de centenas a milhares de painéis, seja no interior do Nordeste, em Dubai, na Lua ou em Marte.
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Por exemplo, em Dubai, sabemos que há abundância de radiação solar e escassez de água. Ai, eles inclinam a placa e, por incrível que pareça, tentam limpá-las jogando areia em cima. Com a ajuda da gravidade até limpa um pouco, mas nada efetivo. Outro problema é o calor: quanto mais quente estiver a placa menos eficiente ela se torna.
É aí que entra em cena a invenção de um cearense, Ismael Mendes, de 43 anos. Um inventor autodidata do Acaracuzinho, Bairro de Maracanaú, com uma série de patentes e segredos industriais.
Com uma fórmula contendo micro e nanotecnologia, ele consegue remover os aerossóis de um painel de 2 m² com menos de 50 ml de água. A fórmula deixa a superfície lisa impedindo a poeira se agregar por 90 dias. Além disso, filtra os raios solares mais eficientes, isso reduz a temperatura em 8°C e melhora a eficiência energética de 2% a 10%. O que representa uma otimização muito boa a qual testei conferi e revisei várias vezes pra ter certeza que esta estimativa era coerente.
Pelo o que vi, não à toa, ele ganhou o prêmio por desenvolver o melhor produto de sustentabilidade de 2023 no “Future Innovation Summit” em Dubai.
Uma Nova Física pode estar por trás da descoberta de Ismael. Eu fui convidado a descrever o fenômeno físico. Acompanhei de perto uma demonstração da sua fórmula no Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE) Campus Pecém. Fomos recebidos pelo professor Michael Santos durante a aula de Fontes Alternativas de Energia do Curso de Eletrotécnica (4º semestre). Deu pra perceber o quanto de água foi economizado.
A fórmula dele já foi testada em vários parques solares do Ceará e também no curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Piauí (UFPI). No mesmo dia, ficamos sabendo que a invenção de Ismael estava sendo testada na Agência Espacial Americana (NASA). O seu produto ainda não está disponível no mercado.
Agora com a fórmula funcionando e validada, ele se prepara para produzir em escala industrial no Complexo do Pecém e exportar para o mundo. E, quem sabe, teremos a solução do cearense indo parar na Lua ou até mesmo em Marte.