Namoro à distância faz casal conhecer Brasil e América Latina durante reencontros: ‘Amar, não importa onde’
Vitor e Val se conheceram pelo Tinder, mataram a saudade em diferentes lugares do país e do mundo até se virem prontos para realmente dividir a vida na estrada e sem limite geográfico

Dizem as más línguas que relacionamento iniciado por aplicativo e mantido à distância é fórmula perfeita para o fracasso. Vitor e Val discordam. Conheceram-se pelo Tinder, foram os primeiros parceiros românticos um do outro, e hoje vivem de viajar o Brasil e o mundo conhecendo mais de si mesmos e da cultura de cada lugar. Um privilégio.
Mas antes disso tem detalhe bonito. Residentes em cidades distintas – ela de Fortaleza, ele do Rio de Janeiro – passaram anos mantendo o amor apenas de forma virtual. Em certo momento, decidiram que os reencontros presenciais se dariam para matar a saudade, mas também para conhecer diferentes lugares do país, estendendo para a América Latina.
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Assim aconteceu. O match se deu em 1º de maio de 2016, quando Vitor estava em Fortaleza para finalizar um projeto de informática. Já havia visitado a Capital outras vezes, mas aquela era a última oportunidade, e ele resolveu ativar o aplicativo. Conheceu Val, passou semanas conversando com ela, até vir o primeiro encontro – começando no Cantinho Acadêmico e terminando no Pitombeira, realezas da boemia fortalezense, no bairro Benfica.
Conversa ótima e sintonia máxima numa quarta-feira à noite. Dois dias depois, Vitor pegou o avião para a cidade natal, não sem antes pensar como agiria diante daquela pessoa que tanto gostou. “E agora?”. O mesmo pensamento percorreu Val, que tratou de guardar aqueles instantes com muito carinho. Tanto que não parou de se comunicar com o Vitor.
Todo dia era um ir e vir de mensagem – aquele fluxo conhecido dos primeiros momentos de uma relação. Tudo muito bom. Daí que, meses depois, o carioca decidiu passar as férias em Jericoacoara, chamou a cearense para ir junto, e estava dada a primeira viagem dos dois. Entre um destino e outro, Val aterrissava no Rio de Janeiro, Vitor retornava a Fortaleza. Entre um beijo e outro, veio pedido de namoro e mais viagens.
Não pararam mais. Salvador, Natal, Recife, um mochilão por Atacama, Bolívia, Chile e Peru. O mapa, a cada reencontro, aumentando mais. Hoje, olhando em retrospecto, percebem que estar distante é desafiador em muitos aspectos, mas também oportuniza belezas. Uma delas é o diálogo fácil, claro e irrestrito.
“Se a gente discutisse por alguma coisa, tínhamos que resolver ali mesmo porque eu não tinha como encontrá-lo. Assim, tivemos que praticar e melhorar muito a questão da conversa, porque durante muito tempo foi só isso: conversas. Chamadas de vídeo fazíamos mais no fim de semana porque, devido à rotina de trabalho, era mais complicado”.
Essa dinâmica acabou – pelos melhores motivos – quando retornaram a Jericoacoara anos depois para noivar e, na sequência, subir ao altar em outro endereço. Passaram um período morando no Rio de Janeiro, dividindo apartamento na pandemia; outro visitando regularmente a família de Val em Fortaleza, até conseguirem o selo de nômades digitais. A certificação oferece condições favoráveis para quem trabalha remotamente.
Bastou isso acontecer para Argentina, Colômbia e Portugal virarem refúgio temporário de morada e aventuras do casal. Hoje eles residem neste último país, e já pensam em mudar para a França muito em breve. Nesse ínterim, criaram um perfil nas redes sociais misturando o Rio e o Ceará e tantas paisagens planeta afora, o @carienses. “Nossa pretensão é continuar conhecendo locais e culturas, mas não do jeito turístico. Queremos ter a experiência de quem passa um pouco mais de tempo no local experimentando de verdade como ele é”, diz Val.
Sonho também é ter filhos e, com eles, trilhar essa mesma sina de sair planeta afora. Sonho é todo dia olhar um para o outro e renovar os votos do bem-querer. O Vitor diz que o sorriso e o carinho da Val mudam as coisas, e faz dele alguém mais apaixonado pela vida. A Val comemora o fato de o Vitor entendê-la e ter todas as características do homem que um dia ela desejou que viesse: extrovertido, que ama a família e acalma todo e qualquer ânimo.
Não à toa, quando falam sobre o amor, evocam palavras bonitas: construção e empatia. Entender que tudo tem um tempo e que é preciso compreender o outro. Perceber os gestos. Buscar o melhor de quem está contigo ao lado e, de quebra, aumentar a felicidade. Quando se ama, é feito Gal: tanto faz o quente, tanto faz o frio. Bom é viver.
“A gente está sempre nessa, buscando o melhor um do outro, sempre tentando compreender – pelo menos, na maioria das vezes”, gargalham. “Gostamos muito disso e nos ajudamos muito. Queremos amar, não importa onde”.
Esta é a história de Vitor Alves, Val Sant’Ana, o amor dos dois e a paixão pelo mundo. Envie a sua também para diego.barbosa@svm.com.br. Qualquer que seja a história e o amor