Os jogos olímpicos de Paris já deram a largada, disputas acirradas logo no início e nós que somos do estado do Ceará, ficamos na expectativa de ver os cearenses brilhando. Chegar nesse momento deve ser uma mistura de ansiedade e medo, sensações presentes na maioria dos atletas, imagina para quem vive só esperando por esses dias, tentando contar com apoio de empresas que a gente sabe que em alguns momentos fica até difícil, já que às vezes as pessoas não olham com tanta igualdade certas modalidades na disputa.
Quando se questiona sobre investimento o que a gente escuta logo a princípio: “é futebol?”. A paixão nacional “enche os olhos”, mas é preciso também ter atenção a outras categorias.
Trago esse questionamento porque há alguns meses tivemos oportunidade de conversar com Vittoria Lopes, atleta cearense recentemente garantiu ouro nos jogos Pan Americanos 2023 conquistou o revezamento misto do triatlo ao lado de Miguel Hidalgo, Djenyfer Arnold, Manuel Messias.
O grupo completou a prova em 1h15min8s e com mérito o Brasil se tornou bicampeão da modalidade no Pan. A atleta é filha de nada mais, nada menos, Hedla Lopes, ex-nadadora profissional e primeira mulher do Norte/Nordeste a competir nos Jogos Pan-Americanos, em 1975, no México.
Com apoio da mãe e da família, Vittoria chegou nas olimpíadas, mas não vão pensando que foi fácil, por ter o mesmo gene de Hedla. A história da cearense entra no contexto dos demais cearenses que estão na disputa onde o protagonismo não se limita apenas a performance, mas sim a disputa para conquistar patrocínios, chegar em competições olímpicas requer muito resiliência, apesar do apoio do Governo para o esporte, o dia a dia requer mais, tem uniforme, treino, alimentação, o básico para o atleta correr em busca do ouro e nem sempre as empresas têm esse olhar.
Vittória Lopes depois muita insistência garantiu apoio, mas nenhum do estado que ela representa.
“Engraçado até falo com meus pais, gente meus patrocinadores nenhum são de Fortaleza e nem do Estado, eu fico mais triste não é nem pelo financeiro, fico pelo reconhecimento de acreditar, porque assim, graças a Deus eu tenho um caminho que eu consigo me manter do esporte e graças as marcas que acreditam em mim, mas eu fico triste, sei que Ceará e aqui em Fortaleza têm empresas muito grandes, com muito potencial e parece que é uma coisa cultural, de não enxergar o esporte. Se eu tivesse dinheiro eu patrocinava vários atletas do Estado.” Desabafa Vittória Lopes.
Esse discurso da atleta é a realidade de muitas modalidades do Estado, acredito que com mulheres que sonham em transformar a vida através do esporte, seja mais difícil. Recentemente acompanhamos a desistência da diretoria de futebol do Ceará com os trabalhos do futebol profissional feminino. Em abril deste ano, o clube divulgou o orçamento para 2024 que girava em torno de R$ 149 milhões, o futebol feminino iria custar 1% desse valor, algo em média de R$ 1,5 milhão para um clube da grandiosidade do Ceará.
Diante de todas as situações, como sonhar com esporte sendo esse agente transformador? Não dá para buscar o ouro em jogos Olímpicos apenas abraçando sonho se faz necessário investir para acreditar que é possível ser real.