Você não é uma pessoa má porque deseja o sucesso

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Você deseja o sucesso? Sabe exatamente aonde quer chegar e se doa ao processo? Já foi mal interpretado por colegas ou por outros profissionais que acham estranho se doar tanto? Pois é! Acredite, já fui várias vezes questionada por isso.

Assistindo à nova campanha da Nike lançada para a Olimpíada de Paris, "Winning Isn't For Everyone" (Vencer não é para todos), e vendo toda a controvérsia provocada, pergunto-me: querer vencer me torna uma pessoa má? Ou é uma questão de objetivo de carreira? 

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Nos jogos olímpicos de 1996, em Atlanta, a Nike revolucionou lançando uma campanha publicitária em revistas, outdoors e comercial de TV com o slogan ‘Você não ganha prata, você perde o ouro.’

A campanha causou muita controvérsia porque para uns representava a garra e a determinação de vencer; para outros, um olhar distorcido com relação ao espírito esportivo. Neste ano, a Nike surpreende novamente com campanha que traz como slogan: ‘Vencer não é para todos.’ O comercial começa com a frase: Eu sou uma pessoa má? Diz pra mim, sou?

O que é a mentalidade Mamba?

Narrado por Willem Dafoe, apresentando vários astros, o comercial traz trechos que nos lembra a filosofia Mamba desenvolvida pelo lendário jogador de basquete da NBA, Kobe Bryant, mas que vai muito além do basquete.

A mentalidade Mamba ou Mamba Mentality é uma filosofia de trabalho e excelência que se baseia em um compromisso inabalável com a melhoria contínua, disciplina extrema e foco absoluto. Quem opta por seguir essa mentalidade é uma pessoa má? 

Penso que querer ou não perseguir o sucesso é uma escolha, assim como escolher o conceito de sucesso para a própria vida. O que não podemos, assim acredito, é invalidar as diferentes escolhas que envolvem a carreira profissional, como se existisse o certo e o errado.

O que há de errado gostar tanto do que faz, a ponto de querer ser referência na sua área de atuação e estar disposto a se dedicar ao processo?

Assistindo a uma entrevista de Cristiano Ronaldo, adorei ouvi-lo questionar se as pessoas que querem saber o que ele faz para ter sucesso, seriam capazes de cumprir todo o passo a passo que ele executa para conseguir ter a tão famosa alta performance.

Sucesso, dependendo de seu arcabouço, é resultado de uma jornada árdua que envolve brigarmos com nossas mentes. Fazer o que precisa ser feito, e não somente o que gostamos de fazer ou estamos confortáveis para fazer. 

Já estive em rodas de conversa nas quais as pessoas questionaram o meu nível de dedicação ao trabalho, muitas das vezes em tom de crítica. Nestes momentos, percebo claramente uma intolerância das pessoas com relação àquelas que optam por ser ‘obcecadas’ em chegar ao topo. Muitas vezes estes profissionais são confundidos com pessoas que não vivem a vida ou não podem parar por questões diversas. Sempre discordei elegantemente, pois entendo perfeitamente, especialmente hoje, o conceito de alta performance. 

Alta performance une justamente todas as áreas da vida, e vendo exemplos de profissionais olímpicos, percebo que isso é completamente possível, principalmente quando há cumplicidade de propósito. Analisando algumas entrevistas, é comum ouvir que eles sempre negociam o próximo passo com a família e/ou parentes, e avaliam os impactos dessas decisões. Quando essa parceria existe, certamente fica muto mais fácil se dedicar integralmente ao enfrentamento de cenários mais ousados. 

É possível, manter todas as petecas no alto?

Nem sempre! Esta chamada é inspirada em um mentorado que, durante uma sessão, disse que avançar requer, temporariamente, a consciência de que algo pode não ser tão bem cuidado como deveria, contanto que os danos não sejam incorrigíveis. Decidir conscientemente o caminho a seguir. Aceitar ou não a tão sonhada vaga que demandará viagens constantes? Mudar de Estado ou país para ganhar cinco vezes o salário atual, com melhores benefícios, mesmo passando pelo processo de adaptação da família?

Todas as vezes que escolhemos um caminho, desistimos de outro. Qualquer um trará perdas e ganhos, e precisamos decidir as perdas que aceitamos ter e saberemos administrar melhor. Por fim, a busca pelo sucesso não define o caráter de uma pessoa como boa ou má. É uma escolha pessoal que deve ser respeitada, assim como qualquer outra. 

Cada um tem o direito de traçar seu próprio caminho e definir suas prioridades, desde que isso não prejudique os outros. Portanto, continue a perseguir seus sonhos com determinação e ética, sem se preocupar com os julgamentos alheios. O sucesso é uma jornada única e individual, e você tem todo o direito de trilhá-la à sua maneira.

Nesta coluna, trarei para você assuntos relacionados a carreira, liderança, coaching e tendências sobre esses temas. Contribua deixando sua pergunta ou sugerindo um tema de sua preferência, comentando este post ou enviando mensagem para o meu Instagram: @delaniasantosds. Inscreva-se no canal do YouTube: @delaniasantosds.

Será maravilhoso ter você comigo nesta jornada. Até a próxima!

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.



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