Liderança autêntica: benefícios e desafios

Legenda: Liderança autêntica é um estilo de liderança que se baseia na sinceridade, honestidade e autenticidade por parte do líder
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“Walk the talk” é uma expressão em inglês que significa agir de acordo com o que se fala, ser coerente, demonstrar suas crenças, valores e compromissos por meio de suas ações - é o que chamamos hoje de Liderança Autêntica. Com as várias tendências envolvendo o mercado de trabalho, ser um líder coerente é imprescindível para inspirar as pessoas a se engajarem na estratégia do negócio. Vamos entender?

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Adotar uma persona artificial e focar na aplicação de técnicas frias para lidar com as pessoas não funciona mais! Os profissionais estão mais exigentes, olham e avaliam a cultura organizacional e buscam ambientes corporativos que além de serem seguros psicologicamente possam proporcionar mais equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Ouço com frequência líderes reclamando de suas equipes e relatando o quanto é difícil envolver as pessoas em torno de um objetivo. Questionam o que fazer, e eu sempre pondero que a resposta leva em consideração vários elementos, tais como:

  • A cultura organizacional é “verdadeira”? Existe ambiente que representa o que prega?
  • As pessoas têm FIT cultural (alinhamento cultural)?
  • Elas são as pessoas certas para os resultados desejados?
  • O time vê significado relevante no que faz e entende o impacto de seus resultados no propósito da organização?
  • O líder é coerente ou demonstra claramente o seu desalinhamento com a cultura?

Ok! Temos muitos elementos que não são de “responsabilidade” direta do líder, porém, se o cenário ideal não é possível, líderes autênticos podem fazer a diferença, iniciando em suas áreas de atuação. Eles precisam “escolher” fazer a diferença apesar dos percalços do caminho.

O que é e como ser um líder autêntico?

Liderança autêntica é um estilo de liderança que se baseia na sinceridade, honestidade e autenticidade por parte do líder. É um conceito que envolve ser verdadeiro consigo mesmo, com os seus valores e com os outros. Líderes com este estilo sabem reconhecer suas fraquezas, buscam o autodesenvolvimento contínuo e estabelecem conexões genuínas com as pessoas ao seu redor. São inspiradores e, por isso, os liderados, em sua maioria, se comprometem com a entrega dos resultados.

Para desenvolver este estilo, é importante:

  •  Investir no autoconhecimento – entender as próprias motivações, valores, pontos fortes e passíveis de melhoramento.
  • Ser transparente – adotar uma comunicação honesta, compartilhar informações relevantes e admitir quando não tem todas as respostas.
  • Ser íntegro – viver de acordo com os seus valores e princípios, manter coerência entre o que diz e o que faz -“Walk the talk”.
  • Ser empático – compreender as necessidades e preocupações dos outros e construir relacionamentos sólidos com base na confiança.
  • Focar nas pessoas – valorizar as contribuições; investir no crescimento e bem-estar das equipes; dar feedbacks positivos e corretivos; identificar e formar novas lideranças.
  • Desenvolver-se continuamente – buscar melhorar continuamente as habilidades de liderança e gestão.
  • Ser adaptável – flexibilizar o estilo de liderança em diferentes situações.
  • Fazer o certo, AGORA! – independentemente do ambiente e das circunstâncias.

A história de Leonardo

Leonardo, 40 anos, casado, três filhos, sempre foi um apaixonado pela sua área de atuação. Com uma bela trajetória como líder, assumiu a posição de Head de Operações em uma multinacional. Nos primeiros meses, aquela cultura que fez brilhar seus olhos começou a se apresentar de uma maneira diferente. Percebeu que a empresa não praticava um dos valores que mais chamou a sua atenção no processo seletivo: respeitar e acreditar nas pessoas.

Na sua área de atuação é reconhecido como um líder autêntico, e é comum ouvir dos seus liderados que eles fazem “por ele”. O que antes lhe dava grande satisfação começou a ser um peso, visto que, agora, ele entende porque a equipe se sente assim. Depois de dez meses de trabalho, Leonardo começou a sentir os efeitos desse cenário.

Leonardo me procurou para um processo de mentoria e relatou toda a situação, inclusive que estava fazendo terapia e tinha recebido o diagnóstico de Burnout. Estava em dúvida sobre o que deveria fazer, afinal tinha uma equipe que acreditava nele, ganhava um salário acima da média de mercado e estava envolvido em dois projetos pioneiros no Brasil, o que lhe traria um grande diferencial para o currículo.

Durante a nossa conversa, perguntei sobre suas motivações e valores, e foi nesse momento que a conversa ganhou consistência.

L – Delania, um dos meus valores é o respeito pelo ser humano. No meu processo seletivo, perguntei sobre os valores da empresa ao recrutador. Fiquei motivado quando ouvi um pouco mais sobre a cultura organizacional e isso foi determinante para aceitar a proposta. Entrar em um projeto que valoriza as pessoas e as trata com dignidade foi o máximo para mim.

D – A prática é diferente? Me dá exemplos...

L – É muito diferente!!! O básico é ignorado e a empresa foca no resultado pelo resultado. As pessoas são somente recursos!! Questões ligadas à segurança do trabalhador e a equipamentos básicos para a execução das atividades são ignoradas.

Estou desempenhando um papel de um alienado porque quando sou questionado por isso, tento dar esperanças aos liderados e mantê-los motivados.

Nesse momento, analisamos algumas evidências e cenários possíveis. Leonardo decidiu elaborar um plano B e voltar para o mercado de trabalho.

Meses depois...

D – Olá, Leonardo... e aí, como estão as coisas?

L – Delania, participei de um processo seletivo, mas a empresa atual fez uma contraproposta. Expus minhas insatisfações, meu gestor agradeceu o feedback e se comprometeu com algumas mudanças. Resolvi ficar.

Dois meses depois....

D – Oie, Leonardo, está tudo bem?

L – Não Delania, nada mudou! Estou mal novamente e decidi que, dessa vez, manterei a minha posição. Vou sair da empresa!...

Conclusões

A história de Leonardo nos diz muito sobre liderança autêntica e os ambientes corporativos. O alinhamento precisa existir e não necessariamente ser perfeito. O líder sempre encontrará alguns elementos da cultura que não estejam a contento, a empresa sempre terá algo no líder que precisa ser desenvolvido, porém, o desalinhamento nunca pode ser sobre algo tão vital para ambos.

A liderança autêntica, quando encontra um ambiente propício, tem o poder de inspirar as pessoas e tornar o alcance de resultados em algo muito mais natural em base consistente.

Concluo este texto deixando duas reflexões:

- Sua empresa estimula o estilo de liderança autêntica?

- Você, que se considera um líder autêntico, está aguardando o cenário ideal ou está fazendo o melhor que pode hoje?

 

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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.



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