Fazer mais ou fazer melhor? O dilema de quem está correndo contra o calendário

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Redação producaodiario@svm.com.br
Legenda: É preciso ter cuidado para não confundir volume grande de reuniões de apresentação com atuação estratégica
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Junho se aproxima, trazendo o fim do primeiro semestre. Empresas, líderes e equipes aceleram o passo para cumprir objetivos e bater indicadores. Mas a pergunta de um milhão de dólares permanece: planejamos bem para alcançar o que desejávamos ou deixamos tudo para o último momento?

Assim como equipes comerciais correm para fechar resultados nos últimos dias do mês, muitos times concentram esforços apenas nos dois últimos meses do semestre.

Será que isso é estratégico ou só sobrevivência? Vamos refletir?

Muitos profissionais se orgulham de uma agenda lotada, mas têm dificuldade em apontar qual entrega realmente fez diferença nos últimos 30 dias. O mesmo vale para líderes que confundem reuniões de apresentação com atuação estratégica. Já presenciei encontros semanais que pouco contribuem para a evolução das equipes, nos quais os mesmos temas são repetidos sem que surjam soluções concretas.

É angustiante perceber o tempo gasto com apresentações centradas apenas em dados, enquanto as causas-raízes dos problemas continuam intocadas. Falta, muitas vezes, o olhar do gestor que vá além da performance e estimule decisões com foco em melhoria real.

Será que líderes e equipes estão operando no modo automático? Se sim, isso é arriscado! Conhecer muito sobre o negócio e estar acostumado com as ‘oscilações de mercado’ podem mascarar problemas que podem comprometer a sustentabilidade da empresa.

A velha frase: “esse período sempre é assim!” é uma armadilha perigosa. Não devemos subestimar o mercado onde a empresa atua, sua concorrência e muito menos seus clientes. Os fatos mudam muito rápido e a tendência é que esse ritmo acelere ainda mais.

Nesse sentido, pensar sobre o que realmente importa e manter a atenção plena sobre o que está acontecendo, faz-se necessário. Mais como identificar se você está no piloto automático?

Abaixo trago três perguntas estratégicas que o ajudarão a identificar:

  • Você está realmente alinhado com as prioridades estratégicas da organização ou somente ocupado com o que grita mais alto no seu dia a dia?
  • Tem reservado tempo para pensar, inovar e antecipar cenários ou segue somente reagindo ao que aparece?
  • Valoriza entregas consistentes e sustentáveis ou premia o esgotamento como símbolo de produtividade?

Se você respondeu “sim” a uma ou mais dessas perguntas, é hora de repensar sua forma de atuar para garantir que seus resultados realmente aconteçam. Liderança consciente é o diferencial entre apenas sobreviver e prosperar.

O papel da liderança é importante?

Se você é líder, precisa avaliar o semestre que está terminando e identificar se suas práticas estão auxiliando o time a chegar a esse momento, sem a sensação de que muito pouco foi feito. Algumas ações podem apoiá-lo a produzir de maneira consciente e eficaz para que neste período, mesmo com desvios de desempenho, a equipe sinta que ainda é possível chegar ao marco desejado. Vamos começar desmistificando alguns ‘mitos’ que atrapalham sua produtividade: quantidade não significa consistência; quem entrega impacto deve ser valorizado mais do que quem somente parece ocupado; e reservar tempo para refletir, analisar e realinhar com qualidade é mais importante do que agir sem direção.

Ações concretas para o Líder

  1. Revise prioridades estratégicas semanalmente – reserve um momento na agenda para alinhar com o time as prioridades que mais impactam os resultados e ajustar o foco, evitando que atividades urgentes, mas pouco relevantes, consumam tempo.
  2. Promova reuniões efetivas e focadas em soluções – substitua encontros longos por reuniões curtas, objetivas e com pauta clara, sempre com metas de decisão e/ou ação. Use ferramentas colaborativas para acompanhar o progresso.
  3. Dê feedbacks claros e orientados a resultados – além de acompanhar indicadores, fale sobre comportamentos, atitudes e como cada pessoa contribui para o resultado. Valorize entregas que geram impacto, não só esforço ou volume de trabalho.
  4. Cuide do equilíbrio entre produtividade e bem-estar – observe sinais de esgotamento e incentive pausas estratégicas.

Não sou líder, o que devo fazer para produzir com equilíbrio?

  1. Priorize tarefas alinhadas com as metas estratégicas – utilize técnicas como matriz de Eisenhower ou Pomodoro para identificar o que realmente importa e evitar dispersão com urgências que não agregam valor.
  2. Agende momentos para planejamento e reflexão – reserve semanalmente tempo na sua agenda para analisar resultados, antecipar desafios e pensar em formas de melhorar processos ou entregas.
  3. Comunique dificuldades e busque apoio – seja transparente com o líder sobre obstáculos e necessidades.
  4. Foque em entregas que gerem impacto – mais que quantidade, busque qualidade e consistência nas entregas. Documente resultados e aprendizados para demonstrar valor ao seu trabalho.
  5. Gerencie o próprio bem-estar – mantenha rotina que permita descanso e recarga. Saiba reconhecer sinais de estresse e agir antes do esgotamento, para manter o desempenho sustentável.

Troque o modo "correria" pelo modo "consciência", e mostre que ainda há tempo para fazer melhor. Se sua meta está muito distante, utilize este semestre para o próximo ser diferente e muito melhor. No fim, o que fica não é o quanto você fez, mas o quanto do que fez realmente valeu a pena.

Nesta coluna, trarei reflexões sobre carreira, liderança, coaching e tendências que impactam o mundo do trabalho. Sua participação é muito bem-vinda!

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