Entenda como a IA muda o papel dos gestores

Escrito por
Delania Santos ds@delaniasantos.com
Legenda: Além da curiosidade digital e das ferramentas inteligentes, é de suma importância que o líder dessa nova era desenvolva e/ou fortaleça competências humanas que favoreçam a formação de sucessores, engajamento de times e alinhamento com a estratégia da organização.
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No Fórum Econômico Mundial (WEF) 2025, realizado em Davos (Suíça), um dos principais pontos de debate foi a necessidade de requalificação de profissionais, especialmente em setores como manufatura, serviços financeiros e tecnologia, com destaque para países emergentes, onde a adaptação às novas competências ocorre de forma desigual.

A lacuna de habilidades para a transformação dos negócios continua sendo o principal desafio das organizações, segundo o relatório “O Futuro dos Empregos”, produzido pelo Fórum Econômico Mundial.

O que muda de fato na atuação dos gestores?

Se a força de trabalho global fosse representada por um grupo de 100 pessoas, por exemplo, estima-se que 59 precisariam de requalificação (reskilling) ou aprimoramento das habilidades (upskilling) até 2030. Um número alarmante e preocupante, pois demanda investimento de tempo e dinheiro.

A tendência é que as empresas busquem uma combinação de habilidades digitais e humanas, associando análise de dados e segurança cibernética com pensamento analítico, resiliência e colaboração, permitindo ao profissional navegar na tecnologia sem perder o seu potencial humano.

O líder, nesse sentido, deve protagonizar essa transformação, dando exemplo e investindo em seu autodesenvolvimento. Abaixo trago cinco transformações reais que permearão o dia a dia do gestor:

Decisão baseada em dados: do achismo à precisão estratégica

Decisões de negócio não podem mais depender apenas da intuição ou da experiência isolada. Dados confiáveis, análises aprofundadas e avaliação de cenários ajudam a compreender contextos, identificar tendências e antecipar consequências, transformando informação em decisão inteligente e estratégica.

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Velocidade de análise: interpretar, não apenas coletar informações

A IA amplia a quantidade de dados disponíveis, mas é o gestor quem precisa compreender a lógica por trás deles. Pensamento analítico e visão sistêmica tornam-se essenciais. Muitos líderes até sabem “ler” um indicador, mas não conseguem enxergar as camadas que explicam aquele resultado, nem como ele se conecta a outras áreas e aos objetivos maiores do negócio.

Comunicação e clareza: líderes que tornam o complexo mais simples

Com mais tecnologia em jogo, cresce a necessidade de uma comunicação objetiva, didática e transparente. Regras claras, critérios explícitos e alinhamento frequente são indispensáveis para construir confiança. O colaborador precisa saber quais são seus desafios, entregas, metas e como será avaliado, sem espaço para interpretações dúbias.

Domínio de ferramentas inteligentes: uma competência essencial

Não se trata de virar especialista técnico, mas de entender como usar ferramentas de IA para aumentar eficiência, simular cenários, apoiar decisões e qualificar diagnósticos. O domínio dessas tecnologias passa a fazer parte do repertório básico de qualquer gestor que deseja manter relevância.

Gestão de riscos e ética: a nova fronteira da liderança

Com a IA ampliando possibilidades, aumenta também a responsabilidade dos líderes sobre uso seguro e ético da tecnologia. Isso inclui analisar riscos, proteger dados, evitar vieses nas decisões automatizadas e garantir que processos sejam transparentes. É um papel estratégico, que exige maturidade, discernimento e responsabilização.

O que continua sendo 100% humano?

“TUDO”! Inclusive o que esquecemos de colocar em prática. Acredito que, hoje, temos muito mais dificuldadeS com nossas habilidades humanas. Empatia, inteligência emocional, mediação de conflitos, capacidade de inspirar, dar direção, discernimento são habilidades que a IA não substituirá. Muito pelo contrário! O uso efetivo da IA depende da nossa humanidade.

Além da curiosidade digital e das ferramentas inteligentes, é de suma importância que o líder dessa nova era desenvolva e/ou fortaleça competências humanas que favoreçam a formação de sucessores, engajamento de times e alinhamento com a estratégia da organização.

As empresas, por sua vez, precisam sustentar uma agenda consistente de capacitação, desenvolvimento e mentoria, além de cultivar uma cultura de experimentação.

É hora de abandonar programas genéricos e abrir espaço para iniciativas verdadeiramente alinhadas aos objetivos estratégicos do negócio. A inteligência artificial não reduz o papel dos gestores, ela o amplia. Mas essa ampliação só acontece quando líderes e organizações evoluem juntos.

Sempre digo em mentorias e em treinamentos que ministro: “A improvisação precisa encontrar o repertório.” Esta frase se encaixa em muitas situações, inclusive no conteúdo deste texto. Deixo a interpretação para você!

Nesta coluna, trarei reflexões sobre carreira, liderança, coaching e tendências que impactam o mundo do trabalho. Sua participação é muito bem-vinda! Comente, envie sua pergunta ou fale comigo pelo Instagram: @delaniasantosds. Aproveite para se inscrever no canal do YouTube: @delaniasantosds. Será um prazer ter você comigo nessa jornada. Até a próxima!

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor. 

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