O Brasil entre 7 e 12 de setembro

Colecionando denúncias por crimes de responsabilidade, envolvido em rachadinhas familiares que compram mansões, implicado em negociatas no âmbito do Ministério da Saúde, Bolsonaro gasta seu tempo exacerbando o fanatismo de que é objeto, aumentando a tensão entre os Poderes e instigando a beligerância ideológica e a polarização excessiva tão prejudicial ao país.

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É improvável que neste 7 de Setembro Bolsonaro consiga efetivar o golpe com que almeja submeter as instituições e estabelecer seu poder personalista, mas não é impossível que consiga provocar tumulto. Um grande estrago já foi feito: o país está radicalizado e poucos são os bolsonaristas dispostos a aceitar a derrota eleitoral –cada vez mais provável– de quem bravateou só vislumbrar para seu futuro três alternativas: "estar preso, ser morto ou a vitória."

Em oposição ao charco bolsonarista, desenha-se a volta do pântano em que o Brasil foi precipitado nos governos petistas. Aliás, com vistas às próximas eleições, o PT, partido com maior experiência em corrupção da história da República, está elaborando um "manual anticorrupção".

Lula, que prometeu regular a internet para que ela "se transforme numa coisa do bem", é o favorito nas pesquisas. A expertise acumulada no exercício do poder, a jurisprudência dos garantistas do colarinho branco e o retrocesso legal no combate à corrupção viabilizado no governo Bolsonaro tornam o projeto hegemônico do PT, que foi barrado com o impeachment de Dilma Rousseff, uma ameaça real.

Aqueles que desejam sair do charco sem cair no pântano precisam atuar pelo impeachment de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, avançar na construção de uma candidatura decente como alternativa aos extremos da direita autoritária e corrupta e da esquerda corrupta e autoritária.

As forças que se articulam nesse sentido terão, no dia 12 de setembro, a oportunidade de se manifestar. Essas forças precisam ser entendidas como a melhor via: a via democrática.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.