Alvinegro estava seguro no jogo até sofrer o gol de empate, e aí acabou se desestruturando. Falta maturidade psicológica e poder de reação para superar adversidades impostas em campo
A derrota do Ceará por 2 a 1 para o Bahia, nesta quinta-feira (17), agravou ainda mais o momento do clube, que já não é bom. Agora, são três jogos seguidos sem vitórias na Série A do Campeonato Brasileiro, com a eliminação na Copa do Brasil para o Fortaleza no meio do caminho. E no reencontro com o tricolor baiano, velhos problemas voltaram a se repetir e acabarem sendo, novamente, determinantes.
Antes de elencar os problemas, é preciso destacar que a arbitragem prejudicou, no lance do pênalti marcado em Jorginho (que não foi falta e que anulou o gol de Gabriel Dias). Mas aqui vamos falar do desempenho do time em campo.
O Ceará fazia um bom jogo no primeiro tempo, saiu na frente com merecimento em um belo gol de Saulo Mineiro e controlava bem a partida, sem ser ameaçado severamente pelo Bahia. Até o momento do pênalti infantil cometido por Gabriel Dias em Luiz Otávio.
Aspecto psicológico
Mais uma vez fica nítido como o aspecto psicológico dos jogadores do Ceará é bastante fragilizado. O time sentiu demais o baque do gol de empate. E assim como foi na final da Copa do Nordeste contra o próprio Bahia, logo após ter sofrido o primeiro gol, teve um "apagão" e sofreu o segundo logo na sequência. Quatro minutos separaram os dois gols marcados por Gilberto, nesta quinta-feira.
Após o jogo, o próprio técnico Guto Ferreira falou sobre esta questão. "Eu acho que tem um pouco de cunho psicológico. A gente quer muito vencer. Saímos na frente, acabamos tomando um pênalti na bola parada. Cada um interpreta de uma maneira. Isso desequilibrou a equipe. O segundo gol veio em seguida", resumiu o treinador.
E este é um problema que não vem de hoje. O Ceará é um time que simplesmente desmorona em campo quando sofre um gol. Vai às cordas rapidamente quando é golpeado e facilita o nocaute do adversário.
Falta poder de reação
E esta questão está diretamente relacionada à falta de poder de reação. O time simplesmente não consegue demonstrar a força necessária para superar as adversidades que são impostas dentro de campo.
E isso ocorreu em todas as competições que o Alvinegro participou na temporada. Na final da Copa do Nordeste, contra o próprio Bahia; no último jogo da fase de grupos da Sul-Americana, contra o fraco Jorge Wilstermann; e também na final do Campeonato Cearense e na Copa do Brasil, contra o Fortaleza.
Em todas as ocasiões o Ceará só dependia dele. Em todas, sofreu um golpe, não soube assimilar bem e acabou se desestruturando. É um filme que se repete.
Pouco repertório
Apesar de ter a bola o segundo tempo inteiro (70% de posse de bola), não conseguiu converter este volume em chances reais de gol. Foram 7 finalizações e nenhuma na direção do gol. Dos chutes, 6 foram pra fora e 1 travado. Matheus Teixeira não realizou nenhuma defesa sequer em finalização na direção de sua meta.
Sou um dos que não coloca o técnico Guto Ferreira como o principal culpado pelo atual momento, mas as mudanças também foram previsíveis. Atacante no lugar de atacante, meia no lugar de meia e seis por meia dúzia. No momento que precisa ousar ou arriscar mais, o treinador não consegue fazer. E aqui é uma parcela da culpa que lhe cabe.
Certo é que o torcedor do Ceará vai ficando a cada jogo mais preocupado. O time não consegue reagir, não consegue demonstrar atuação segura durante 90 minutos para construir os resultados necessários. Mas é preciso dar uma resposta o mais rápido possível.