TDAH, dislexia, discalculia, disgrafia: meu filho tem transtorno específico de aprendizagem?

Saiba como identificar e ajudar a desenvolver crianças e adolescentes. Detectar cedo é essencial para um tratamento adequado

Legenda: Transtornos específicos de aprendizagem podem variar amplamente
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Final de semestre chegando! Em muitas escolas estamos na semana de provas e logo virão as tão desejadas férias escolares. Entretanto, para o desespero de alguns familiares, o rendimento escolar não está nada bem e mesmo colocando em prática algumas intervenções, os filhos continuam com dificuldades. O que pode estar acontecendo? Será que meu filho tem algum transtorno?

Quando falamos em diagnóstico, devemos sempre ter o cuidado em não rotular toda e qualquer dificuldade e enquadrar como transtorno. Como já dito em outros textos, as causas das dificuldades são diversas podendo ser intrínsecas ou extrínsecas. No entanto, a depender do caso, não podemos negligenciar a existência de algum transtorno, detectar cedo é essencial para um tratamento adequado e mais efetivo.

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Os transtornos específicos de aprendizagem podem variar amplamente, desde problemas específicos com leitura e escrita até dificuldades mais gerais com atenção e concentração. É importante que os pais observem atentamente o desenvolvimento acadêmico e comportamental de seus filhos. Preste atenção aos sinais de frustração, ansiedade ou resistência em relação às tarefas escolares, pois esses podem ser indicativos de dificuldades de aprendizagem.

Quais são os principais transtornos de aprendizagem?

Dislexia

É um transtorno neurobiológico que afeta a leitura e a escrita. Crianças com dislexia podem ter problemas para decodificar palavras, compreender textos e escrever de maneira coerente.

· Sinais de alerta: Os primeiros sinais podem ser percebidos ainda na fase pré-escolar, na qual alguns podem demorar para começar a falar e/ou demonstrar dificuldades para combinar sons de sílabas. Já na idade escolar apresentam dificuldades em reconhecer palavras comuns, leitura lenta, problemas com ortografia, e evitam tarefas que envolvem leitura.

· O que fazer: Procure a avaliação de um especialista em aprendizagem. Converse com o profissional e com os professores sobre métodos de ensino multissensoriais, que envolvem o uso dos múltiplos sentidos como audição, tato, visão, de forma que envolva a criança em uma aprendizagem mais completa.

 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): 

É caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade que são inadequados para a idade da criança.

· Sinais de alerta: dificuldade em prestar atenção, cometer erros por descuido, dificuldade em seguir instruções, inquietude constante, e interrupção frequente de conversas ou atividades.

· O que fazer: após o diagnóstico, é necessária uma combinação de estratégias, incluindo intervenção comportamental, estruturação do ambiente de aprendizado, e, em alguns casos, medicação. Profissionais como psicólogos e pedagogos são essenciais para desenvolver um plano de intervenção personalizado.

Discalculia

É uma dificuldade específica de aprendizagem que afeta a habilidade de compreender e trabalhar com números.

· Sinais de alerta: dificuldade em compreender conceitos matemáticos básicos, problemas com operações aritméticas simples, dificuldade em lembrar sequências de números, e ansiedade extrema em relação à matemática.

· O que fazer: abordagens de ensino que utilizam objetos concretos e visuais podem ajudar a tornar os conceitos matemáticos mais acessíveis. A repetição e a prática também são essenciais.

Disgrafia:

Transtorno que afeta especificamente a escrita, causando problemas com a formação de letras, a clareza do texto e a ortografia.

· Sinais de Alerta: letra ilegível, espaçamento inconsistente entre palavras, dificuldades com a ortografia, e evitar escrever.

· O que fazer: intervenções podem incluir exercícios de motricidade fina, uso de tecnologias assistivas, como computadores ou tablets para escrita, e apoio adicional em sala de aula.

Apoiar é fundamental 

Independente das dificuldades que seu filho apresente, é importante ficar atento ao apoio emocional que deve ser ofertado, muitos enfrentam desafios como baixa autoestima e frustração. Ofereça um ambiente de apoio e compreensão em casa, celebrando os pequenos progressos.

É importante também buscar alguma atividade ou esporte em que os pequenos se sintam capazes e realizados fazendo. E não esqueçam de explicar de maneira adequada ao nível de desenvolvimento da criança, sobre suas dificuldades de aprendizagem. É comum que crianças com dificuldades de aprendizagem pensarem que são mais “burras” do que as outras. Então, os familiares devem ajudar a desconstruir esses tipos de crenças.

Manter uma postura paciente, buscar ajuda se necessário e realmente se envolver, trabalhando em conjunto com outros profissionais que cercam a criança é a melhor estrutura possível para o aprendizado saudável dos pequenos.